Afetados pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), partidos que defenderam a manutenção da petista no cargo, sobretudo o próprio PT, foram os que mais perderam representantes nas Câmaras do Grande ABC, em comparação com os desempenhos de cada um na eleição de 2012.

Além do petismo, que reduziu sua bancada vermelha de 29 para 16 vereadores na região, o PDT e o PCdoB também lideram a lista dos prejudicados. No domingo, pedetistas conseguiram eleger apenas quatro parlamentares, ante dez na eleição de quatro anos atrás – um em São Bernardo (Ramon Ramos), dois em Mauá (Cincinato Freire e Fernando Rubinelli) e Silvio Meneses em Rio Grande da Serra. Já os comunistas reduziram sua representatividade de três para um parlamentar (Gordo da Adega, em São Bernardo).

Na contramão da derrocada das legendas consideradas de esquerda, siglas mais alinhadas à direita, como PSDB, e conservadoras, como o PRB, foram as que mais triunfaram neste pleito. Intimamente ligado à Igreja Universal, o PRB conseguiu mais que dobrar seus representantes nos Legislativos da região. Elegeram dez vereadores no domingo, frente a quatro da eleição passada - alta de 150%.

A bancada tucana também ficará maior a partir de 2017: de nove parlamentares eleitos em 2012, o PSDB terá 22 na próxima legislatura.

Professora da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga salientou que esse quadro representa “guinada a centro-direita” do eleitorado da região. Ela atribui esse quadro ao cenário nacional de crise política. “No caso do PT, era previsível pelo fato de ser o principal alvo da Operação Lava Jato e de prisões de petistas na semana da eleição, o que facilitou no bom desempenho do PSDB”, avaliou. Maria do Socorro também atribui a ascensão do PRB à “onda conservadora que prospera no País”. “Alteração na região do ‘cinturão vermelho’ também pode significar mudanças de políticas públicas e de prioridades dos governantes.”