Governador falou sobre cenário na inauguração da Fábrica de Cultura de São Bernardo, sem presença de Morando
Em visita ao Grande ABC, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sugeriu a expectativa da formação de onda branca nas eleições municipais de novembro. O tucano fez a referência devido ao período de polarização política – acentuada, inclusive, em momento da pandemia de Covid-19 -, quando questionado sobre eventual reprodução de onda azul no Estado, ocorrida em 2016. Ele falou sobre o cenário em evento de inauguração da primeira fase Fábrica de Cultura de São Bernardo, sem a presença do prefeito Orlando Morando (PSDB), impedido em razão da legislação eleitoral.
“Primeiro espero que possamos ter a onda branca, da paz e do amor, compaixão, e da esperança que a vacina vai nos proporcionar (visando a imunização). Trazer com isso a oportunidade para a reeleição de prefeitos ou alternância em outras regiões. Nada mais democrático que a eleição. Não é obrigado a concordar, é estimulado a votar, emitir sua opinião. Isso é democracia, é saudável. Aos que renovam seus mandados, são aprovados. Aos que deixam o mandato, tem oportunidade a nova leva de prefeitos”, pontuou Doria, esquivando-se de traçar panorama sobre o quadro na região, a um mês e meio do pleito.
O tucano reiterou que o processo eleitoral “é exercício democrático”. “Expectativa é de onda branca, da esperança pós-Covid”, ponderou o governador, na coletiva de imprensa, ao lado dos secretários estaduais Sérgio Sá Leitão (Cultura) e Marco Vinholi (Desenvolvimento Regional), além da deputada Carla Morando, mulher do chefe do Executivo local, citado em diversas ocasiões durante a solenidade como responsável por encampar mudança de objeto do prédio, na região central, destinado no governo Luiz Marinho (PT) a acolher o Museu do Trabalho e do Trabalhador.
“Isso era nada com dinheiro público. Agora é tudo, voltado ao jovem, tendo transparência e visando transformação social. Tínhamos aqui custo de obra obra paralisada, inacabada, investimento gigantesco do governo federal. O que passou, passou, não vamos ficar fazendo juízo sobre quem deixou de fazer, mas era espaço inoperante, dedicado ao nada. Nada acontecia. Referência ruim na vida de São Bernardo. (Com a alteração do projeto) Vamos começar a operar no dia 7 de outubro (a princípio, de forma on-line)”, sustentou Doria, que teve agenda apertada no município - acompanhou vídeo institucional e três apresentações de cursos (programação de drone, tecnologia 3D e música). Sequer passou no gabinete do aliado Morando, em frente ao local.
Diante de postura desta vez comedida de Doria para tratar do assunto, coube a Carla Morando utilizar discurso mais ácido em relação aos desdobramentos da proposta. “Aqui era o símbolo da corrupção, pegamos obra abandonada, que manchava o nome da cidade”, disse, antes de listar ajuda do Estado para São Bernardo, elencando o Hospital de Urgência, Bom Prato Dia e Noite, farmácia de alto custo – descentralizada no Poupatempo – e o COI (Centro de Operações Integradas). Titular de Cultura, Greici Picollo foi a única integrante do governo municipal presente na entrega do equipamento. Vereadores também não participaram do ato.
Era elefante branco de R$ 25 milhões, alega Sá Leitão
Ex-ministro de Michel Temer (MDB), o secretário estadual de Cultura, Sérgio Sá Leitão, declarou que a entrega das obras de transformação do Museu do Trabalho e do Trabalhador em Fábrica de Cultura, na cidade de São Bernardo, tem simbolismo significativo, mas negou que o caso tenha cunho político-eleitoral - o prédio na região central começou a ser erguido em 2012, na gestão Luiz Marinho (PT). No fim de 2016, o projeto foi alvo da Justiça Federal, sob investigação de fraudes em licitação e desvios de recursos – o petista e mais 15 envolvidos foram absolvidos, em fevereiro.
“São dois gostos especiais: o primeiro é desenrolar aquilo que era elefante branco de R$ 25,3 milhões, que ficaria parado, depredado e deteriorar. Seria monumento à inoperância do Estado. Conseguimos dar sentido para investimento que já havia sido feito. O segundo ponto é a questão do modelo 4.0 implantado. Coloquei isso no horizonte. É chave para inserção dos jovens no mercado do trabalho. O desemprego, às vezes, não é falta de oportunidade. Jovem não quer ser caixa do McDonald''''s, não quer ser office boy em escritório. Não entusiasma. Materializamos isso, trazendo ao século 21”, pontuou Sá Leitão.
A unidade de São Bernardo é a primeira neste modelo 4.0. A Prefeitura investiu R$ 4,5 milhões na readequação do espaço. O Estado entrou com aporte de mais R$ 8 milhões, incluindo materiais e equipamentos. A cargo do governo de São Paulo, o custeio será de R$ 9,6 milhões ao ano. Antes da abertura, o Palácio dos Bandeirantes realizou chamamento público e contratou a OS (Organização Social) Catavento Cultural e Educacional. A firma é quem receberá os repasses estaduais para pagamento de funcionários e arcar com os gastos de manutenção.
Entre os cursos oferecidos no equipamento estão programação de drones, robótica, cultura maker, games e programação, além de modalidades voltadas às artes, como teatro, balé, dança contemporânea, street dance, violino e viola, violão, violoncelo e circo. Juntamente com o início das aulas, em 7 de outubro, será aberto à população o acesso ao andar térreo, ao mezanino e a uma parte do primeiro e segundo pavimentos da fábrica. A proposta é modernizar, deixando no módulo 4.0, as outras 11 unidades, paulatinamente, entre elas a de Diadema.
A inauguração integra a primeira fase de abertura. A segunda etapa está programada para ocorrer em julho de 2021. A previsão de entrega da integralidade dos serviços é janeiro de 2022. “Fazemos sempre essa implantação progressiva. Precisa ir testando, preparando, verificando se as instalações estão adequadas até que entra no funcionamento pleno”, pontuou o secretário. As atividades são voltadas a capacitar jovens de dez a 24 anos em situação de vulnerabilidade de São Bernardo e do Grande ABC. Foram disponibilizadas, inicialmente, 640 vagas divididas em 32 cursos. O próximo passo estima abertura de 52 cursos e 1.075 vagas. A operação com 100% de sua capacidade oferecerá 308 cursos e 4.185 vagas.
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