Política Titulo Eleições 2020
Santo André terá 2ª candidata a prefeita na era pós-redemocratização

Em 34 anos, ou oito eleições majoritárias, apenas Maria Antonieta Pincerato entrou na briga, em 1988

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
20/10/2019 | 07:00
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A um ano das eleições municipais de 2020, Santo André terá apenas a segunda mulher candidata a prefeita no período pós-redemocratização, contado a partir de 1985. Consolidada como pré-postulante ao Paço, a vereadora Bete Siraque (PT) irá entrar na lista majoritária da disputa. Neste contexto de 34 anos até aqui foram realizadas oito eleições, e somente Maria Antonieta Pincerato Carreira concorreu nesta briga. Na ocasião, ela, então filiada ao PSP (Partido Social Progressista), obteve módicos 1.933 votos, ficando na última posição entre seis pleiteantes no processo.

A eleição de 1988 marcou a primeira vitória do PT na cidade, com Celso Daniel. Professora e escritora, Maria Antonieta, à época com 43 anos, enfrentou cenário complicado, tendo como rivais o petista, o ex-prefeito e ex-deputado estadual Lincoln Grillo (PDT), o também ex-parlamentar paulista José Cabral de Almeida Amazonas (PTB), além do ex-vereador José Nanci (PSDB). Depois do revés no páreo, a ex-prefeiturável concorreu em outros pleitos proporcionais, entre eles – já fora do domicílio local – foi três vezes candidata a vereadora em Salto de Pirapora (2000, 2012 e 2016).

No segundo mandato na Câmara andreense, Bete teve seu nome concretizado como pré-candidata ao Paço após encerramento do prazo de inscrições do PT. Aparece neste quadro diante do recuo do também vereador Eduardo Leite, favorito do partido para encabeçar a chapa. Em seu discurso durante o ato, na sede da legenda, a parlamentar – mulher do ex-deputado Vanderlei Siraque, que disputou sem sucesso cargo de prefeito, em 2008 – não escondeu o que chamou de “frio na barriga”. “É responsabilidade muito grande”, disse, autoclassificando-se como “cascuda”. “Chegou a hora de termos mulher prefeita dessa cidade”, frisou. Na fala, evitou falar do desgaste pelo qual passa a sigla.

Certo é que, a despeito de normas para ampliar a participação feminina na política, a exemplo da obrigatoriedade de assegurar 30% das vagas nas chapas proporcionais para o sexo oposto, a inserção ainda é baixa. Levantamento do Diário mostra que, no âmbito regional, somente 23 mulheres registraram candidatura majoritária às sete prefeituras nestas três décadas. A maior parte delas por partidos nanicos, sem estrutura, o que resultou em saldo eleitoral inexpressivo. Vanessa Damo (MDB, Mauá), Regina Maura Zetone (PTB, São Caetano), Maria Inês Soares (PT, Ribeirão Pires) e Eliete Menezes (PSB, Diadema) estão entre as poucas que tiveram empreitada competitiva no período.

Aliás, na história, apenas três mulheres chegaram ao comando de prefeituras no Grande ABC: Tereza Delta (prefeita de São Bernardo entre abril e dezembro de 1947), Irinéia José Midolli (chefe do Executivo de Rio Grande da Serra de 1973 a 1977) e Maria Inês Soares, a última – e única reeleição –, que venceu o pleito em Ribeirão Pires em 2000, há quase 20 anos. Nas últimas duas eleições, cinco mulheres em cada figuraram nas urnas. Panorama preliminar indica que quatro nomes neste prisma se colocam no páreo. Além de Bete, Marilza de Oliveira (PSD, Rio Grande), Dayana Franco (MDB, Rio Grande), filha do ex-prefeito Cido Franco, Denise Ventrici (PRTB, Diadema) e Alaíde Damo (MDB, Mauá).

Pré-candidata, Marilza cita legado de Irinéia

Recém-alçada como pré-prefeiturável do grupo do chefe do Executivo de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), a vice-prefeita Marilza de Oliveira (PSD) diz se sentir preparada para eleição e cita legado da primeira prefeita eleita pelo voto do Grande ABC, Irinéia José Midolli, que comandou a cidade na década de 1970 – Tereza Delta foi prefeita de São Bernardo nos anos 1940, mas indicada pelo então governador Adhemar de Barros.

Professora Marilza, como é conhecida na política, aponta exatamente a profissão para estabelecer relação com a ex-prefeita, que também atuou como educadora em Rio Grande. “Eu era muito jovem quando a prefeita Irinéia atuou na política da cidade. Ela foi uma das pioneiras na região e fazia política na época em que a ditadura assolava o País. Ela batalhou muito, isso é certeza. Ela deixou um legado”, exalta Marilza.

Para a pessedista, apesar de 40 anos passados desde a gestão de Irinéia, falta espaço para a mulher na política atual. Ela comenta que militar por uma causa ou atuar no Legislativo e no Executivo é algo “emponderador”. “Ainda é visível a falta de mulheres em postos de comando, principalmente na política. Existe essa deficiência, que aos poucos está sendo ajustada, mas ainda é muito pouco”, analisa Marilza.

A vice-prefeita aproveita para ponderar sobre a permanência da cidade no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e avalia que a entidade é “importante” para as discussões regionais. “É ali (no Consórcio) que a maioria das pautas regionais é debatida. Rio Grande da Serra conseguiu inúmeros benefícios por meio do Consórcio”, declara. Em novembro do 2018 , Maranhão chegou a formalizar saída da entidade, mas retornou ao bloco neste ano. 




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