O anúncio de reestruturação da Volkswagen do Brasil completa um ano nesta quinta-feira com cerca de 1,1 mil dispensas até o momento. No entanto, a montadora freou as demissões na terceira fase do projeto de readequação da produção por conta do aquecimento do mercado automotivo no País.

A montadora, que apresentava quase 12 mil trabalhadores em maio de 2006, hoje apresenta 10,8 mil metalúrgicos na unidade de São Bernardo. No entanto, desde o início de fevereiro deste ano, a Volks deixou de demitir trabalhadores por conta da demanda de produção.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Francisco Duarte de Lima, o Alemão, a entidade espera que esse quadro de aquecimento da economia e elevação da produtividade da empresa se mantenha até julho. “Acho que a Volkswagen vai ter dificuldade em completar as 1,3 mil demissões até 31 de julho – prazo final para indicação de trabalhadores para serem cortados”, afirma.

Para Alemão, o aquecimento do mercado fez com que a montadora diminuísse as dispensas. “O cenário previsto era de acompanhar as demissões todo o mês, mas em janeiro ocorreram as últimas saídas”, comenta.

Uma esperança do sindicato é que essa alta demanda do mercado interno se mantenha durante todo o ano de 2007 e entre 2008 no mesmo ritmo para que não haja mais fechamento de postos de trabalho. Até o próximo ano, a meta da Volks é demitir 3,6 mil trabalhadores na unidade Anchieta, somando 5,7 mil com os cortes anunciados para as plantas de Taubaté e São José dos Pinhais, no Paraná.

O vice-presidente do sindicato conta que esse tempo sem dispensas e o aumento da produção trouxe mais tranqüilidade para os trabalhadores da montadora. “Se a empresa repensar as demissões seria ótimo, mas ainda não tivemos nenhum contato com a Volks para abordar esse assunto”, explica Alemão, que prefere esperar até a data-limite para essa fase dos cortes.

Segundo o secretário-geral do sindicato, Rafael Marques, a elevação da produção também ajudou para que os trabalhadores tivessem uma nova ferramenta nas mãos para negociação. Em março, a empresa propôs aos trabalhadores aumentarem o número de sábados para trabalho extra, mas os metalúrgicos não aprovaram. “Foi rejeitado uma vez que os trabalhadores só trabalhariam mais sábados, além do calendário já acertado, se tivessem garantias de que não haveria mais demissões”, conta.

No último PDV (Programa de Demissão Voluntária), encerrado em 31 de janeiro, faltaram 245 dispensas para cumprir a meta de 1,3 mil desligamentos. Após o prazo, 92 pessoas saíram por indicação da empresa, mas cerca de 30 foram readmitidas por apresentarem doenças profissionais. “Não houve obstáculos para a reintegração desses funcionários. Apenas o diagnóstico não constava nos prontuários da empresa. Já os que estão a até 18 meses da aposentadoria estão recebendo integralmente em casa”, diz Alemão.

2006 - Na avaliação sobre o processo de reestruturação anunciado no ano passado, os sindicalistas afirmam que foi um período complicado e que “tiveram de tomar um remédio amargo.” Mas acreditam que o balanço final é positivo com a garantia da permanência da unidade em São Bernardo e investimentos na planta para novos produtos.