A Matrix Internet, quinta maior provedora de acesso pago à rede mundial de computadores do país, vai investir cerca de US$ 50 milhoes até o início do segundo semestre para conquistar o mercado corporativo brasileiro. A estratégia envolve a construçao de um data center - uma espécie de banco de dados virtual para armazenar software e também a locaçao de hardware - em Sao Paulo e o fornecimento de uma série de serviços de ASP (da sigla em inglês para provedor de soluçoes e aplicativos).

O empreendimento foi viabilizado pelo aporte de capital do grupo controlador Primus Telecommunications, que é dono de 51% da Matrix. "Estamos nos alinhando cada vez mais com o grupo e hoje podemos dizer que somos a Primus América Latina", afirma o diretor-presidente da Matrix Internet, Eber Lacerda.

O data center deve entrar em funcionamento até setembro, e permitirá que a Matrix ofereça serviços como a locaçao de espaço virtual (hospedagem) de sites e conteúdos ou de espaço físico para equipamentos de hardware (co-location). Também estará disponível o acesso dedicado (sem necessidade de conexao a uma linha telefônica) à Internet em âmbito nacional e internacional, além de soluçoes de comércio eletrônico e redes privadas (VPNs).

"Os data centers sao como os bancos antigos, que tinham como funçao básica guardar e emprestar dinheiro", afirma Lacerda. "Só que a nossa moeda, muito mais valiosa, é a informaçao." Os investimentos apenas em obras e infra-estrutura devem atingir US$ 25 milhoes. O prédio, de sete mil metros quadrados de área construída, será à prova de acidentes naturais como tempestades, incêndios e inundaçoes, e capaz de suportar a falta de energia por até dois meses.

Uma supervia de comunicaçao montada sobre um par de fibras óticas, a um custo de US$ 21,4 milhoes, garantirá a conexao no eixo Sao Paulo/Rio/Nova York a uma velocidade de 155 megabites por segundo. "Assim podemos oferecer a nossos clientes a opçao de trabalhar com back bones (infra-estrutura) de fora do País e se comunicar com os data centers da Primus nos EUA, Canadá, Inglaterra, Austrália e Japao", explica Lacerda.

De acordo com o diretor de Marketing da Matrix, Luiz Gustavo Dutra, o novo serviço terá como clientes desde grandes empresas nacionais e estrangeiras até internautas que queiram hospedar seus sites, passando pelo chamado mercado SoHo (da sigla em inglês para pequenos escritórios domésticos, de consultorias e profissionais liberais).

Preços - O custo, para os clientes, será de cerca de R$ 50 por mês pela hospedagem de um domínio da Web. "Mas fechamos com um cliente que vai nos pagar US$ 36 mil mensais para alugar 150 metros quadrados de nosso hardware e armazenar todos os seus dados", revela Dutra.

Ele afirma que o data center já conta com clientes de peso. Mas o sigilo dos nomes é garantido por contrato. A localizaçao das obras, em um terreno na zona Sul de Sao Paulo, também é mantida em segredo, segundo Lacerda "para evitar que o prédio sofra sabotagens na única fase em que está vulnerável a esse tipo de açao".

Os diretores negam que a estratégia de trocar o mercado doméstico pelo corporativo tenha sido adotada em resposta ao avanço dos provedores de acesso gratuito, que empurraram a empresa para a nona posiçao em número de assinantes, de acordo com um levantamento do Canal Web. "Os provedores gratuitos abriram espaço para que mais pessoas se conectem à Internet e depois venham nos procurar em busca de serviços diferenciados", afirma Lacerda.