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MP move ação contra Atila por ligações clandestinas da Sama

Promotoria de Mauá diz que deputado estadual autorizou instalação ilegal por motivos eleitorais

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
05/11/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Promotora de Patrimônio Público e Social de Mauá, Letícia Lourenço Costa ajuizou ação civil pública contra o deputado estadual e pré-candidato ao Paço mauaense Atila Jacomussi (PCdoB) por ato de improbidade administrativa. A Promotoria concluiu que o parlamentar foi responsável e teve intenção de fazer ligações clandestinas de água a moradores da Viela Kassap, no Jardim Itapeva, em 2014, quando estava à frente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá). O inquérito foi motivado depois de o Diário denunciar o caso com exclusividade, em março do ano passado. Agora cabe à Justiça decidir se aceita o pedido da promotora. Atila se diz “tranquilo” (leia mais abaixo).

Na ação, ajuizada no dia 20, o MP responsabiliza Atila por “evidente prejuízo aos cofres públicos” ao autorizar a instalação de cavaletes sem o hidrômetro, ou seja, sem a presença do dispositivo que registra o consumo da água e que é usado para o cálculo do valor das tarifas, a munícipes da Rua Armando Benedetti e da Viela Kassap.

A promotora sustenta que o parlamentar “valeu-se de seu cargo (na Sama) para tirar algum proveito”, infringindo os artigos 10º e 11º da Lei 8.429/92 (sobre improbidade administrativa) e a Constituição Federal, os quais condenam a prática de prejuízo ao erário – impediu o cômputo do consumo de água – e a violação dos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência. Se condenado, Atila perderá os direitos políticos e ficará inelegível para concorrer à sucessão do prefeito Donisete Braga (PT) em 2016.

“Atila, na condição de superintendente da Sama, ultrapassou os limites da razoabilidade ética inerente à própria função administrativa e à condição de cidadão, expressando desprezo quanto à oneração da população (…) vislumbrando interesses apenas pessoais, quiçá eleitorais”, diz o trecho do processo. No dia 11 de março, o Diário revelou que os beneficiados com as ligações ilegais relataram que Atila – então superintendente da Sama e pré-candidato a deputado estadual – teria se reunido com a população e garantido a instalação clandestina. Na ocasião, os moradores também revelaram que, por conta da “ajuda”, votariam no comunista para a disputa à Assembleia Legislativa – Atila foi eleito em 2014 com 62.856 votos (38.858 em Mauá).

O caso dos cavaletes também culminou em abertura de inquérito policial e sindicâncias na Sama – sob gestão do próprio Atila – e no governo Donisete, que a princípio permitiu a abertura das investigações, mas manteve o aliado no cargo (o comunista deixou o posto para disputar o pleito do ano passado). Com a eleição de Atila, o chefe do Executivo instaurou procedimento próprio, nomeando integrantes de sua inteira confiança e ligados ao petismo. A decisão dessa sindicância ainda não foi publicada.

As duas primeiras investigações (na Polícia Civil e sindicância da Sama) inocentaram o comunista, mas a última – integrada por petistas – concluiu que há indícios de irregularidades. As apurações da administração, entretanto, ainda não apontaram quais os responsáveis pelo caso. Em julho, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) rejeitou por unanimidade representação eleitoral que pedia a cassação do diploma de deputado de Atila. A Justiça Eleitoral entendeu que não houve crime.

O processo contra Atila impetrado pelo MP pede que os 17 beneficiados devolvam aos cofres municipais o montante de R$ 10,2 mil, referentes ao consumo durante o período em que os cavaletes não estavam instalados.


''Tranquilo’, parlamentar fala em motivação eleitoreira

O deputado estadual Atila Jacomussi (PCdoB) afirmou ter recebido a decisão “com tranquilidade”. Por meio de nota, o parlamentar, que é pré-candidato a prefeito de Mauá, voltou a responsabilizar a Odebrecht Ambiental, concessionária do serviço de tratamento de esgoto na cidade, pelas ligações irregulares – a companhia já negou, dizendo que o fornecimento de água é competência da Sama.

O comunista sugeriu que a ação do Ministério Público tem viés eleitoral e citou resultados das investigações abertas pela Sama e pela Polícia Civil, além do processo do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral), que o inocentaram. O parlamentar, porém, não comentou sobre a sindicância em curso no governo do prefeito Donisete Braga (PT). “O fato me causa estranheza. Em 2014, quando me preparava para disputar eleição para deputado estadual, essa história veio à tona. Agora, novamente em um período pré-eleitoral, quando estamos na condição de pré-candidato ao Paço de Mauá, o episódio volta a ser discutido. Prefiro acreditar que é desespero eleitoral de adversários, gente que não tem trabalho para apresentar e tenta desgastar o nome de quem trabalha por mais qualidade de vida ao povo que mais precisa”, diz. (JC) 




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