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Dakar Flex traz coração brasileiro
Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
13/07/2011 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Pedra Grande, Atibaia, interior de São Paulo. Em frente a uma verdadeira parede com 30 graus de inclinação, o supervisor de engenharia e novos projetos da Mitsubishi, Fábio Maggion, ordena: "Engate a marcha 4x4 reduzida, coloque o seletor do câmbio na primeira marcha (modo sequencial), solte o freio de estacionamento e, pé no acelerador!".

Com a dúvida de que o novo Pajero Dakar Flex venceria este obstáculo, obedeci as ordens e me entreguei à aventura.

Nessa hora, o grandalhão, que supera as duas toneladas, vai escalando a pedra com a elegância de uma modelo que desfila a última coleção outono-inverno na passarela. Em questão de segundos, chegamos à parte alta. Ufa! E para a segurança, melhor parar o carro e voltar ao modo de tração 4LLC (4x4 com diferencial central bloqueado).

Pensa que acabou? Agora é hora de cruzar a pedra com inclinação lateral. Mais uma vez as garras do Dakar grudam na pedra.

É aí que percebemos como o trabalho da engenharia contribui para os avanços das tecnologias atuais. Uma pena que nem todo mundo aproveita essa força trazida das competições off-road para as ruas. Há quem pague R$ 134.990 por um veículo desses e não deixa o asfalto...

Mas do outro lado da moeda, para quem curte essa praia (neste caso, a terra) a diversão é garantida.

O Pajero Dakar deu as caras por aqui em 2009, quando passou a ser importado do Japão pela Mitsubishi. Até então vendido apenas na versão movida a diesel, o modelo acaba de ganhar nacionalidade brasileira e passa a ser produzido na fábrica da marca em Catalão, Goiás.

Para baixar os custos com componentes e, principalmente, reduzir o IPI - de 25% para 18% - a Mitsubishi precisou mexer no coração do modelo, que agora passa a beber etanol e gasolina.

Isso deu mais fôlego ao veículo, que subiu de 165 cv para até 205 cv com o derivado da cana no tanque (este tem capacidade para 90 litros, 70 na versão diesel).

Para continuar na nossa aventura e ver do que este mamute é capaz, resolvemos desviar o caminho e desbravar as trilhas da região. Com carroceria sobre chassi, eixo rígido e nova calibração no sistema de suspensão, o modelo chega cheio de coragem ao trecho off-road do teste.

Subidas, descidas íngremes, erosões, lama... Obstáculos vencidos com maestria pelo Dakar que carrega sob o capô uma montanha de força - o torque máximo é de 33,5 mkgf a 3.500 rotações, com etanol.

Na estrada, o modo 4H (4x4 com diferencial central atuante) ajuda a dar mais estabilidade. E, para abusar de todos os modos do sistema de tração Super 4WD, na cidade, é hora de engatar o 4x2, que trabalha apenas com a tração traseira, o que ajuda na economia de combustível, já que assim o motor se esforça menos (a troca pode ser feita a até 100 km/h).

Por falar em cidade, com 4,70 metros de comprimento e 1,82 de largura, o jipão não passa despercebido pelas ruas. E a cor branca contribuiu ainda mais para isso - 33% do modelo sai das revendas vestindo esse tom na carroceria.

Suas respostas são rápidas, mesmo na hora de parar - aqui os freios antitravamento 4-ABS com EBD ficam responsáveis por conter a euforia do motor 3.5 V6 de 24 válvulas, auxiliado pelo câmbio automático de quatro marchas com opção de trocas sequenciais, através de movimentos na alavanca.

 

Tecnologia que vem de berço

 

Dentro da cabine, as poltronas (ou melhor, os bancos) nos permitem esquecer que estamos a bordo de um utilitário.

Os sete bancos (a terceira fileira fica embutida no assoalho quando rebatida) são revestidos em couro e tecido. O volante tem boa empunhadura e conta com comandos do áudio e do controlador de velocidade.

O sistema multimídia garante pontos para o modelo no quesito funcionalidade. O GPS integrado em 3D - totalmente em português - mapeia mais de 1.250 cidades. Tudo, numa tela touchscreen com sete polegadas, que desliza para exibir as entradas para CD, DVD, MP3, bluetooth com viva-voz e entrada USB.

No mais, sensor de chuva e de luminosidade, ar-condicionado automático com saídas para a terceira fileira de bancos, retrovisores externos rebatíveis eletricamente e revestimento em couro para as manoplas do câmbio e da transferência de tração, fazem parte do pacote.

Para a segurança, destaque para o duplo airbag - item que esperamos não necessitar de teste.

Por fora, o visual permanece exatamente o mesmo da versão a diesel, com exceção da inscrição Flex colada na carroceria. Aqui, os faróis de neblina têm contornos cromados, assim como a grade dianteira e as maçanetas das portas.

As rodas (que ganharam redesenho) são de liga leve com 17 polegadas, calçadas por pneus 265/65 R17.

O sensor de estacionamento é o único item opcional do modelo, mas a marca não divulga o preço, que pode variar dependendo da revenda.




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