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Poupança tem maior saldo em 15 anos, diz pesquisa
Por Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
11/08/2010 | 07:01
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Mesmo com o endividamento atingindo 52% das famílias da Região Metropolitana de São Paulo, a classe C (renda família entre R$ 1.500 e R$ 2.000), maior massa consumidora do País, busca fôlego para poupar alguns trocados no fim do mês. Tanto que em julho a poupança teve captação recorde de R$ 6,83 bilhões, a maior desde 1995.

Levantamento da Quorum Brasil aponta que a população dessa classe social ainda é conservadora ao investir. Fatia de 69% das famílias (ver arte ao lado) veem na tradicional poupança algo seguro para o futuro. Mesmo assim, 40% delas não realizam nenhum investimento atualmente.

 

Imóvel aparecem no segundo opção, seguido por consórcio (14%), fundos de investimento (11%), ações (5%) e previdência privada (2%). "A classe C escolhe a dedo. Por isso a poupança é como um porto seguro, uma cultura que passa de pai para filho", comenta o sócio da Quorum, Cláudio Silveira.

Ele acrescenta que esse estrato da sociedade se aproveitou da oferta de crédito e está comprometendo fatia maior da renda com prestações, visto que poucos têm o hábito de poupar para adquirir certos bens duráveis.
Para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, as famílias brasileiras ainda guardam pouco, cerca de 4,71% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto os chineses guardam 20% da seu PIB. "A poupança doméstica brasileira está aquém das necessidades futuras do País", diz.

Esforço - A andreense Gleyma Lima, 24, afirma que sempre teve o hábito de economizar. No ano passado ela conseguiu quitar o financiamento estudantil de R$ 3.000 em dez meses. Gleyma tem uma caderneta temporária e outra para usar em eventualidade.

"Guardei R$ 2.000 para comprar móveis e eletrodomésticos", diz. Entretanto, a reserva precisou ser usada após ficar afastada do trabalho, devido a um acidente. Mas já voltou a economizar.

Segundo Silveira da Quorum Brasil esta é a maneira mais comum de guardar dinheiro entre os integrantes da chamada nova classe média. O imóvel também aparece como garantia de reserva futura, mesmo aqueles comprados em longos financiamentos, assim como o consórcio. "Em caso de imprevisto, a família pode vender o bem, que tem baixa liquidez e maior rendimento", afirma o especialista.

 

 

 

Aplicação cumpre sua função no Brasil, diz economista
Com a massa salarial crescendo, o brasileiro geralmente escolhe a caderneta de poupança para aplicar o dinheiro que sobra. Na avaliação do economista Amir Khair, é o instrumento mais simples para investir.

"A partir do momento que a pessoa tem mais reserva, ela diversifica sua aplicações. Ela não cobra Imposto de Renda, taxa de administração e serve como um seguro no futuro", afirma. Para ele, a caderneta cumpre sua função no Brasil, não sendo um ativo de risco.

O economista acrescenta que a quantia guardada pela população não é baixa, pois "comparada com período de 1951 a 1980, quando o país crescia 7,4% ao ano, estamos num nível parecido. Sua expectativa é que no futuro, as pessoas também criem o hábito de investir na bolsa.

Nova classe média chega a 103 milhões

Responsável por mover a economia brasileira, a classe média deverá crescer 21,5% neste ano, correspondendo a 103 milhões de pessoas. Ao fim deste ano, esse contingente será 31% da massa de renda no País, segundo dados da pesquisa Economia Brasileira em Perspectiva, divulgada ontem pelo Ministério da Fazenda.

De acordo com o mercado financeiro e de entidades do setor de comércio e serviços apotam que o potencial de consumo da classe C vai avançar, no mínimo durante dez anos, alcançando R$ 2,42 trilhões em 2013. Levantamento do governo indica que desde 2002, aproximadamente 25 milhões de pessoas foram incluídas no meio da pirâmide social.

Pelos números apresentados, a classe média que representava, em 2003, 37% da população (66 milhões de habitantes) crescerá até 2014 para 56% (113 milhões). Por outro lado, a E cairá de 28% (49 milhões) para 8% (16 milhões).

Os cidadãos abastados (classe A) passarão de 8% (13 milhões) para 16% (31 milhões) e a classe D será reduzida de 27% (47 milhões), em 2003, para 20% (40 milhões), em 2014.

O documento destaca ainda que, de 2002 até agora, o poder de compra das classes sociais de menor renda evoluiu constantemente. Por essa análise, a expectativa do Ministério da Fazenda é que a participação das classes C e D aumente no ranking de potencial de consumo.

Uma das justificativas dos técnicos é o reflexo das condições favoráveis da economia "para as camadas de menor renda". Tiveram influência o "aumento do salário mínimo, o controle da inflação, a geração de empregos, os benefícios sociais, como o Programa Bolsa Família", destaca o relatório.

