O ministro da Educação, Tarso Genro, descartou definitivamente que a UFABC (Fundação Universidade Federal do Grande ABC) abrirá vagas a partir do primeiro semestre de 2005. Ele esteve nesta segunda em São Paulo para assinar protocolo de cooperação entre o MEC (Ministério da Educação) e movimentos sindicais e populares para a discussão da reforma universitária - projeto de lei que o governo federal tem a intenção de que seja aprovado no próximo ano. Tarso Genro afirmou também que a região não terá uma extensão da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), o que já havia sido antecipado pelo Diário, ante a desarticulação do grupo que discute a universidade no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. O ministro disse que espera a aprovação do projeto de lei neste ano, mas que trabalha com a possibilidade de as aulas começarem somente no segundo semestre.

Enviado antes do recesso parlamentar para o Congresso Nacional, o projeto de lei que cria a UFABC está parado, assim como 19 MPs (Medidas Provisórias) e a abertura de uma instituição de ensino superior no Triângulo Mineiro. A pauta foi trancada pelo PFL baiano, que não quer aprovar projetos considerados eleitoreiros. O porta-voz dos opositores é o deputado federal José Carlos Aleluia. Na sexta-feira, ele foi taxativo ao dizer que só destranca a pauta se o governo federal criar um projeto mais amplo, que venha a contemplar mais Estados brasileiros. Aleluia disse não ser contra a criação da UFABC, mas que necessita de garantias de que a União vá beneficiar também seu Estado.

"Essa foi uma jogada do PFL para tentar emplacar projetos que beneficiem o Nordeste. Mas garanto que o Nordeste tem recebido muitos recursos do MEC. Foi aprovada recentemente a extensão de um campus da Universidade de Pernambuco para Garanhuns (cidade natal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva). Aprovamos 13 extensões de campus em alguns Estados. Caso o projeto de criação da Universidade do ABC não passe pelo Congresso, vamos criar um campus estendido na região. Mas, por enquanto, aguardamos que o Congresso se sensibilize", afirmou o ministro.

Genro disse que não garante que esse campus estendido será da UFSCar, conforme havia sido dito pelo presidente há um mês. "O governo está aberto a todos, independentemente de partidos políticos."

Sobre o enfraquecimento do grupo no Consórcio, uma vez que o PT perdeu duas prefeituras da região (Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) no primeiro turno e corre o risco de perder mais três (Santo André, Diadema e Mauá) no segundo turno, ele falou que a universidade não está à mercê de variações políticas. "A UFABC já é uma realidade. O presidente me cobra isso toda semana e garanto que estou cuidando disso pessoalmente", completou.