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Lábio leporino: espaço ocioso no ABC
Verônica Fraidenraich
Do Diário do Grande ABC
29/07/2005 | 08:27
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A Faculdade de Medicina do ABC, um dos mais antigos centros médicos da região para pacientes com lábio leporino, está com cerca de 50% da capacidade de atendimento ociosa. Da média de dez pacientes atendidos às quintas-feiras, a procura diminuiu para apenas cinco. Segundo o médico Alpheu Pezzolo, chefe do Ambulatório de Fissurados da Faculdade, a queda no atendimento ocorre há quatro meses, mas ele não sabe explicar o motivo. Talvez seja apenas um caso de desconhecimento da população.

Pezzolo lembra que o ambulatório é o único no Grande ABC a oferecer as cirurgias de lábio e palato (céu da boca) necessárias a quem tem o lábio leporino. O médico explica que, se necessário, o paciente pode passar, após a primeira cirurgia corretiva, por outras cirurgias para retoques no nariz e nos lábios. Para o atendimento, a Faculdade conta com uma equipe multidisciplinar que inclui pediatra, médico buco-maxilo especializado em fissurados, cirurgião plástico, fonoaudiólogo, otorrinolaringologista e psicólogo.

O lábio leporino é uma doença congênita pouco conhecida pela população. Luana de Oliveira Guimarães, 20 anos, nunca tinha ouvido falar no assunto até o nascimento da filha Yasmin Albainu, hoje com um ano. Ele teve o bebê na capital e, como não conseguiu realizar a cirurgia por lá, procurou o ambulatório. Yasmin já operou o lábio e em breve vai operar o céu da boca. "Consegui marcar rápido a cirurgia, foi muito bom", comenta a mãe.

Crianças com lábio leporino, além de enfrentar problemas sociais relacionados à falta de aceitação, podem não se alimentar corretamente, ter dificuldades de dicção e ainda contrair doenças como pneumonia e otite de repetição. "A primeira cirurgia deve ser feita aos sete meses de idade", explica o cirurgião-plástico da Faculdade de Medicina, Fabrício Yui. A cirurgia no céu da boca é feita entre 12 e 18 meses depois da primeira operação. Ambas são realizadas no Hospital de Ensino Padre Anchieta, em São Bernardo.

Fatores genéticos são a principal causa do lábio leporino e da fissura no céu da boca. Estudos mostram que se a mãe ou o pai tem o problema, a chance de o filho também tê-lo é de 17%, contra apenas 0,1% para crianças cujos pais que não têm a doença. O residente em cirurgia plástica da Faculdade Flávio Quinalha lembra que, na gravidez, o uso de corticóides, remédios anticonvulsivos, cigarro e outras drogas também podem provocar a doença.

Ambulatório de Fissurados – Faculdade de Medicina do ABC, anexo 2 – avenida Príncipe de Gales, 821, bairro Príncipe de Gales, Santo André. Atendimento às quintas-feiras, das 8h às 12h. Tel. 4993–5458.




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