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Hepatite B pode atingir 160 mil jovens
Evandro Enoshita
Do Diário do Grande ABC
19/10/2009 | 07:03
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Cerca de 160 mil pessoas, dois em cada dez jovens do Grande ABC com idades entre 1 e 19 anos, não estão imunizados contra a Hepatite B, de acordo com dados de 2008 da secretaria estadual de Saúde de São Paulo.

O índice é 10% menor que a taxa considerada ideal pelo órgão. A falta de informações sobre a doença é uma das justificativas dadas por quem não tomou a vacina. De 2004 a 2008, foram registrados mais de 770 casos na região.

Com 18 anos, o estudante de Direito Felipe Bettega está entre os 160 mil que ainda não estão imunizados. "A gente acaba nem indo se vacinar porque não há muita divulgação a respeito dessa doença. Não se fala tanto nos sintomas e nem no que essa doença causa, e tenho muitos amigos que também não tomaram a vacina", justificou.

A hepatite B é uma doença que causa inflamação do fígado e pode ser contraída por meio de relações sexuais sem proteção e por contato com sangue contaminado, seja por meio de transfusões ou por uso de seringas contaminadas.

Na maioria dos casos, o próprio corpo é capaz de lidar com a doença, mas o indivíduo contaminado fica impedido de doar sangue, sêmen e órgãos. Em 5% dos casos, entretanto, a hepatite não encontra barreiras de anticorpos. Nestes casos, se não houver tratamento com medicamentos antivirais, a hepatite B pode evoluir de maneira silenciosa - sem sintomas - para uma cirrose ou um câncer.

Para a diretora técnica da divisão de imunização da secretaria estadual de Saúde de São Paulo, Helena Sato, a justificativa para a taxa de imunização abaixo do ideal vai além da falta de informação, devendo incluir também o fato de a vacina ser obrigatória há pouco tempo.

"O principal problema é a falta de informação. Acredito que muita gente não tem nem ideia de que essa vacina está disponível na rede pública. Estamos trabalhando para aumentar a taxa de imunização, mas já podemos dizer que chegamos a um patamar bastante satisfatório, levando em consideração que a vacina é obrigatória desde 2000", pontuou.

Casos no mundo ultrapassam 400 milhões

Cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo são portadoras do vírus da hepatite B, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Juvêncio Furtado, número que dá ideia da importância dessa doença.

"É um número expressivo. Só para efeito de comparação, os casos de HIV somam 35 milhões. E na grande maioria das vezes, as pessoas não imaginam que têm Hepatite B", destacou Furtado.

Informação que é confirmada pelos dados fornecidos pela diretora técnica da divisão de imunização da secretaria, Helena Sato.

Segundo ela, o fato de muitas pessoas não terem ideia de que estão contaminadas se origina da falta de manifestação de sintomas.

"Apenas um em cada dez pacientes apresenta sintomas como febres, naúseas e ictericia. No restante dos casos, os sintomas não se manifestam, mas a pessoa pode transmitir o vírus. Por isso é importante vacinar-se contra a doença", destacou Helena.

VACINA
A imunização se dá em três doses, a segunda um mês após a primeira e a última de quatro a seis meses após a primeira dose.

Quem perdeu os prazos para completar o ciclo não precisa reiniciar a vacinação desde a primeira dose, somente necessitando tomar as doses faltantes.

Furtado ressalta, no entanto, que é recomendável seguir o calendário de vacinação à risca.

"A vacina é a principal forma de proteção contra a hepatite do tipo B. A pessoa não pode esperar, por exemplo, cinco anos para tomar uma nova dose. Esse prazo não pode ser muito longo. E apenas as três doses possibilitam uma proteção completa.

Em 2008, foram registrados 189 casos na região

Só no ano passado, foram registrados 189 casos de hepatite B na região do Grande ABC, números que apontam um crescimento em relação a 2004, quando foi confirmada a contaminação de 92 pessoas.

Para Helena Sato, esses números não estão relacionados ao fato de muitos jovens não terem recebido as três doses da vacina.

"Acredito que a maioria desses casos seja de pessoas com mais de 19 anos, para as quais a vacina da Hepatite B não consta no calendário de vacinação obrigatória devido a uma estratégia de imunização de médio prazo, em que a prioridade são as crianças e os jovens até 19 anos", destacou.

Acima dessa idade, só os grupos de risco, como profissionais da saúde, tatuadores e profissionais do sexo podem receber as doses de imunização.
Além da vacina, as outras medidas para evitar a contaminação pelo vírus causador da doença são: o uso de preservativos nas relações sexuais, evitar compartilhar seringas, lâminas de barbear, alicates de unha e seringas.




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