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Áreas de divisa sofrem com falta de manutenção
Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
01/05/2016 | 07:00
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Denis Maciel


Abandono. Palavra que define a situação das principais áreas de divisa de Santo André com as demais cidades do Grande ABC, como São Bernardo, São Caetano e Mauá, e também com a Capital. Submetidos ao eterno jogo de empurra entre as administrações, moradores dessas regiões acabam ficando sem acesso aos serviços básicos e expostos a problemas dos mais diversos tipos, entre eles insegurança, ruas esburacadas, acúmulo de lixo e entulho, além das temidas enchentes.

Na divisa com Mauá está a Avenida Manoel da Nóbrega, nas proximidades da Estação Capuava da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Por lá, via esburacada e calçadas tomadas por mato e lixo são comuns para os pedestres. Por ser área basicamente industrial, o bairro que margeia o Córrego Itrapoã observa a insegurança tomar conta do local após as 19h, comenta o comerciante Cleiton Ferreira, 32 anos. “A iluminação por aqui é bem ruim, então virou rotina o pessoal ser assaltado nos pontos de ônibus, principalmente à noite, quando fica deserto. Antes o movimento era maior, mas após a construção do viaduto (que transpõe a Avenida dos Estados e a linha férrea, inaugurado em 2012), ficou assim”, ressalta, apontando para a rua vazia.

Já na Vila Sá, divisa com a Capital, o Córrego do Oratório executa papel de vilão a cada temporal. Devido ao excesso de lixo e entulho acumulado, moradores de ruas como Taubaté, Planaltina e Rancharia são obrigados a conviver com enchentes. A última aconteceu no dia 24 de fevereiro, quando o rio transbordou e invadiu casas e comércios, provocando a queda de muro. “A gente pede para limpar o rio, mas a Prefeitura de Santo André joga para São Paulo e ninguém resolve nada. Enquanto isso, a população é quem sofre e perde tudo a cada alagamento”, critica a auxiliar de serviços gerais Vera Lucia Cordeiro da Silva, 53.

A situação é alarmante na divisa com São Bernardo, na Avenida Lauro Gomes, bairro Sacadura Cabral. Moradores do local sofrem por ter de conviver com montanhas de entulho e lixo descartados irregularmente. O abandono da área atraiu moradores de rua, que instalaram barracos de madeira e realizam constantes queimas de objetos e materiais. Outra reclamação dos vizinhos é a insegurança, tendo em vista os constantes assaltos. “As crianças não podem brincar na rua por causa da sujeira e também porque temos medo”, revela a dona de casa Maria Goreti Silva, 58.

Ainda no bairro Sacadura Cabral, outro símbolo do descaso por parte da administração pública é a presença de antiga base da PM (Polícia Militar) abandonada. O espaço foi cedido ao município por parte do governo do Estado e a promessa é que dê lugar a um Cras (Centro de Referência em Assistência Social), no entanto, na prática, o prédio abandonado, com vidros e portas quebradas e paredes pichadas, serve de abrigo para usuários de drogas, conforme os moradores. Até o fim do ano passado, a Prefeitura mantinha equipe da GCM (Guarda Civil Municipal) no local, o que não ocorre nos dias de hoje.

Na divisa com São Caetano, no encontro das avenidas Gago Coutinho e Carlos Gomes, na Vila Palmares, além da insegurança, uma das reclamações é a presença de usuários de entorpecentes em área verde localizada ao lado da Creche João 23. “A criançada mal pode aproveitar o parquinho aqui, porque temos receio de deixar eles brincarem enquanto essas pessoas ficam usando drogas. É perigoso até ser atropelado, porque o pessoal não respeita”, destaca o metalúrgico Pedro Lopes Mauro, 53.

Em outra área de divisa com São Caetano, na Avenida Industrial e adjacências, no bairro Campestre, o problema é o mesmo: insegurança. “É um bairro basicamente de fábricas. À noite as ruas são mal iluminadas e desertas. Evitamos passar por aqui, porque muita gente já foi assaltada. As únicas pessoas que frequentam são os travestis e seus clientes”, destaca a vendedora Marilene Soares, 42, que trabalha na região há cerca de dez anos.

Prefeitura diz que reparo na iluminação é realizado em todas as partes da cidade

A Prefeitura de Santo André informou, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos, que os serviços de iluminação são feitos nas divisas de município como em qualquer outra área da cidade. A administração dispõe de sistema de gestão de serviços de iluminação pública, onde é possível controlar todos os chamados e atendimentos feitos. Solicitações de manutenção podem ser realizadas pelo telefone 0800 774 2100, que funciona 24 horas e sete dias por semana.

A Pasta destacou ainda que em razão de toda a região ser atendida por uma única concessionária de distribuição de energia elétrica (AES Eletropaulo), seus serviços não precisam respeitar rigidamente as divisas de municípios, já que, por conta da configuração dos circuitos, um ponto de iluminação situado em Santo André pode ser alimentado por circuito cuja energia elétrica é paga por outro município e vice versa. “Tais distorções são casos isolados que não geram preocupação, mas sempre que nos deparamos com eles, são corrigidos”, informou, em nota.

Em relação ao trânsito, foi informado que a cidade sofre um pouco com a manutenção, entretanto, as áreas de divisa estão bem sinalizadas, conforme a Pasta. Outros problemas, como enchentes, buracos e insegurança, não foram comentados pela Prefeitura.

Projeto de videomonitoramento aguarda verba para sair do papel

O projeto de videomonitoramento inteligente das divisas das sete cidades, elaborado pelo GT (Grupo de Trabalho) de Segurança do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, aguarda, desde 2013, verba para ser concretizado. O projeto, que tem a meta de integrar os sistemas de engenharia de tráfego das cidades da região, custaria R$ 25 milhões.

A ação prevê instalar 115 portais de monitoramento de divisas, com 600 câmeras espalhadas pelos municípios, monitorando 80% dos veículos que entram e saem da região.

As imagens geradas através dessas câmeras seriam repassadas a uma central de monitoramento, que ficaria instalada no Centro de Formação de GCMs (Guardas-Civis Municipais) de São Bernardo, e também seria disponibilizadas para as corporações das outras cidades.

Por meio de nota, o Consórcio informou que o projeto Portais Eletrônicos já foi aprovado pelos prefeitos das sete cidades e aguarda aprovação de verbas dos governos estadual e federal. O assunto esteve na pauta da reunião do GT Segurança Pública em abril, quando foi reiterada a necessidade de aportes dos governos para a viabilização do projeto. 




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