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Petrobras não escapa do aumento, diz ‘consultor’ de Chávez
09/05/2006 | 00:00
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A Petrobras deve absorver no custo do transporte os US$ 2 de reajuste no preço do gás proposto pelo governo boliviano, para que não haja repasse para o consumidor. Mas não deve escapar do aumento, na opinião do ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Darc Costa, espécie de consultor informal do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

“A Petrobras vai pagar um preço melhor do que o que está pagando”, diz Costa, que não vê contradição entre as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que admite a possibilidade de reajuste negociado, e da direção executiva da estatal, que não aceita o aumento. Para ele, o discurso da Petrobras é “o que tem de ser feito” para prestar contas aos acionistas, especialmente os estrangeiros, detentores, em Nova York, de metade dos títulos da empresa negociados em bolsa. “Se não, correm o risco de serem acusados de gestão temerária.”

Darc diz que a Petrobras paga US$ 3,23 por milhão do BTU pelo gás retirado da Bolívia e cobra mais US$ 5 pelo transporte para o Brasil. “Há uma margem de ganho muito grande no transporte. O erro foi a empresa não ter feito seguro de risco político, porque essas mudanças não foram às escondidas. Todo mundo sabia que isso ia acontecer.”

Segundo ele, a “aliança clara” entre Venezuela, Brasil e Argentina está deixando “os americanos e a direita muito preocupados”, mas não vê risco que a PDVSA passe a substituir a Petrobras na Bolívia. “O interesse imediato da PDVSA é a distribuição.”

Empresa quer aumento zero para gás boliviano

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, apresenta nesta quarta-feira ao representante da boliviana YPFB proposta de reajuste zero para o gás importado daquele país. A estatal brasileira apresentará argumentos mostrando que não há porquê aprovar um novo preço agora. A intenção da Bolívia é reajustar o valor em mais de 60%.

“A YPFB quer uma coisa e nós outra. Partiremos então para uma negociação, como é absolutamente natural, racional e tradicional entre duas empresas”, argumentou Gabrielli, segunda-feira, após solenidade no Espírito Santo. O executivo viajou segunda-feira mesmo a Caracas, na Venezuela, onde deve encontrar-se com representantes da PDVSA, estatal venezuelana, para discutir investimentos em comum entre ambas as companhias. Em seguida, partirá para La Paz, capital boliviana, onde se reúne nesta quarta-feira com o presidente da YBFB, na presença do ministro de Minas e Energia do Brasil, Silas Rondeau, e do ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, André Solis Rada.

O executivo disse que vai aproveitar a reunião para discutir outros aspectos do decreto boliviano. “Pela constituição boliviana, qualquer nacionalização prevê uma indenização prévia, e essa questão tem que ser colocada”, disse Gabrielli.

Sem estrutura – A Petrobras iniciou segunda-feira a produção do primeiro módulo do campo de Golfinho, ao norte do Espírito Santo, que tem capacidade para produzir 100 mil barris de óleo leve por dia e mais 3,5 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. A produção de gás, entretanto, estará prejudicada pela falta de infra-estrutura para transportar o combustível para a região Sudeste.




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