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Médico é acusado de abuso sexual
Por Paula Nunes
Do Diário do Grande ABC
18/09/2006 | 23:03
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Ainda visivelmente abalada, a servidora municipal de São Bernardo Alba Valéria da Silva, 43, relata o abuso sexual que sofreu durante um exame clínico para tratar de sua hérnia de disco em uma clínica particular da cidade na quinta-feira passada. O médico que a atendeu, cujo nome completo foi omitido pelo proprietário da clínica De La Via, José Antonio De La Via, manipulou sua genitália e tentou estuprá-la enquanto fingia fazer os procedimentos referentes ao exame. Quando Alba disse ter percebido o que estava acontecendo, entrou em estado de choque. Mesmo assim, o médico ainda tentou beijá-la e a convidou para sair, pois tinha “gostado muito dela”.

A funcionária pública sofre de hérnia de disco e já passou até por uma cirurgia para amenizar a enfermidade. “Quando voltou a doer fiquei triste por ter de passar por tudo de novo”, conta. Para facilitar o tratamento, foi indicado que Alba fizesse um exame chamado eletroneuromiografia dos membros inferiores. Trata-se de um procedimento clínico em que o paciente recebe choques elétricos para identificar lesões nos nervos.

O médico que a atendeu na clínica apresentou-se como Yuri e, segundo Alba, possuía sotaque hispânico. “Ele disse que era de Cuba”, observa. Primeiro, colocou uma tornozeleira na perna esquerda de Alba e levantou sua saia até a altura da barriga. Começaram os choques. Segundo ela, ele então colocou sua calcinha de lado e introduziu os dedos em sua vagina. Como uma amiga havia dito à Alba que o exame era desagradável, ela acreditou ser normal seu incômodo. “Então, ele se aproximou bem de mim e me apalpou”, descreve. Envergonhada, Alba virou o rosto para a parede.

O médico então pediu que ela sentasse em seu colo com as pernas abertas e pressionasse sua região púbica. “Disse que não poderia fazer esse movimento porque doía”, relata. Então, o profissional a levantou e a mandou ficar de costas, apoiada na maca e na ponta dos pés. “Ainda achava que ele estava apenas tentando colocar minha coluna no lugar”, diz. Foi então que a funcionária pública sentiu o pênis do médico entre as suas nádegas. “Foi só aí que minha ficha caiu. Ele fazia as coisas com muito jeito, o que me leva a crer que já fez isso outras vezes”, diz.

Ela afirma que o médico ainda tentou beijá-la e, não conseguindo, pediu para marcar um encontro. “Só queria voltar para o trabalho, fiquei atordoada. Antes de sair, ele ainda sugeriu que eu não operasse da hérnia e que eu procurasse um ginecologista, pois estava com a bexiga baixa”, afirma.

De lá, Alba seguiu para a Delegacia da Mulher e registrou boletim de ocorrência. No dia seguinte foi submetida a exame de corpo de delito e o laudo fica pronto em três semanas. Aguarda ainda uma vaga entre os grupos terapêuticos para iniciar acompanhamento psicológico.

De acordo com o delegado titular José Nemi Júnior, Alba precisa voltar na delegacia para fazer uma manifestação escrita pedindo a abertura de um inquérito criminal contra o autor do assédio. Já a clínica pode responder civilmente, em uma ação separada, caso a servidora queira processar o estabelecimento por danos morais. Essa não é a intenção de Alba. “No momento só quero que o médico responda pelo que me fez, para nunca mais fazer com mulher nenhuma”, assegura.

O médico José Antônio De La Via ficou surpreso quando a reportagem contou o caso ocorrido em sua clínica. Afirmou que o médico não é seu funcionário e sim um profissional terceirizado. Logo após, Alba disse que De La Via entrou em contato com ela e pediu para que não sustentasse a história aos jornais que isso o prejudicaria. Assegurou ainda que iria afastar imediatamente o médico de seu quadro de colaboradores. Mas, novamente, negou-se a identificar o médico autor da agressão e a informar seu registro no Conselho Regional de Medicina.



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