Política Titulo Câmara de S.Bernardo
DEM e PSD pressionam por auditoria na obra da Câmara

Bancadas de S.Bernardo cobram pente-fino após saber que intervenção não teve fiscalização durante sete meses

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
07/04/2014 | 07:42
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Montagem/DGABC


As bancadas de DEM e PSD na Câmara de São Bernardo voltaram à carga pela auditoria na obra do prédio legislativo depois de o Diário revelar que a construção só foi fiscalizada sete meses após o início dos trabalhos da Construtora Cronacon. Os blocos de vereadores conseguiram aprovar no ano passado requerimento para avaliação do contrato, mas até agora a solicitação não foi atendida.

Para garantir o acompanhamento das atividades da Cronacon, o Legislativo optou por firmar termo de cooperação técnica com a Prefeitura e fazer uso de contrato vigente entre o governo do prefeito Luiz Marinho (PT) e o Consórcio Enger/Hagaplan/Planservi. Pagou R$ 1 milhão pelo serviço que foi efetivamente admitido em junho de 2012, a despeito de a empreiteira começar as ações em outubro de 2011.

“Isso só reforça a tese da auditoria. Faz dois anos (de inauguração do prédio) e a auditoria não pode cair no esquecimento. Uma obra que tinha previsão de R$ 28 milhões e terminar em R$ 34 milhões precisa ser fiscalizada de perto”, declarou Rafael Demarchi (PSD). “Contratar uma empresa para fiscalizar a obra depois de tanto tempo não permite que a gente saiba o quanto foi gasto realmente”, ponderou.

Outro vereador que defende a contratação imediata de auditoria externa é Mauro Miaguti, presidente do DEM de São Bernardo. “No meio empresarial, é comum dirigentes contratarem auditoria para avaliar trabalho em determinado período. Resguarda o empresário, o mercado encara como algo positivo. Acho que poderia ser implementado no poder público”, discorreu.

Ambos utilizaram o discurso do idealizador da obra, o ex-presidente da Casa Hiroyuki Minami (PSDB), para pressionar o atual comandante do Legislativo, Tião Mateus (PT), a acatar requerimento aprovado pela Câmara em abril do ano passado. Para se defender de críticas e da investigação em curso do Ministério Público, o tucano argumentou não ver problemas em vasculharem o acordo com a empreiteira, “porque tudo foi feito dentro da legalidade”. “Se ele é a favor, não vejo mais motivos para não contratar a auditoria”, afirmou Miaguti.

O petista tem justificado no preço a não admissão de empresa especializada para avaliar o contrato com a Cronacon. Após aprovação da solicitação de auditoria, Tião fez cotação com quatro prestadoras do serviço, mas considerou caros os valores orçados. A proposta mais barata foi de R$ 150 mil, quantia rejeitada pelo chefe da Câmara.

Desde o início do ano, as bancadas de DEM e PSD tentam aprovar novo requerimento e pressionar ainda mais a presidência da Casa a admitir a fiscalização externa. Por pelo menos quatro vezes o documento não recebeu assinaturas suficientes para ir para votação.

Presidente do PSD de São Bernardo, Fábio Landi já sugeriu que Tião utilizasse parte da sobra de receita para pagar pelo pente-fino no acordo com a Cronacon. No ano passado, o petista devolveu R$ 8,5 milhões à Prefeitura em recursos não aproveitados pelo Legislativo. A proposta também foi deixada de lado pelo comandante da Casa.

Enquanto a auditoria na Câmara não é contratada, está em trâmite investigação no MP. Denúncia feita pelo primeiro suplente do PSDB na cidade, Júnior Moreira, motivou abertura de inquérito, conduzido pelo promotor Marcelo Sciorilli.




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