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Governo coloca Rota nas ruas para abafar onda de terror
Do Diário do Grande ABC
17/05/2006 | 08:33
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Para abafar a onda de terror, o governo do Estado colocou a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) nas ruas. Desde domingo, o grupo de elite da PM virou o jogo com mais mortes que prisões. Com ajuda da Rota, só na madrugada de terça-feira a corporação matou 19 suspeitos, quatro deles no Grande ABC. Nenhum policial foi ferido ou morto. Até a tarde de terça, 71 supostos criminosos haviam sido mortos, contra 29 policiais.

Da noite de sexta-feira à de domingo, o balanço era desfavorável para as forças de segurança do Estado. Exatos 14 suspeitos mortos contra 25 policiais. Até então, 80 homens haviam sido detidos. Desde a noite de domingo, depois do reforço da Rota e da Tropa de Choque no patrulhamento, foram 57 mortes de suspeitos e apenas 33 prisões. O comandante-geral da PM, Elizeu Eclair, elogiou a ação de seus homens. “A caça continua”, afirmou.

Na noite de domingo, Eclair havia anunciado que a PM não se acovardaria, após entidades de classe sugerirem que os homens recuassem no confronto. O comandante, orgulhosamente, anunciou mais Rota e Choque nas ruas e avisou: “Bandido tem que ser preso e, se houver confronto, morto”.

Entre os PMs da região, os grupos que representam o ostensivo do ostensivo dentro da corporação têm um quê de redentores. Pais de famílias acuados, que escondem a farda atrás da geladeira para não ser descobertos em vizinhanças perigosas, sentem-se mais seguros com os sangue nos zóio (policiais da Rota) nas ruas. A sociedade, em momentos de crise como este, também.

Em incursão à região na madrugada de terça-feira, a Rota matou quatro suspeitos de participação dos atentados desencadeados na última sexta-feira na favela do Jardim Farina, na periferia de São Bernardo. Segundo a corporação, todos os suspeitos atiraram contra a PM, dando início ao fogo cruzado.

Em nenhum dos confrontos, policiais foram feridos ou tiveram a viatura baleada. Todos os suspeitos foram baleados no peito ou no abdômen. Os baleados foram socorridos nas viaturas e morreram nos pronto-socorros.

Os policiais da Rota deveriam ter sua ação restrita a São Paulo, mas foram deslocados para São Bernardo para reforçar o policiamento no Grande ABC após o início da onda de atentados. Na rua estreita da favela, os PMs encontraram um grupo formado por cerca de dez pessoas. Segundo os policiais, alguns dos homens carregavam “armas longas”. Quando perceberam a aproximação da viatura, abriram fogo, dando início a intensa troca de tiros. Um homem foi morto, por volta da meia-noite. Duas horas mais tarde, uma nova equipe da Rota voltou na favela e matou mais um homem.
Os policiais pediram reforço. Ao todo, eram cerca de 15 homens no Farina. Mais dois suspeitos foram mortos. Até terça-feira, a polícia não sabia quem tinha matado. Apenas um estava com documentos de identificação.

Diferente do que ocorre com a Rota, as ações dos policiais militares das Forças Táticas da região têm menos mortos e mais presos. Na segunda-feira, a PM prendeu um alto membro do PCC em Mauá. Sem tiros ou mortos. Outros três suspeitos de colocarem fogo em ônibus no bairro Campanário foram presos na manhã de terça-feira, em Diadema. Na ocorrência que matou o PM Anderson Andrade, na madrugada de sábado, em Santo André, um morto, um ferido e um preso. Os outros dois homens, suspeitos de seqüestrarem um PM de folga, foram mortos depois de acertaram um sargento da PM no braço.

Na terça-feira, a situação ainda era de alerta, admitia a PM. Na região, mais policiais estavam nas ruas. O major José Quesada Farina, do Comando de Policiamento Metropolitano de Área 6, informou que as folgas estavam diminuídas até segunda ordem do comando-geral da corporação. Desde sexta-feira, 251 ataques haviam sido cometidos contra bases comunitárias, policiais, viatura da PM, entre outros.

O trabalho da Polícia Civil, informou o delegado seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Santos, é mais a longo prazo, para erradicar definitivamente facções criminosas. O objetivo, segundo ele, é pegar os peixes grandes do crime organizado, que ainda atuam fora da prisão, e neutralizar os que já estão presos. A estratégia, que obviamente não podem ser divulgadas, foram definidas em reunião na terça-feira entre a cúpula da Polícia Civil, na Secretaria de Estado da Segurança Pública. “Não queremos revide, vingança. Temos de quebrar a perna dessa estrutura para que ações de quadrilhas como essa não ocorram nunca mais”, definiu.



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