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Terça-Feira, 23 de Abril de 2024

Fatos, opiniões e a sorte da democracia
Do Diário do Grande ABC
08/10/2020 | 23:59
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Comecemos com uma afirmação: ‘Verdade é aquilo que não podemos modificar’. Por exemplo: se você está lendo estas linhas é porque você é capaz de enxergar e sabe ler. Por conclusão, está vivo. Nada disso pode ser negado. A verdade é assim. No entanto, já não é possível saber qual interpretação você fará do que pretendo dizer neste texto. E, menos ainda, qual opinião você terá a meu respeito ou em relação ao que eu penso sobre o que exporei. A democracia é assim.

Na política, a verdade resume-se aos fatos. A mentira é a negação dos fatos. Isso é um absoluto. Fora desse campo, tudo é ponderável, como são as relações humanas. O que pensamos a respeito de algo; como nos posicionamos, como interpretamos um gesto ou um discurso de uma autoridade, tudo é possível e será mais legítimo quanto menos interessado for.

O campo da política é aquele no qual as pessoas agem por meio de seus discursos e posições assumidas. Esses discursos e opiniões não têm o valor de verdade e, por isso, podem mudar. A pluralidade é a marca da vida política. A única maneira de evitar isso é destruindo a pluralidade, o que os regimes autoritários tentam fazer por meio da censura e repressão aos intelectuais. Além disso, buscam impor uma única versão dos fatos, cujo objetivo é fazer da versão escolhida por eles o próprio fato, o fato em si.

Quando há democracia, um fato é recortado e interpretado de várias maneiras – e é assim que somos e são as coisas. Não há versão mentirosa, exceto a que nega o fato. Como cidadãos, temos o direito de interpretar e opinar sobre os fatos da maneira que sabemos fazer, podemos fazer e quisermos fazer. Cabe aos outros aceitar, concordando, ou negar (no todo ou em parte) e argumentar, buscando modificar nossa forma de ver as coisas.

Esse embate é o que marca a vida democrática e a ideia de unanimidade – exceto em grupos reduzidos – é pouco provável.

O pior dos mundos, o mais extremo, é quando os fatos são destruídos e as ideias de verdade e de mentira não podem mais ser detectadas: houve Holocausto? Houve ditadura militar no Brasil? Sim, sim. São fatos. Agora, como interpreto e como me posiciono diante desses fatos, e faço isso diante dos outros, no mundo público, é um direito e uma responsabilidade que me cabem. Mas quando não sei mais se os fatos ocorreram ou não, todo o resto míngua e a própria ideia de espaço público perde o sentido. A política perde o sentido e eu me alieno do mundo, das questões coletivas. ‘Vou cuidar da minha vida, e pronto.’

É aí que tudo fica mais fácil para os ditadores de plantão.

Daniel Medeiros é doutor em educação histórica e professor de história no Curso Positivo.


PALAVRA DO LEITOR

No Brasil
No Brasil é fácil enriquecer ilicitamente. É só dizer que é de direita, anticorrupção, usar a religião e fake news, Impressionante como aparecem colaboradores e defensores. Para fugir dessa lavagem cerebral continuo esquerdista.
Ismar Liberatti
Ribeirão Pires

Em família
Reafirmo que, felizmente, minha família está saudável. Todos estão trabalhando de casa. Vejo pelas notícias alguns casais separando-se nesta situação. Talvez a questão já estivesse insustentável. O que tenho a enaltecer é que, com minha mulher, filhos e pais mantendo os protocolos sanitários, continuaremos a interagir. Em minha casa, após seis meses, parece-me interessante a integração da família, seja em conversas fúteis em almoço ou jantar, com todos os protocolos, principalmente não presencial. Entrego os pãezinhos para meu pai, e fico com meus filhos discutindo histórias e ‘bobeiras’. Em síntese, neste momento muitas famílias devem ser fortalecidas, principalmente pela ‘figura da mulher’. Quero enaltecer, com a pandemia, a família, que deve ser fortalecida e não desacelerada.
Caio Augusto de Carvalho
São Bernardo

Kassio Marques?
Hoje temos um STF (Supremo Tribunal Federal) medíocre, com alguns integrantes tomando certas decisões mais servindo a seus partidos de preferência ou a chefes anteriores. Só para citar alguns nomes: Lewandowski, Gilmar Mendes e Toffoli. Bolsonaro terá a chance de indicar pelo menos dois ministros ao STF. O que se espera é que, para cargo tão importante e longevo como este, seja alguém com passado respeitável, notável saber jurídico, reputação ilibada e, de preferência, juiz de carreira, critérios estes não utilizados pelos governos anteriores, razão pela qual temos STF muito distante dos interesses do País. Começou muito mal com a primeira indicação. Está vindo à tona que mais um indicado a cargo tão importante e longevo tem currículo manchado. Curso de pós-graduação não se faz em quatro dias, conforme levantado. E se não tem curso de pós-graduação, como pode ter de doutorado? Tem também alguns nomes muito suspeitos apoiando Kassio para o STF. Ainda há tempo para corrigir decisão tão relevante e que afeta os destinos do País.
Mauri Fontes
Santo André

CNBB e o papa
É impressionante a falta de cristandade que impera em boa parte do clero brasileiro e até do pseudopapa Francisco! No Brasil, durante os governos de 1985 a 2018, esquerdistas e comunistas, foi praticado o maior assalto do mundo contra o Brasil, enormes desrespeitos a humanos, famílias, bons costumes, às religiões, a Jesus Cristo, à Virgem Maria e à Pátria, sem nunca termos registrados sequer uma advertência de repúdio feita pelo papa, pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) nem grande parte dos padres. Por que será? Certamente estavam contentes com a corrupção que dizimava muitas famílias pela falta de serviços públicos essenciais. E é muito curioso agora isso não agradar boa parte do clero, que nada têm declarado, nem do caos que virou a Argentina do papa, ‘esquerdisada’ e rumo ao comunismo.
Benone Augusto de Paiva
Capital

Lava Jato
Mais uma vez Bolsonaro choca o País! Sem se ruborizar, diz: ‘Acabei com a Lava Jato’! Na sua míope visão, diz que ‘não tem mais corrupção no governo’! Na realidade, é prova cabal do diabo que fez para ter Sergio Moro fora de seu governo, já que estava muito preocupado com as investigações da Polícia Federal sobre supostos crimes das ‘rachadinhas’ pelo seu filho Flavio e o envolvimento de outros familiares e de Fabricio Queiroz. Poderá custar caro à sua popularidade esse arroto de demagogia. Sua afirmação afronta a população brasileira, que desde 2014 passou a ter orgulho da Lava Jato pelo implacável combate à corrupção no País. Fica a triste constatação, infelizmente, de que Bolsonaro se serve do poder, e não serve à Nação.
Paulo Panossian
São Carlos (SP) 




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