Centenas de iraquianos manifestaram-se nesta quarta-feira contra a presença das tropas da Grã-Bretanha em Basra (sul), após uma intervenção à força para recuperar dois soldados britânicos presos, mas os governos dos dois países tentaram minimizar a repercussão do caso.
O premiê iraquiano Ibrahim Jaafari estava nesta quarta-feira em Londres onde afirmou, num encontro com o ministro britânico da Defesa, John Reid, que as relações entre os dois países não seriam afetadas pelos acontecimentos de Basra, grande cidade do sul situada a 550 km de Bagdá.
Cerca de 300 pessoas se manifestaram na cidade para exigir a partida das tropas britânicas, o envio à justiça iraquiana dos dois soldados britânicos recuperados e a demissão do chefe de polícia da província, acusado de ser um "agente".
Moradores e policiais, reunidos ante o quartel-general da polícia também pediram indenizações e desculpas pela "destruição" da delegacia - os soldados britânicos haviam destruído a parede de sustentação com um blindado.
"Condenamos os atos ilegais das tropas britânicas", lia-se numa das bandeirolas levadas pelos manifestantes. "Não à ocupação", diziam.
Os soldados britânicos, enquanto membros da Força multinacional, não são submetidos à lei iraquiana.
"Os britânicos nos prometeram a soberania. Então onde está esta soberania, se eles destroem nossa delegacia de polícia?", gritou um manifestante.
O secretário americano de Defesa, Donald Rumsfeld, tentou acusar o Irã por este caso, advertindo Teerã de não manter ilusões sobre suas chances no sul do Iraque. Mas Teerã imediatamente desmentiu qualquer intromissão no país vizinho.
Segunda-feira, soldados britânicos recuperaram pela força dois de seus homens pegos por integrantes do Exército de Mehdi, do líder xiita radical Moatada al-Sadr depois de terem sido interpelados pela polícia local.
Segundo fontes policiais, os milicianos queriam se servir dos soldados para obter a libertação de um dos seus chefes detidos por britânicos.
"Isto não afetará as relações entre o Iraque e a Grã-Bretanha", declarou Jaafari, saudando a "sólida relação" que os une, numa entrevista à imprensa junto com Reid. Ele também qualificou a ação britânica de "incidente lamentável". A Grã-Bretanha mantém 8,5 mil soldados no Iraque.
Enquanto isto, a violência voltou a fazer mortes no país. Cinco rebeldes e três membros das forças de segurança iraquianas foram mortos em Bagdá, numa troca de tiros em torno de uma residência onde um iraquiano estava sendo mantido como refém, segundo o ministério do Interior.
Ainda em Bagdá, dois membros dos comandos de polícia foram mortos e dois ficaram feridos, num ataque com armas automáticas.
Em Mossul (norte), Firas Al-Maadhidi, 36 anos, o chefe do escritório do jornal al-Safir foi morto por dois homens armados na terça-feira diante de sua casa, segundo a redação do jornal. Uma jornalista do mesmo jornal, Hind Ismaïl, 28 anos, foi seqüestrada e morta com uma bala no coração. Seu corpo foi encontrado domingo.
O exército americano, em Duluiyah (75 km ao norte de Bagdá) realizou operações aéreas no dia seguinte a um ataque contra um comboio de caminhões civis escoltados por seus soldados, num episódio em que quatro pessoas morreram. Dois soldados americanos e dois fornecedores do exército foram feridos.
Já a Comissão Eleitoral independente anunciou a impressão de três milhões de cartazes para encorajar os iraquianos a participar do referendo sobre o projeto de Constituição, previsto para 15 de outubro.
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