RENDA E EMPREGO
O crescimento da renda e do emprego em 2010 será responsável pelo aumento do consumo das famílias, de acordo com a publicação produzida pelo Ministério da Fazenda. Para os técnicos do Ministério da Fazenda, o mercado interno tem garantido uma rápida recuperação da economia nesse ano.

O documento destaca ainda que o elevado nível de investimento, tanto público quanto privado, possibilitará demanda interna acima de 9% ao ano em 2010. Esse valor, no entanto, já é inferior ao estimado anteriormente pelos técnicos da Fazenda, de 11,9% ao ano.

 

Segundo o ministério, o consumo das famílias crescerá 6,6% ao ano neste ano, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) terá incremento de 6,5%. (Alexandre Melo, com ABr)

 

 
Procura do consumidor por crédito volta a crescer em julho

A demanda do consumidor por crédito voltou a registrar alta em julho, sinal de recuperação da forte queda da procura observada em junho. Divulgado ontem, o indicador da Serasa Experian, que calcula pedidos de financiamento por meio da consulta aos CPFs de 11,5 milhões de consumidores, apontou crescimento de 9,3% na demanda por crédito ante junho.

O resultado mostra a retomada da busca por financiamentos, que apresentou queda significativa de 10,2% em junho, na relação com o mês anterior, por conta do período da Copa do Mundo.

Os consumidores foram às compras em maio para os preparativos do Mundial e interromperam o consumo em junho. Em razão da Copa, o movimento apresentou alta de 10% em maio ante abril, o maior da série histórica do indicador, calculado desde 2001.

Na evolução anual, os pedidos de financiamento em julho tiveram crescimento de 10% em comparação ao mesmo mês do ano passado. Vale lembrar que em 2009 a economia enfrentava ainda alguns desdobramentos da crise financeira mundial, o que formou uma base fraca de comparação com este ano.

Os economistas da Serasa Experian apontam ainda que em julho a demanda por crédito aumentou em todas as faixas de renda, com destaque para os mais pobres. A procura dos consumidores cujos ganhos mensais não ultrapassam os R$ 500 teve alta de 10,6% ante junho, seguida daqueles que têm rendimento entre R$ 500 e R$ 1.000, de 10,2%.

Na análise por região, o Norte foi o que apresentou maior expansão da busca por crédito no período, de 23,8% frente a junho, seguido pelo Sul (14,1%) e pelo Centro Oeste (10,9%). (da AE)

 


Classe C responde por 40% das compras na web

A classe C, representada por consumidores que têm renda familiar entre R$ 1.000 e R$ 3.000, vem ampliando sua participação nas compras pela internet desde meados do ano passado, quando a economia iniciou processo de recuperação da crise e o emprego formal começou a recuperar os postos de trabalho perdidos.

Hoje, responde por 40% dos clientes on-line, segundo o relatório WebShoppers, elaborado pela e-bit, com apoio da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico.

Tanto que a expansão da presença da classe C no comércio eletrônico foi uma das molas propulsoras do crescimento de 40% no faturamento do setor no primeiro semestre deste ano, alcançando a marca de R$ 6,7 bilhões. Nos primeiros seis meses do ano passado, as vendas chegaram a R$ 4,8 bilhões.

Segundo o diretor de marketing da e-bit, Alexandre Umberti, também justificam o resultado a antecipação das compras provocada pelo fim do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para linha branca, ocorrido em março e a Copa do Mundo, que alavancou a comercialização de televisores, favorecida pela substituição de tecnologias de tela plana, como a LED no lugar da LCD. Isso sem contar o movimento de retomada da economia, cuja projeção de crescimento para este ano está na casa dos 7%.

As categorias de produtos mais vendidas no primeiro semestre do e-commerce que compuseram o top five foram: 1) livros e assinaturas de revistas e jornais; 2) eletrodomésticos; 3) saúde, beleza e medicamentos; 4) informática; 5) eletrônicos. O tíquete médio foi de R$ 379.

Umberti conta que, atualmente, mesmo os consumidores que compram na web pela primeira vez adquirem algum produto de maior valor agregado. "Isso geralmente acontece com itens que não precisam ser experimentados ou vistos fisicamente. Já roupas e acessórios, que têm essa necessidade e menor valor agregado, acabam tendo menor procura na internet", explica.

A expectativa é que o ano seja encerrado com faturamento de R$ 14,3 bilhões, alta de 35% frente a 2009. Para se ter uma ideia, de 2008 para 2009 as vendas alcançaram R$ 10,6 bilhões, expansão de 30%.

 

A e-bit espera que o ano feche com 23 milhões de e-consumidores. Ao fim de 2009, havia 17,6 milhões. O número torna-se ainda mais impressionante se compararmos, por exemplo, com a última Copa do Mundo. Na época do Mundial realizado na Alemanha, há quatro anos, existiam apenas seis milhões de adeptos às compras on-line. (Soraia Abreu Pedrozo)

 




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