A dona de casa Edinalva dos Santos, 37 anos, pôde sorrir no dia de ontem e comemorar, que, por alguns dias, terá alimentação de qualidade garantida para os cinco filhos. A mulher que vive em situação de miséria foi contemplada com doações de alimentos, roupas e calçados por alguns leitores que manifestaram interesse em ajudá-la após a reportagem Famílias Invisíveis são Isoladas pela Fome, publicada neste caderno no domingo.

O pequeno barraco onde mora em uma viela no Jardim Santo André, em Santo André, teve todo seu espaço ocupado pelas doações e com a visita de pessoas que fizeram questão de conhecer Edinalva, e ficaram chocados com as precárias condição de vida que ela e os filhos são submetidos.

"Quero conhecer o menino que gosta de chocolate e que faz tempo que não come para presenteá-lo com o doce", disse ansioso o funcionário público João Batista Rodrigues, 50 anos.

Quando souberam das visitas, os garotos vieram correndo pela rua coberta por lama.
A microempresária Cleuza Maria Cavalari, 56 anos, e o marido fizeram questão de abrir as caixas para entregar os objetos que levaram. "É muito gratificante para nós poder ajudar as pessoas que estão na miséria. A sociedade precisa acordar para sanar o problema da fome", disse Cleuza.

Sem conhecer a família, o comprador de Ribeirão Pires, Edmilson Vignotto, doou 60 pares de calçados infantis de menina para a família. Como Edinalva não tem filhas mulheres, logo separou para doar para vizinhas e sobrinhas que necessitam.

REPERCUSSÃO
A sensibilização da sociedade com as histórias de miséria que impossibilitam o direito às três refeições diárias fez com que os telefones da Cufa (Central Única das Favelas) não parassem de tocar.

"Ficamos felizes em conseguir que as pessoas colaborem com os carentes que não têm condições e, que infelizmente, são esquecidos pelo poder público. Só nesta semana foram cerca de 65 ligações de pessoas querendo fazer doações", disse o presidente da entidade Evandir Francisco dos Santos.