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Testemunha da CPI do ráfico vai pedir asilo aos EUA
Por Do Diário do Grande ABC
24/05/1999 | 11:32
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A principal testemunha da CPI do Narcotráfico, o administrador de empresas Guilherme Duque Estrada, vai pedir esta semana asilo político ao governo dos Estados Unidos. Guilherme disse que vários de seus parentes no Rio de Janeiro e em Rio Branco foram ameaçados de morte depois que prestou depoimento à CPI, na semana passada, acusando o ex-governador do Acre, Orleir Cameli, e o deputado Hildebrando Pascoal (PFL-AC) de estarem ligados ao narcotráfico.

"Nao tenho condiçoes de viver mais neste país", disse Guilherme, "com estas pessoas me ameaçando". Aos 39 anos, Guilherme está há quatro anos vivendo no anonimato. Ele constituiu nova família e mora em uma cidade que prefere nao dizer o nome, para evitar novo atentado. Guilherme, que se diz descendente do compositor Joaquim Osório Duque Estrada, que ajudou a compor o Hino Nacional, guarda no rosto as marcas de tiros que levou em um dos quatro atentados, que ele diz ter sido fruto dos grupos de extermínio do Acre.

Guilherme afirmou que seus parentes estao recebendo ameaças. Uma de suas filhas, que mora no Rio, disse Guilherme, recebeu telefonema de uma pessoa dizendo a ela que ficaria "órfa de pai". Guilherme telefonou para sua ex-esposa no Acre e esta disse que o responsabilizaria por quaisquer coisas que aconteçam com a filha do casal. "Minha ex-mulher está sendo pressionada no Estado", disse.

Nem com a proteçao de seis policiais federais que o acompanham desde a semana passada, depois que prestou depoimento à CPI do Narcotráfico, Guilherme se sente totalmente seguro no Brasil. Os policiais que o protegem andam todos de coletes à prova de bala e com armas de grosso calibre. "O governo brasileiro nao vai me proteger a vida toda", disse. "O ideal é que todos os culpados sejam processados e presos".

A partir dos depoimentos de Guilherme e do procurador da República, Luiz Francisco de Souza, o Ministério da Justiça decidiu na semana passada enviar 15 agentes e dois delegados ao Acre, para apurar a existência de uma rede de empresários e políticos ligados ao narcotráfico.

Ao mesmo tempo que prega a prisao das pessoas envolvidas com os grupos de extermínio e com o narcotráfico no Acre, Guilherme afirma que tem pouca esperança em iniciativas que dependam do Ministério Público. Na última Quinta-feira, o procurador Luiz Francisco se disse indignado com a falta de iniciativa do procurrador-Geral da República, Geraldo Brindeiro, em nao processar Orleir e Hildebrando. Guilherme disse que o procurador, dos nove inquéritos que recebeu do Ministério Público estadual, só apresentou duas denúncias. "O Brindeiro poderia ter denunciado os envolvidos há vários anos".

Guilherme disse que pretende morar nos Estados Unidos. O administrador disse que só pretende voltar ao Brasil quando todas as pessoas envolvidas com o crime organizado no Acre estiverem presas. Ele afirmou que fica triste ao saber que está deixando o país por nao se sentir seguro em denunciar pessoas envolvidas em crimes. "É o sentimento da impunidade", disse, "de um país que nao protege seus cidadaos".




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