Economia Titulo Em três cidades
Metrô auxilia recuperação de terrenos abandonados

Para especialistas, Linha 18-Bronze atrairá atividade econômica para áreas ociosas

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
28/04/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 A Linha 18-Bronze, projeto que prevê o Metrô para ligar o Grande ABC à Capital, vai auxiliar na recuperação de áreas ociosas e no fomento à atividade econômica da região. Segundo especialistas, a manutenção do projeto original do sistema deve atrair startups e indústrias, além de ajudar no problema dos terrenos vazios, incluindo os que estão sem uso por causa da contaminação do solo no entorno do traçado, que contempla Santo André, São Bernardo e São Caetano.

De acordo com o coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Enio Moro Júnior, as áreas abandonadas no entorno das estações seriam potencializadas e a região poderia receber outras empresas. “O Metrô desempenharia o mesmo papel que as ferrovias tiveram há cerca de 100 anos e que foi fundamental para a consolidação do Grande ABC. Posso afirmar com segurança histórica que o Metrô, agregado a algumas alterações no entorno, traria o renascimento econômico para a região.”

O professor de arquitetura e urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Valter Caldana, disse que o Metrô “gera interesse imediato por áreas no entorno das estações”.

Como exemplo, há o terreno que pertencia às Indústrias Matarazzo e fica no bairro Fundação, em São Caetano (leia mais abaixo). Como o modal deve interligar a Estação Tamanduateí às cidades de São Caetano, São Bernardo e Santo André, o eixo da Avenida dos Estados seria beneficiado.

“Uma estação modifica o perímetro. Leva ponto de ônibus, as prefeituras mudam o zoneamento de áreas próximas aos terminais para permitir atividades econômicas, então acaba unindo bastante fatores técnicos. Deve abrir boa possibilidade para a descontaminação de áreas”, destacou Moro Júnior.

Segundo o especialista, como a linha deve integrar diversas universidades, entre elas a própria USCS, o Instituto Mauá de Tecnologia, em São Bernardo, além de Fundação Santo André e Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, há ambiente favorável para a criação de startups para o desenvolvimento de tecnologia. A opinião é endossada pelo coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

“A Via Anchieta também foi motivada pela ligação da nossa região com as indústrias automobilísticas, que se instalaram no entorno, e pelo acesso ao Porto de Santos. Isso funcionava muito bem nos anos 1970, mas agora é um momento que estamos repensando o que fazer com o carro. Somos um polo industrial focado na indústria automotiva e, com a quantidade de universidades, temos tudo para nos transformar num polo tecnológico para atender este setor. Precisamos melhorar a forma de acesso à região, que é bastante precária. É um passo importante a vinda do Metrô para cá”, analisou.

O BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus) é estudado pelo governador João Doria (PSDB) para substituir a Linha 18. A resposta sobre o assunto sai em junho. Moro Júnior destaca que o modelo teria impacto de baixa qualidade. “Não transporta muitas pessoas e ainda tem a questão do trânsito. O Metrô transporta mais gente e é mais organizado.”

O secretário-executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Edgard Brandão Júnior, afirmou que a decisão será feita mediante estudos técnicos do Estado. “É cedo para falar qual seria o melhor para a região, mas é lógico que o ideal seria o modal mais moderno.”

Área da Matarazzo, em São Caetano, seria beneficiada

Com 300 mil metros quadrados, divididos em em três subáreas, o terreno no bairro Fundação em São Caetano, que anteriormente sediou as Indústrias Matarazzo é uma das áreas contaminadas da região. Ele só poderá ser ocupado após a remediação do solo.

Porém, o projeto do Metrô ajudaria a atrair incorporadoras e demais empresas para a descontaminação e posteriormente novo uso da área.

“Temos trabalhado bastante com incorporadoras (nestes tipos de terreno). Às vezes, há contaminação bastante intensa e as incorporadoras mesmo assim se interessam por conta da localização. Porém, em outros, mesmo com uma contaminação menor, as empresas não se interessam porque consideram o entorno”, disse a engenheira ambiental e sócia-diretora da Ecopro Engenharia Projetos, consultoria ambiental com foco em gerenciamento de áreas contaminadas, Nathália Vegi Bohner.  




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