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Tanque de areia é banheiro de animais e facilita doenças
Por Luciana Yamashita
Especial para o Diário
09/09/2006 | 19:20
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A responsabilidade para quem possui um bichinho de estimação não pára apenas no trato com o animal. O cuidado com a sociedade também precisa ser levado em conta pelos donos de gatos e cachorros quando o assunto é a sujeira produzida pela bicharada. Segundo médicos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), as fezes dos animais precisam ser recolhidas para evitar que as pessoas, especialmente crianças, sejam contaminadas. Locais públicos, principalmente aqueles com tanques de areia para crianças, são lugares propícios para a contaminação pelo verme que provoca a toxocaríase.

A doença é transmitida pela ingestão de ovos do verme toxocara canis (lombriga do cachorro) ou toxocara gatis (lombriga do gato), presentes geralmente nas fezes dos filhotes de animais. Isso porque os cães e gatos adultos costumam estar vermifugados. “O ideal seria que as fezes dos animais nas ruas fossem recolhidas pelos donos, para evitar qualquer risco de contaminação. As crianças pegam coisas no chão, põem a mão na boca e podem pegar a doença”, explica o médico pediatra e professor da Unifesp, Gilberto Petty.

A contaminação se dá principalmente em crianças pela questão da imunidade baixa. A doença pode se desenvolver ou não no corpo humano. “Ela pode se manifestar e isso depende do número de ovos que o indivíduo ingeriu”, diz o também professor da Unifesp e médico-pediatra Wagner Sérgio Silvestrini. Ele orientou tese sobre a toxocaríase nos anos 1990.

Os sintomas da doença costumam ser pulmonares. “A toxocaríase pode parecer um quadro de asma devido à dificuldade de respiração e tosse que o paciente apresenta. Mas a larva pode parar em qualquer parte do corpo, principalmente no fígado e no pulmão”, afirma Silvestrini. Caso o verme atinja os olhos, a ocorrência é mais grave e pode ocorrer perda de visão. Mas, o tratamento é simples e, com vermífugos ministrados durante uma semana ou dez dias, é possível tratar a doença. O diagnóstico é feito com exame de sangue e sorologia.

No caso de condomínios onde existem áreas comuns, a presença de animaizinhos exige atenção. O presidente da Associação dos Condôminos em Auto-Gestão do ABC, Gilson Cabrini, explica que é preciso verificar se o condomínio permite a presença de animais e, se positivo, há que se tomar cuidado e seguir o regulamento interno. “Normalmente, é proibido circular nas áreas comuns com o cachorro para evitar as doenças. Os bancos de areia quase não existem mais nos prédios. A tendência é a grama sintética, mais higiênica.”

Na escola Centro Educacional Paineira, em Santo André, o tanque de areia em que as crianças brincavam foi retirado há três anos. Hoje, a área dos brinquedos é cimentada. “Nós tomamos a decisão em parceria com os pais de alunos porque observamos que muitos gatos e cães usavam o tanque para fazer necessidades”, conta a coordenadora pedagógica Maria Inês Pardini. A preocupação se deu porque a escola atende a crianças de dois meses e meio até três anos.

A Secretaria de Estado da Saúde informa que a doença não é considerada surto e, por isso, não há dados específicos sobre casos e pacientes.



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