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Vítimas de enchente em Mauá aguardam liberação do FGTS

Após dois meses da tragédia, em seis cidades da região, foram resgatados valores de 1.992 contas, superando R$ 4 mi

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
17/05/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Dois meses após as chuvas de 10 e 11 de março, que deixaram dez mortos e inúmeros prejuízos, os moradores de Mauá que tiveram suas casas atingidas ainda não puderam sacar os recursos das contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) – não foi divulgado o número de famílias. O benefício foi anunciado em 14 de março pelo governador João Doria (PSDB) e a liberação dos valores é feita após as prefeituras enviarem série de documentos para a Caixa. Segundo o banco, no caso de Mauá, a pendência é a declaração de área afetada. Cada trabalhador pode sacar até R$ 6.220 de cada conta.

No bairro Capuava, na Rua George Wiliam Hauck, a operadora de injetora Gislaine Guedes da Silva Trindade, 28 anos, aguardo a possibilidade de resgatar os cerca de R$ 500 que estão em sua conta do FGTS. “Não é muito, mas já ajudaria”, afirmou. Gislaine mora com as filhas, Maria Eduarda, 11, e Ana Júlia, 2. No endereço há pouco mais de um ano, foi a primeira enchente que a família enfrentou. “Nem troquei meu armário de cozinha, porque tenho medo de alagar tudo de novo”, lamentou.

A professora Tatiana Cristina Lacerda, 43, não tem conta do FGTS para sacar, mas reclama da pouca assistência da Prefeitura. “Mandaram só uma cesta básica. O prejuízo aqui passou de R$ 10 mil. A gente só repôs o que ganhou”, concluiu.

A Prefeitura de Mauá informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que foi protocolado na terça-feira, na Caixa, o processo para liberação do saque das contas do FGTS para os moradores da cidade. “Agora o banco analisará o processo antes de aprovar a liberação”, esclareceu o comunicado.

 

CRISE POLÍTICA

Mauá passa por momento político turbulento, que teve início em maio de 2018, quando o então prefeito Atila Jacomussi (PSB) foi preso, durante operação da Polícia Federal que investigava desvio em contratos de merenda, uniforme e material escolares. Assumiu a vice-prefeita Alaíde Damo (MDB), que, rompida com o grupo que deixava o poder, demitiu a maior parte do secretariado. Em setembro, Atila reassumiu o cargo, mas foi novamente preso em dezembro, desta vez acusado de pagar Mensalinho a 21 vereadores e um suplente. Alaíde assumiu novamente, com outras mudanças no governo, até o socialista ser reconduzido ao cargo em fevereiro de 2019. Desgastado politicamente, Atila sofreu processo de impeachment em abril e está inelegível até 2027. O ex-prefeito tenta reverter a decisão na Justiça e o Paço está sob comando de Alaíde.

 

NA REGIÃO

São Bernardo foi o primeiro município a concluir os trâmites, e liberou os saques em 8 de abril. Em Santo André e São Caetano os recursos podem ser acessados desde 9 de abril, e em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, desde 15 de abril. A última cidade a conseguir autorização para os saques foi Diadema, onde os munícipes afetados podem fazer o resgate dos recursos desde 23 de abril.

De acordo com a Caixa, até 5 de maio, 1.992 contas já haviam sido resgatadas na região, totalizando R$ 4.894.198,49. O valor médio dos saques é de R$ 2.456,93. Os moradores devem ficar atentos para o prazo máximo para os saques: 12 de junho para Santo André, São Bernardo, Ribeirão Pires e Diadema; 13 de junho para São Caetano e Rio Grande da Serra. Em toda a região, mais de 5.800 famílias foram afetadas pelas enchentes e cadastradas pelas prefeituras.




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