Esportes Titulo Buscas na casa do técnico
Novas denúncias justificam mandado

Advogado de Fernando de Carvalho Lopes diz que revelações de fotografias e filmagens a atletas fundamentaram ação policial

Por Dérek Bittencourt
08/05/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Os mais recentes capítulos do escândalo envolvendo a ginástica artística acabaram servindo como justificativa para a ação da Polícia Civil, que na sexta-feira cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do técnico afastado pelo Mesc Fernando de Carvalho Lopes, acusado de ter abusado sexualmente e assediado moralmente dezenas de atletas nas últimas duas décadas. No domingo, em outra reportagem do Fantástico – programa da TV Globo –, ex-ginasta que não quis se identificar afirmou que, quando tinha 10 anos, foi filmado e fotografada na intimidade, a exemplo de colegas, pelo treinador.

Tanto ele quanto outros três atletas denunciaram tal situação em depoimento. Um deles – segundo a reportagem – explicou que o treinador tinha um armário onde guardava todo o material gravado. Na ação dos policiais civis na sexta-feira foram levados DVDs, CDs, pen drives, HD externo e fita cassete da casa dos pais de Fernando, onde o técnico também reside. Segundo o advogado de defesa Luis Ricardo Davanzo, inicialmente o ato policial pegou a ele, o cliente e os familiares de surpresa, mas os fatos apresentados no Fantástico justificaram a operação.

“Agora tem muito sentido o mandado de busca e apreensão. Passa a ter lógica depois da reportagem. Justifica o porquê do mandado. Na sexta-feira era inesperado, porque até então não tinham essas acusações de tirar foto ou filmar. Agora está justificado. Vamos aguardar a perícia”, afirmou o defensor.

Fernando e o advogado aguardam que todas as possíveis vítimas ou pessoas envolvidas sejam ouvidas – inclusive o próprio treinador deve ser convocado ainda neste mês – para que seja finalizado o inquérito policial e, por fim, saibam quais serão as acusações.

Na semana passada, ainda sem os relatos sobre fotos e filmagens, Luis Ricardo Davanzo havia dito que o cliente “nega as informações (apresentadas contra ele), diz que tem algumas coisas para poder esclarecer e esses esclarecimentos ele vai se dar ao direito de fazer perante às autoridades competentes no momento oportuno”. “O ônus da prova cabe a quem alega. Não cabe a ele provar a inocência, mas à acusação apresentar”, concluiu o advogado.


COB abre processo contra Goto e CBG

O Conselho de Ética do COB (Comitê Olímpico do Brasil) não se convenceu com o vídeo gravado pelo coordenador técnico da Seleção Brasileira, Marcos Goto, no qual diz que só sabia de boatos sobre os casos de abusos sexuais que teriam sido cometidos por Fernando de Carvalho Lopes, no Mesc (Movimento de Expansão Social Católica), em São Bernardo. O órgão abriu processo para averiguação e pediu explicações ao profissional e à CBG (Confederação Brasileira de Ginástica).

O processo foi aberto após representação encaminhada pela Associação dos Atletas do COB, assinada pelo ex-judoca Tiago Camilo. Goto e a CBG têm até amanhã para dar explicações.

Ontem, o Ministério Público de São Paulo abriu procedimento para apurar se os atletas que teriam sido abusados pelo treinador precisam de medidas protetivas como, por exemplo, determinar distância entre Fernando e eles. 




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