Economia Titulo Crianças
Educação financeira na infância é fundamental

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
12/10/2015 | 07:03
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Celso Luiz/DGABC:


Diante de um cenário de desaceleração econômica, com a população endividada e desemprego crescente, falar sobre finanças fica cada vez mais complicado, ainda mais se o assunto for voltado para as crianças.

No entanto, de acordo com especialistas, ter consciência de como lidar com o dinheiro é fundamental para os pequenos, o que pode resultar em vida financeira saudável futuramente.

Como em todos os anos, no período que antecede o Dia das Crianças, comemorado hoje, as ações publicitárias para impulsionar a venda de brinquedos se intensificam, incentivando esse público a ter comportamento consumista, o que pode ser um problema.

Para o consultor do site de Educação Financeira do Mercantil do Brasil, Carlos Eduardo Costa, a data simbólica pode ser uma oportunidade para os pais ensinarem algumas lições, que poderão servir para vida toda.

“Os pais podem aproveitar o Dia das Crianças e iniciar a demonstração do valor e a função do dinheiro. Ao integrar os ensinamentos aos hábitos, eles conseguirão formar adultos mais conscientes e sustentáveis financeiramente”, explica Costa, que destaca a fase de zero a 8 anos como o momento em que as crianças têm mais facilidade de aprender.

COFRINHO - A comerciante Vera Lúcia de Lima, de 46 anos, que mora em Santo André e é tia de Vitor Hugo de Lima, 8, percebeu a diferença depois que o sobrinho começou a ter educação financeira. “Ele é muito consciente, e entende quando não temos dinheiro na hora ou o suficiente. Como é ensinado a poupar, muitas vezes ele até oferece o dinheiro dele como empréstimo”, afirma ela.

A família de Vitor costuma dar cerca de R$ 100 a R$ 150 para o garoto, que coloca tudo dentro do cofrinho. “Quando ele quer comprar algo, ele pergunta se pode. Mas ele sempre tem uma quantia guardada. Uma vez conseguiu juntar R$ 400, e agora está poupando para nossa viagem em janeiro”, conta a tia.

De acordo com uma pesquisa feita pela Boa Vista SCPC, 88% dos brasileiros acham que os pequenos devem ser educados quanto à administração do dinheiro. Esse número é 15,7% maior do que no ano passado, quando a mesma pesquisa divulgava 76%.

O economista da Boa Vista SCPC Flávio Calife percebe que dois fatores podem influenciar nesse aumento. “Os pais já estão mais educados financeiramente. A maior parte já passou pelo processo de crescimento de crédito, aumento de inadimplência e está com uma preocupação maior. A crise também influencia, já que a diminuição de renda, inflação e aumento de juros atinge diretamente o orçamento familiar, e também os filhos.”

Entretanto, Calife destaca que o mais importante não é que as crianças aprendam a economizar, e sim a dar valor ao dinheiro e como vai conseguir esse recurso. “Devem aprender a guardar primeiro, para depois gastar.”

FUTURO - Outro benefício de se trabalhar a consciência econômica dos pequenos é que esses ensinamentos servirão para o futuro, e poderão ser de grande ajuda na fase adulta. O estudante Raul Machado, 19, de Santo André, hoje percebe esse efeito. “Quando criança, meus pais costumavam dar dinheiro esporadicamente, então sabíamos que deveríamos usar com cuidado e não por impulso”, afirma ele.

Machado também conta que, quando era mais novo, os pais usavam exemplos lúdicos para que ele e os irmãos pudessem ter noção do valor do dinheiro. “Minha irmã, por exemplo, gostava de bonecas, mas sabíamos que elas eram caras, e não podiam ser compradas sempre. Quando queríamos saber quanto realmente valia algum objeto, meu pai usava o exemplo das bonecas”, conta ele, lembrando que a conta era: quantas bonecas eram necessárias para comprar alguma coisa.

O estudante mostra que aprendeu a lição e revela que tem uma poupança de uma época que trabalhou e juntou o dinheiro. “Há dois anos estou só estudando, mas ainda tenho dinheiro guardado, e inclusive empresto às vezes para os meus pais.”

SONHOS - A estipulação de metas e objetivos também pode ser trabalhada com a educação financeira. “Estimular que as crianças identifiquem seus sonhos de curto, médio e longo prazo e identifiquem quanto custam, junto com os pais, é um meio de ensinar a poupar”, afirma o educador financeiro e autor do livro “Mesada não é só dinheiro”, Reinaldo Domingos.

Ele também ressalta que a família deve ser o exemplo para o filho. “Se a criança vê os pais comprando sem parar, tende a seguir o exemplo”, afirma.  




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