Setecidades Titulo Especial - Capítulo 3
Mãe Nossa de Cada Dia: Chance de recomeçar

Chegada de uma filha especial e a necessidade de cuidar dela foram o que salvou Renata do alcoolismo e das drogas

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
05/05/2021 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


A dona de casa Renata Nair de Lima, 33 anos, moradora de Mauá, já tinha os filhos Julia, 13, e Miguel, 8, quando nasceu Kiara, 6. Apenas após o parto é que todos souberam que a pequena tinha hidrocefalia, condição que exige a colocação e uso contínuo de uma válvula para drenagem de líquido que se acumula nas cavidades internas do cérebro. A criança também tem outras deficiências e condições, como o autismo, que foram sendo identificados ao longo da sua vida. Ao invés de considerar uma grande dificuldade ter filha especial, Renata afirma que Kiara foi a motivação que faltava para que ela abandonasse de vez o álcool e as drogas. “Ela foi a minha salvação, o que me obrigou a ser mãe de verdade.”

Para Renata, a chegada de Kiara foi uma bênção de Deus. “Eu era usuária de drogas e bebia. Não tenho vergonha de contar isso. Mas, depois que ela nasceu, entendi que precisava estar bem, que, por ser especial, ela ia precisar ainda mais de mim e foi isso que me ajudou a mudar”, comemora. “Kiara não é uma dificuldade na minha vida, ela foi o que me salvou”, completa.

A dona de casa tenta dar continuidade ao tratamento médico da filha, mas enfrenta dificuldades financeiras para levar a criança para o acompanhamento que é realizado no Hospital Estadual Diadema. Há cerca de dois meses, a válvula que Kiara tem no cérebro ficou obstruída e ela precisou ser operada às pressas. “Fiquei desesperada, com muito medo”, relembra a mãe.

Além dos três filhos, Renata ainda tem mais um bebê, Enzo, 2, e se desdobra para cuidar dos quatro e atender às necessidades da filha especial. Atualmente, mora com as crianças e o marido no Jardim Zaíra, e lamenta a perda do pai, há cerca de dois anos, uma das pessoas que mais a ajudavam na caminhada. “Minha família sempre me apoiou com as crianças, mas ele era quem estava mais próximo” afirma.

Sem condições financeiras para comprar uma cadeira de rodas, Kiara era levada no colo para as consultas e compromissos, até que, recentemente, a garotinha ganhou uma cadeira usada. Mas os passeios com a família foram suspensos durante a pandemia e hoje a maior distração das quatro crianças é o celular. “De manhã eles assistem à aula, a mais velha no telefone dela, os mais novos no meu”, explica a mãe.

Renata espera que os filhos estudem e progridam na vida, que alcancem um futuro melhor do que a realidade que ela vive hoje. “Quero que eles não sigam meu exemplo. Converso com os dois mais velhos e acredito que eles entendem que precisam estudar e ficar longe de drogas e de bebidas”, comenta.

Para as outras mães, que também enfrentam dificuldades parecidas, a dona de casa compartilha a lição que a vida lhe ensinou. “Os filhos vêm sempre em primeiro lugar. Se Deus nos mandou eles, é porque sabe que é o fardo que a gente aguenta carregar”, finaliza. 

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