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Trabalho de formiguinha

Agentes de Saúde da UBS Centreville destacam trabalho de retirada de ex-usuária de drogas das ruas

Juliana Stern
09/04/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Um troféu. Para as agentes da UBS (Unidade Básica de Saúde) Centreville, em Santo André, é isso o que Amanda Cristina Marcoso, 37 anos, representa. Após trabalho diário ‘de formiguinha’, as profissionais contribuíram para a reabilitação da ex-usuária de crack, que deixou as ruas do bairro há sete meses e está há um ano longe das drogas.

“Foi uma questão de insistência, mas ela se abriu com a gente”, destaca a recém-formada psicóloga e agente comunitária da unidade de Saúde Vanda Aparecida Vitoriano, 50. “Ela me pegou pelo braço, me chamando de tia, pedindo ajuda porque estava passando mal”, lembra a profissional.

A partir da primeira consulta na unidade de Saúde, as idas ao consultório se tornaram rotina para a ex-moradora de rua. O trabalho da equipe fez com que Amanda criasse confiança e pedisse ajuda sempre que abusava dos entorpecentes ou se machucava. “Elas me abordavam, queriam saber como eu estava. Me senti acolhida, sabia que tinha para onde ir”, ressalta Amanda que, na época, morava em um caminhão.

A cumplicidade e também o trabalho da equipe de agentes de Saúde aumentaram quando Amanda chegou grávida ao consultório. “Ficamos preocupadas por causa do jeito que ela vivia naquele caminhão e com o uso de drogas”, conta a encarregada da unidade Centreville Angela Biazon.

Nesta época, Amanda pediu ajuda às agentes de Saúde para reencontrar a família, que não via há 12 anos. “Ela chegou um dia e disse que queria ir embora, voltar para casa. Perguntamos se ela tinha alguém, se sabia onde a família estava e ela nos disse que o pai morava no Parque Miami”, conta Angela.

Ao entrar em contato com a UBS Parque Miami as funcionárias conseguiram localizar o pai de Amanda, que não pensou duas vezes em reencontrar a filha. “Foi emocionante. Eu sentia vontade de fugir, mas elas (funcionárias) me seguraram. Quando vi meu pai não contive a felicidade”, conta a ex-moradora de rua sobre o momento do reencontro.

Hoje, porém, Amanda vive com a filha mais velha, de 15 anos, no Jardim Irene, mas afirma que segue livre do vício. Ela aguarda vaga em creche para o quinto filho, Lorenzo, que já está com 7 meses. “Sou muito grata a elas (agentes de Saúde)”, acrescenta Amanda.

Para as profissionais, observar mãe e bebê com saúde é um cenário digno de ser emoldurado. “Ela é nossa maior conquista. Ver que nosso trabalho conseguiu tirar alguém da rua é muito gratificante. Compensa o desgaste”, afirma Vanda.

ROTINA
As funcionárias da unidade de Saúde Centreville trabalham há três anos com moradores de rua e usuários de drogas que frequentam área abandonada na Avenida Professor Luiz Inácio de Anhaia Mello, altura do número 34.Devido ao uso intermitente dos entorpecentes o número de pessoas atendidas pelas agentes não é fixo, mas segundo Vanda, um vínculo já foi estabelecido com, pelo menos, cinco dos vulneráveis.

Após 16 gestações, sem-teto aceita tratamento
Tendo no caso de Amanda Cristina Marcoso, 37 anos, vitória, as agentes comunitárias da UBS (Unidade Básica de Saúde) Centreville encontram ânimo para ‘insistir’ no tratamento dos demais usuários de droga sem-teto que residem no bairro. “Abordar eles com respeito, como seres humanos e não como drogados é o que faz com que avancemos. Apesar dos avanços serem lentos”, ressalta a recém-formada psicóloga e agente comunitária da unidade de Saúde Vanda Aparecida Vitoriano, 50.

Exemplo de trabalho em construção é com a vulnerável Fernanda dos Santos Pereira, 31, usuária de entorpecentes desde os 12 anos e que já passou por 16 gestações – tem nove filhos vivos. Embora não tenham conseguido ajudar a moradora a deixar a situação de rua, desde o ano passado Fernanda concordou em usar anticoncepcional. A cada três meses ela se desloca até a unidade de Saúde para a aplicação do medicamento via injeção. “A primeira vez em que ela foi na UBS pediu para que eu não desistisse dela. Hoje temos vínculo forte”, conta Vanda.

Além de Fernanda, as agentes de Saúde atendem outros quatro usuários de drogas, que se reúnem na Avenida Professor Luís Inácio de Anhaia Mello. Os cuidados incluem desde orientações até curativos de ferimentos.




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