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A doceira de Rudge Ramos

A doceira de Rudge Ramos

Por Mauricio Silva
21/05/2017 | 07:00
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A jovem Madalena desenvolveu o talento de fazer doces com a mãe, Dona Verônica. Doces especiais. Mesclam o sabor austríaco, sua terra natal e a dos pais, com a cozinha brasileira. Ela cozinhava por prazer. As pessoas adoravam. Quando morava na Vila Zelina, em São Paulo, na divisa com São Caetano, teve um patrão norte-americano que se deliciava com as guloseimas que ela preparava.

A fama correu. A moça doceira. Parentes e conhecidos recorriam a Madalena. Aceitava encomendas para casamentos e festas. Nada cobrava. Nem pensava em tornar esta qualidade algo profissional, ela que desde a mais tenra idade trabalhou em vários ofícios.

Coube a três amigas a incentivarem: abra uma doceria. Mas como, com que dinheiro? As amigas insistiram, emprestaram 5.000 cruzeiros. E a doceria foi aberta, na Vila Zelina, em sociedade com uma amiga. Era o início de 1970.

Madalena, filhos criados, não parou mais. A amiga sócia casou-se. Deixou o negócio. Madalena continuou. João Klein, o marido, ficava no balcão. Não demorou muito e a família cruzou as divisas de São Paulo com São Caetano, e se estabeleceu em Rudge Ramos. Nascia, na Rua Angela Tomé, a Doceria Cristal.

O negócio prosperou. Dois filhos deixaram seus empregos para ajudar os pais. Funcionários foram contratados. Chegaram a 15. Empresas faziam encomendas. Queriam os doces de dona Madalena. Mais tarde, a comida vegetariana que ela preparava virou um novo negócio, o Restaurante Campestre, ao lado do Paço de São Bernardo.

Mas o negócio mesmo eram os doces. O restaurante foi vendido e a Doceria Cristal sobreviveu, com sucesso, até 2002, quando foi vendida. Desde então, dona Madalena curte a merecida aposentadoria.

Guloseimas da dona Madalena

Rosca austríaca, com segredo de massa

Apfel Strudell, sua especialidade

Sonho austríaco

Crocante de nozes

Torta húngara dobuch

A RELIGIOSA

Ainda doceira, dona Madalena e Sr. João compraram uma Kombi, que servia aos negócios da doceria. Nos fins de semana, de Kombi, dona Madalena levava crianças da comunidade à escola dominical Ciência Cristã, em São Caetano.

Um dia a Polícia a parou:

– O que a senhora faz com estas crianças?

– Estou voltando da igreja.

E com que orgulho dona Madalena abre o coração e conta essas passagens.

LINHA DO TEMPO

1925 (29 de novembro) – Madalena nasce na Áustria.

Pais: João Lack e

Verônica Lack

1926 (julho): a família, vinda de Viena, desembarca no Porto de Santos; Madalena tinha 10 meses de idade. Na qualidade de imigrantes, os Lack sobem a Serra do Mar e passam a morar no bairro da Mooca, em São Paulo.

1936 – Aos 11 anos, Madalena começa a trabalhar. Recebia 2.000 réis lavando louças na casa de uma amiga.

1938 – Aos 13 anos já era gerente numa loja de roupas, propriedade de um casal de judeus. Sentia vergonha porque tinha que dar ordens a pessoas mais velhas.

Atividades – Trabalha na produção da Matarazzo e numa fábrica de cerveja.

Já mocinha, sua família muda para a Vila Prudente

1942 – Começa o namoro com o futuro marido, João Klein.

1943 (setembro) – O casamento de Madalena e João. Dessa união nasceram três filhos biológicos: Valter, Ivone e Eduardo. Elena foi a quarta filha, adotada.

1985 – Quase 60 anos depois de ter chegado ao Brasil, volta à Áustria. Revê os irmãos e amigos, para retornar, feliz, ao país que a adotou – e que foi adotado por ela.

1991 – A aposentadoria

1995 – A partida do marido.

HOJE

Dona Madalena continua em Rudge Ramos. Vive com os filhos, sete netos e dois bisnetos. É agradecida: “Só tenho a agradecer pelo Brasil ter acolhido a minha família com tanto carinho”.

Diário há 30 anos

Quinta-feira, 21 de maio de 1987 – ano 30, edição nº 6447

Manchete – Assembleia Legislativa vota a favor do gatilho salarial e derrota Quércia (Orestes): 56 votos a 27. O governador pretendia acabar com o gatilho salarial para o funcionalismo público.

Santo André – Casas de jogos não respeitam

a lei municipal número 6.024, de dezembro de 1983, que regulamento o funcionamento das casas e diversões eletrônicas a distância de

300 metros de qualquer escola.

Informática (Ivone Santana) – Constituinte mantém reserva de mercado, apesar de polêmica.

Primeira Divisão – No Estádio Bruno Daniel:

EC Santo André 3, Botafogo, de Ribeirão Preto, 2.

Cultura – O escritor Oswaldo França Junior participa da 3ª Semana Livrespaço de Poesia, em Santo André. E discorre sobre o voo pela literatura. Reportagem: Mauricio Milani.

Em 21 de maio de...

1917 – A guerra. Do noticiário do Estadão:

o envio de tropas norte-americanas para

a França.

1962 – Inaugurado o novo teatro da Sociedade de Cultura Artística de Santo André – Scasa – na Rua Coronel Alfredo Flaquer, 318, com a peça Diabinhos de Saias, de Norma Krasna, dirigida e interpretada por Bibi Ferreira. No elenco: Júlia Salomão, Wanda Marquetti, Osmar Cardoso, Armando Bogus, Amandio e Renato Master.

1967 – Lançada a pedra fundamental da igreja Nossa Senhora do Paraíso, à Rua Macaúba, ao lado do grupo escolar, em Santo André. O terreno era propriedade da Ação Social Nossa Senhora do Paraíso.

Hoje

Dia da Língua Nacional

Santos do Dia

Cristóforo Magalhães

Sinésio

Benvenuto

Valente

Municípios Paulistas

Hoje é o aniversário de Jumirim, Nantes e Paulistânia.

Municípios Brasileiros:

Celebram aniversários em 21 de maio:

n Tombos, em Minas Gerais; e Torres, no litoral do Rio Grande do Sul.

Fonte: IBGE




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