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Programas de trainees chamam a atenção de recém-formados
Por Michele Loureiro
Especial para o Diário
08/04/2007 | 07:22
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A cada ano cerca de 400 mil universitários concluem o terceiro grau no Estado de São Paulo.

Os números, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), assustam os recém-formados. "A primeira coisa que vem a cabeça é: será que eu vou conseguir? Será que o mercado terá espaço para todo mundo?", desabafa a estudante do último ano de jornalismo, Domitila Carbonari, 21.

De acordo com a consultora de RH da Catho, Glaucia da Costa Santos, há espaço para todos, o que muda são os níveis de oportunidades. "É uma questão de lógica, quanto mais preparo o recém-formado tem, maior sua chance de ter um bom emprego", diz.

A meta de muitos desses jovens é ingressar no mercado como trainees, um programa concorrido no qual a empresa, geralmente de grande porte, seleciona indivíduos para treinamento e para, depois de um acúmulo de experiência, assumir algum cargo importante.

As vagas de trainees chamam atenção não só pelo status, mas também, ou talvez até mais, pelo generoso salário inicial que varia em média de R$ 1,5 mil a R$ 3,5 mil.

Como a procura pelas vagas de trainee é enorme, os interessados enfrentam uma espécie de segundo vestibular. Na verdade, em muitos casos, essa alucinada corrida possui uma concorrência bem maior que o processo seletivo das principais universidades. Algumas empresas chegam a receber inscrições de 30 mil candidatos para 30 vagas. "Não importa o quanto eu tenha que estudar, eu quero ser trainee", diz Domitila.

Esse também era o sonho de Ana Carolina Andrade, 25, que há dois anos se inscreveu em três programas de trainees, e depois de ser reprovada em dois, quase perdeu as esperanças, "Sempre quis participar dos programas e quando me vi quase sem saída, fiz até promessa. Quando soube que tinha passado no último programa, fiquei extremamente feliz", conta a trainee da C&A.

A consultora da Catho diz que para se diferenciar dos inúmeros candidatos que concorrem aos postos de trainees é preciso ir além dos requisitos mínimos, que são inglês fluente, conhecimentos em informática e bom relacionamento. "É preciso ser diferente, mostrar que se for contratado fará a diferença naquele lugar", diz Glaucia.

Mas nem todas as histórias que envolvem trainees tem o final feliz. Um dado da Companhia de Talentos, entidade que divulga vagas para a área, mostra que cerca de 5% dos aprovados abandonam o programa nos meses iniciais. "Para você ter um retorno precisa se doar por inteiro. Às vezes é cansativo, esperam muito da gente", conta Ana Paula.

"Viagens longas, horas a mais de trabalho e pressão são reclamações constantes dos trainees. Mas é preciso saber que se você quer chegar longe precisa se doar ao máximo", conta Glaucia.

A recompensa por tanto esforço, na hora da seleção e durante o processo (que pode levar de 6 meses até 3 anos), é um posto importante na empresa e uma estabilidade econômica rara para jovens que mal ingressaram no mercado de trabalho. "É bom para a empresa, que capacita da sua forma e para o jovem que se vê empregado", diz Glaucia. (Supervisionado por Leone Farias)



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