Cultura & Lazer Titulo
Sesc fará festival dos melhores filmes do ano
Por Do Diário do Grande ABC
18/04/1999 | 15:42
Compartilhar notícia


Já faz parte da tradiçao cultural da cidade, embora nao integrado ao calendário oficial de Sao Paulo: há 26 anos o Sesc realiza em março o festival com os melhores filmes do ano, eleitos pelo público e pela crítica. Este ano o evento nao será realizado no Cinesesc, fechado para reformas. Justamente por conta disto, foi transferido para abril, devendo os filmes ser exibidos no Cineclube Vitrine.

Como sempre, um filme inédito abre a programaçao, em cerimônia exclusiva para convidados: às 21 horas de segunda (19), em presença do diretor, será projetado O Viajante, que Paulo César Saraceni realizou baseado em Lúcio Cardoso, encerrando sua trilogia de obras adaptadas do escritor (as outras duas: Porto das Caixas e A Casa Assassinada). Filme operístico, que se desenvolve num registro antinaturalista, O Viajante traz Marília Pêra no papel de uma inesquecível Medéia perdida no sertao de Minas, cheia de desejo e culpa.

Vencedor do prêmio do júri no Festival de Brasília, O Viajante também recebeu o Candango de melhor música (para Túlio Mourao, Paulo Jobim e Sérgio Saraceni). Segundo Luiz Zanin Oricchio, que cobriu o festival para o Grupo Estado, está longe de ser um filme perfeito, com seus excessos de retórica, mas proporciona um mergulho tao dilacerado quanto profundo na alma humana, sendo de destacar a qualidade da fotografia, creditada ao grande Mário Carneiro. A estréia está prevista para o fim de maio (ou início de junho), no Rio e em Sao Paulo.

O Festival de Melhores Filmes do Sesc tem caráter retrospectivo. Na terça-feira (20), começa a seleçao dos melhores filmes de 98, que este ano será exibida simultaneamente na unidade do Sesc em Sao Carlos. Para cinéfilos, trata-se de uma oportunidade rara para ver (ou rever) os melhores filmes exibidos no circuito comercial de Sao Paulo no ano passado. Público e crítica votam no melhor filme, melhor diretor, melhor ator e melhor atriz de duas categorias: cinema nacional e estrangeiro.

Central do Brasil, de Walter Salles, foi o melhor filme brasileiro do ano passado para os críticos, seguido por Boleiros de Ugo Georgetti, e Amor & Cia., de Helvécio Ratton. Central também foi o melhor para o público, seguido, surpreendentemente, por Coraçao de Iluminado, de Hector Babenco, que é tudo, menos um filme palatável para platéias esclarecidas. Entre os estrangeiros, a liderança, para os críticos, ficou com Carne Trêmula, de Pedro Almodóvar, seguido de Hana-Bi - Fogos de Artifício, de Takeshi Kitano, Festa de Família, de Thomas Vinterberg, O Show de Truman - O Show da Vida, de Peter Weir, e A Eternidade e um Dia, de Theo Angelopoulos.

Houve uma inversao para o público: Festa de Família foi o melhor filme e Carne Trêmula o segundo, ficando Viagem ao Princípio do Mundo, de Manoel de Oliveira, em terceiro (foi nono para a crítica). Hana-Bi ficou entre os dez mais do público, mas relegado ao oitavo lugar e ainda empatado com Melhor É Impossível, de James L. Brooks, uma escolha um tanto insensata, nivelando um filme de rara invençao com outro que é puro clichê hollywoodiano (embora tratado com certa classe).

Walter Salles foi o melhor diretor nacional para o público e os críticos (Central do Brasil será exibido na terça-feira no Vitrine e no Sesc de Sao Carlos). Fernanda Montenegro, como nao poderia deixar de ser, foi a melhor atriz também para o público e os críticos. Nao houve unanimidade na categoria de ator: Marco Nanini ganhou para os críticos (por Amor & Cia.), mas o público preferiu José Dumont (por Kenoma). Ponto para o público. Para a crítica, deu empate na categoria de melhor diretor de filme estrangeiro: dividem a láurea Pedro Almodóvar e Thomas Vinterberg. Para o público, Almodóvar ganhou sozinho.

Robert Duvall foi o melhor ator (por O Apóstolo) e Judi Dench e Robin Wright Penn empataram na categoria de melhor atriz (por Sua Majestade Mrs. Brown e Loucos de Amor). Isto para os críticos. Para o público, Jack Nicholson foi o melhor ator (por Melhor É Impossível) e Christina Ricci, a melhor atriz (por O Oposto do Sexo). Esquecidos pelo público, O Rio, de Tsai Ming-liang, foi o sétimo melhor filme estrangeiro para os críticos (empatado com Caráter, de Mike Van Diem), e A Enguia, de Shoei Imamura, o sexto. O Festival Melhores Filmes vai até o dia 13.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;