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Mas a festa continua

Fernando Collor perdeu a Presidência da República após uma série de escândalos, mas vai bem, obrigado: é senador, fez as pazes com velhos inimigos

Por Carlos Brickmann
29/04/2012 | 00:00
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Fernando Collor perdeu a Presidência da República após uma série de escândalos, mas vai bem, obrigado: é senador, fez as pazes com velhos inimigos como os ex-presidentes José Sarney e Lula, reatou antiga amizade, que por um período andou esquecida, com o senador Renan Calheiros. E hoje é um dos que mandam na CPI sobre o Escândalo Cachoeira. "Buscarei, com a cooperação dos meus pares, que a agenda desta CPI não seja pautada pelos meios de comunicação e alguns de seus rabiscadores". Ele sabe que caiu por ser vigiado pela imprensa.

O dono da Delta, Fernando Cavendish, deixou oficialmente o comando da empresa. Pois é. E deve estar tristíssimo porque sua empreiteira andou perdendo algumas obras aqui e ali. Fome não vai passar: já tem ofertas de R$ 1 bilhão para vender a empresa à qual dedicou seu trabalho, sua vida e seus múltiplos talentos.

O senador goiano Demóstenes Torres, ex-DEM, politicamente ferido pelas denúncias, luta para salvar o mandato. Quer entrar no PMDB, partido grande, com a maior bancada do Senado, para que caciques como Sarney, Renan e Jucá o ajudem a continuar na Casa. Pode dar certo: ninguém irá barrá-lo por motivos éticos; o PMDB, com bancada aumentada, vê sua cotação subir; e Demóstenes passa a integrar a base do Governo, aliado aos petistas que hoje gostariam muito de vê-lo com uma maçã na boca. Tratamento do PT a aliado é outra coisa.

Impossível? Claro que não. Aliás, o nome completo do senador é Demóstenes Lázaro Xavier Torres.

Se Collor ressuscitou, por que Lázaro não ressuscitaria?

Quem te viu, quem te vê

Não pense que o senador Demóstenes Torres, feroz defensor da moralidade dos outros, é pior dos que tantos de seus colegas. Lembra do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, do PDT fluminense, que caiu por denúncias de irregularidades? Não se preocupe com ele: continua recebendo algum dos cofres públicos, que ninguém vive de brisa. Não é nenhuma esmolinha: R$ 6 mil no Conselho de Administração do BNDES, segundo informa o respeitado Transparência Brasil.

Estrada alongada

Que é que acontece quando uma empresa é apanhada em flagrante? Simples: diz que não sabia de nada e demite o funcionário que, no afã de ser útil aos chefes e acionistas, acabou cometendo malfeitos. O funcionário sofre a ação da Justiça; a empresa, não (e, pelo que dizem, certas empresas são tão boazinhas que, mesmo tendo sido bigodeadas pelo funcionário, pagam sua defesa e mantêm intactos seus salários, para que a família não sofra as consequências do erro do pai ou esposo). Errado? Claro: se o ato ilícito foi cometido por um representante da empresa, nada mais justo do que processá-la por isso.

Está no Congresso desde 2010 o projeto de lei 6.826, que responsabiliza empresas, civil e administrativamente, por atos contra a administração pública. E quando será votado este projeto? O caro leitor é insaciável: vive querendo respostas quando não há respostas.

Acredite se quiser

O caro leitor sabia que enriquecimento ilícito não é crime? Pois é: só agora, no trabalho de reforma do Código Penal, foi aprovada a inclusão de projeto que criminaliza o enriquecimento ilícito.

Antes tarde, né? E bem tarde.

Falta de respeito

Um advogado de Taubaté, SP, foi humilhado publicamente: detido sob a acusação de tráfico de drogas e porte ilegal de armas, foi enviado ao Fórum Criminal, para defender um cliente, de camburão, vestindo uniforme de presidiário e algemado. A juíza encarregada do caso suspendeu a audiência. De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, um advogado preso não pode ser liberado para defender um cliente. A investigação apura se o erro foi casual ou deliberado.

Brasil em Portugal

E Portugal no Brasil: a excelente biografia do poeta português Fernando Pessoa feita pelo brasileiro José Paulo Cavalcanti Filho foi lançada esta semana em Lisboa, com grande sucesso. Fernando Pessoa, uma quase autobiografia, é o Livro do Ano da Academia Brasileira de Letras e mereceu o Prêmio Brasília de Literatura. E traz o que parecia impossível: mais luz sobre a figura de Pessoa.

Battisti, por ele mesmo

Cesare Battisti lançou nesta semana seu livro Ao pé do muro, com parte daquilo que chama de "memórias de perseguido político". Battisti, condenado na Itália por quatro homicídios, conseguiu asilo no Brasil. Em Ao pé do muro, relata sua vida no Brasil, como clandestino, de 2004 a 2007, quando foi preso, e o ano que passou na custódia da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

Luta anti-homofobia

O Movimento Conservador de Israel decidiu aprovar a formação de rabinos homossexuais. Nos EUA, o judaísmo conservador já havia aprovado o acesso ao rabinato por homossexuais, homens ou mulheres.

"Vejo isso como um avanço muito importante da lei judaica. Foi a coisa certa a fazer. Somos todos feitos à imagem de Deus e, portanto, somos todos iguais", disse o rabino Mauricio Balter, presidente da Assembleia Rabínica do Movimento Conservador. Os conservadores são uma das principais correntes do judaísmo.




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