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Cláudia Abreu faz sucesso com vilã espirituosa
André Bernardo
Da TV Press
21/06/2004 | 18:36
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Sempre que inicia um novo trabalho, Cláudia Abreu evita criar expectativas. Até mesmo para não se decepcionar. Dessa vez, não foi diferente. Mas vilã de Gilberto Braga, pondera ela, é sempre vilã de Gilberto Braga. Na galeria do autor há pelo menos duas inesquecíveis: Yolanda Pratini, interpretada por Joana Fomm em Dancin’ Days, e Maria de Fátima, vivida por Glória Pires em Vale Tudo. Desde já, a dissimulada Laura, de Celebridade, da Globo, figura entre as mais sórdidas criadas pelo autor. Com um misto de cinismo e amoralidade, a antagonista mereceu sátira no Casseta & Planeta, Urgente!, virou matéria de comportamento no Fantástico e, principalmente, roubou todas as cenas da novela das nove. “Não esperava que a Laura causasse essa discussão toda. Mas novela no Brasil sempre ganha uma proporção enorme. Sempre que você entra numa novela, pode esperar por tudo”.

Esbanjando modéstia, Cláudia Abreu atribui o sucesso da personagem a Gilberto Braga. Para ela, Laura reúne dois componentes fundamentais para despertar a empatia do público: um senso de humor apuradíssimo e uma amoralidade quase rodrigueana. “Ela não é má o tempo todo. É divertida também. E as pessoas divertidas são sempre as mais populares da turma”. De fato, as tiradas de Laura em Celebridade são sempre espirituosas. Entre outras, ela só se refere a Renato Mendes, personagem de Fábio Assunção, como “lourinho beiçudo”, e a Maria Clara Diniz, de Malu Mader, como “come-e-dorme” e “mala”. Já chegou a se referir a Nina, filha de Maria Clara, como “frasqueirinha”. “O mais importante é o personagem ter nuances. É legal você estar sempre surpreendendo o público. Senão, ele se cansa de uma coisa só”, diz.

Desde o início de Celebridade, Cláudia já interpretou várias Lauras numa só. Para conquistar a confiança de Maria Clara, fingiu ser boazinha e subserviente. Depois, posou de moça de família, sonhadora e imaculada, para arrebatar o coração de Renato Mendes. Em seguida, virou a melhor amiga de Beatriz, personagem de Deborah Evelyn. Enquanto isso, exercia o lado mais obscuro de sua personalidade com o michê Marcos, vivido por Márcio Garcia. “Vai levar um tempo até eu me livrar da pecha de ‘cachorra’...”, brinca ela.

Com tantas nuances, Laura caiu nas graças do público. Mais até do que a própria heroína da história. Quando sai às ruas, Cláudia ouve todo tipo de comentário. De broncas bem-humoradas – como “Nossa, mas você está terrível!” – a observações debochadas, do tipo “Apanhou, hein? Não tá machucada, não?”. “Algumas pessoas torcem pela Laura porque ela não é uma vilã clássica, tradicional. Ao mesmo tempo que sente raiva, o pessoal ri com ela. É um caso de amor e ódio”. Como a vez em que Cláudia pegou um táxi e o motorista, ao reconhecê-la, desandou a falar dos vilões da novela. A princípio, com fascínio, admiração. Depois, com fúria, indignação. “Foi engraçado porque ele reservou um destino mais terrível do que o outro para os vilões da novela. A Laura, por exemplo, morreria queimada. Ele foi enfático à beça!”, diverte-se.

Mas Cláudia ainda não sabe direito o que gostaria que acontecesse a Laura nos últimos capítulos de Celebridade, que termina esta semana. Na dúvida, especula dois possíveis desfechos. No primeiro deles, a personagem seria devidamente punida, até para servir de lição para quem pensa que o Brasil ainda é o país da impunidade. “Os vilões já são carismáticos por si sós. Se eles se derem bem, vai ficar parecendo que essa é a pedida”, argumenta. Por outro lado, Cláudia ressalva que Celebridade é uma obra de ficção e, como tal, Gilberto bem que poderia reservar a Laura e Marcos um destino semelhante ao que tiveram Maria de Fátima e César, interpretados por Glória Pires e Carlos Alberto Riccelli em Vale Tudo. “Quem sabe a Laura e o Marcos não poderiam reaparecer em algum outro lugar, talvez o Caribe, praticando outros golpes? Ia ser divertido”, sugere a atriz, com o mesmo olhar levemente sacana da personagem.




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