Quem deixou para a última hora teve sorte. Foi prorrogada até 3 de junho a exposição Goya: As Gravuras da Coleção Caixanova, uma colossal reunião de obras deste gênio da arte universal no Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). Até o momento, 120 mil pessoas visitaram a mostra, que tinha data de encerramento prevista para este fim de semana. A mostra de Goya é responsável por triplicar o público que visita o museu.

São Paulo é a primeira cidade da América a receber a coleção completa da instituição financeira espanhola Caixanova, que depois segue para Buenos Aires, Cidade do México, Miami e Nova York.

O visitante encontrará quatro séries completas das gravuras do aragonês Francisco de Goya (1746-1828), um total de 218 obras. Elas consumiram 30 anos de trabalho do homem que conheceu a dor (uma doença o deixou surdo em 1792), a perseguição política por sua inclinação liberal (viveu seus últimos quatro anos exilado na França) e a fama.

Foi pintor da monarquia na sua fase inicial romântica e caminhou para a modernidade, retratando a miséria, o ridículo e o sofrimento humano.

E são as gravuras, em especial, que atestam essa transcendência. As séries em cartaz no Masp são altamente significativas. Mostram a relação conflituosa que Goya e a Inquisição pós-iluminista da virada do século XVIII para o XIX iniciaram muito cedo.

Os caprichos - Críticas, as 80 gravuras da série Os Caprichos (1799), tiveram de ser retiradas do mercado após indicações de que o Tribunal do Santo Ofício iria novamente inquirir o artista. Goya descreveu estas gravuras como “assuntos caprichosos que se prestavam a colocar as coisas em ridículo, fustigar preconceitos, imposturas e hipocrisias consagradas pelo tempo”.

Desastres da guerra - Nas 80 gravuras da série de 1808 surgem os horrores da Guerra da Independência (1808-1814), uma das maiores crises bélicas da história da Espanha. Os exemplares desta série pertencem à primeira edição Madrid 1863, detalhe que confere-lhe grande valor.

Tauromaquia - Em 1814, censurado e quebrado financeiramente, Goya volta-se para o tema dos touros. Nasce a belíssima série de 40 gravuras.

Provérbios e disparates - Última e inconclusa série com 18 gravuras. Nelas, o artista retrata cenas soturnas, fantasmagóricas e surreais.

Goya: As Gravuras da Coleção Caixanova – Exposição de Gravuras. No Masp – av. Paulista, 1578, São Paulo. Tel.: 3251 5644. 2ª, 4ª, 6ª, sab. e dom, das 14h às 19h; ter. e 5ª, das 9h às 22h; A bilheteria fecha com uma hora de antecedência. Ingr.: R$ 15 (inteira) e R$ 7 (estudante); 2ª grátis até as 18h. Entrada franca para menores de 10 anos e maiores de 60 anos.