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Com inflação, Tesouro Direto ganha destaque

Modalidade ganha da poupança e é acessível;
a partir de R$ 30 já é possível adquirir títulos

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
18/10/2015 | 07:03
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Divulgação


Em tempos de inflação e juros crescentes, aplicar recursos na caderneta de poupança tem se tornado desinteressante e ultimamente um tipo de investimento vem em forte ascensão: o Tesouro Direto. Os dados do Tesouro Nacional ilustram isso: em agosto, o estoque de recursos nessa aplicação somaram R$ 20,6 bilhões, 46,7% mais que o registrado no mesmo mês de 2014, com o número de participantes cadastrados chegando a 552 mil pessoas, 31,8% mais que 12 meses antes.

O que leva essa modalidade se tornar tão atrativa? Há inúmeras vantagens. “A poupança não esta pagando nem a inflação e quando a taxa de juros sobe, os títulos do Tesouro também sobem (rendem mais)”, observa a especialista Caroline Guedes, da Rico Corretora.

Esse investimento, apesar de sofrer a cobrança de IR (imposto de renda), bate em rentabilidade a caderneta, que é isenta. É preciso observar que quanto mais tempo a pessoa deixar o valor aplicado, menor o IR incidente. Se tirar em menos de 180 dias, pagará alíquota de 22,5%; de 181 a 360 dias, cobra-se 20%; de 360 a 720 dias, 17,5%; e acima de 720 dias, 15,5%.

“Enquanto a poupança rende TR (Taxa Referencial) mais 6,17% ao ano, que dá aproximadamente 8,5% ao ano, o Tesouro Selic (título público mais conservador do Tesouro Direto) rende o equivalente à taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano. Mesmo com a incidência do imposto de renda, a rentabilidade líquida fica acima de 11%”, afirma consultor Rafael Seabra, que tem MBA pelo Ibmec (Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais).

A modalidade também é mais vantajoso que fundos de investimentos oferecidos pelos bancos, nos quais também incide o IR. Nestes casos, a pessoa precisa iniciar com soma alta para pagar à instituição financeira taxa de administração reduzida – para 0,5%, costuma-se exigir R$ 500 mil. Já para o Tesouro Direto o aplicador pode colocar valores pequenos, em geral, a partir de R$ 30 – no caso do título atrelado à Selic, um pouco mais, R$ 70 –, obtendo a mesma rentabilidade que teria se fizesse uma grande aplicação e pagando 0,3% anual de taxa de custódia à BM&FBovespa, mais taxa do agente (a corretora ou banco), que pode nem ter custo. “É democrático”, assinala o professor da FGV (Fundação Getulio Vargas Samy Dana.

Além de ser acessível ao bolso de muita gente, o procedimento para iniciar nesse mercado é razoavelmente simples. Basta ter CPF e conta em banco e também se cadastrar em uma corretora (de banco ou independente), que será o agente de custódia. No site do Tesouro Nacional (www.tesouro.fazenda.gov.br), há lista das empresas habilitadas e suas taxas por esse serviço. E após o cadastro, a pessoa recebe uma senha provisória da BM&FBovespa e pode operar (comprar e vender) diretamente no site do Tesouro ou via corretora.

Esses títulos também são considerados muito seguros, até mais do que outras aplicações, como CDB, RDB e a poupança, que têm a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), cobrindo até R$ 250 mil dos depósitos. “É a segurança do Tesouro Nacional”, destaca o professor da FIA (Fundação Instituto de Administração) Keyler Carvalho Rocha.

PARA INICIANTES - Para quem está querendo iniciar no Tesouro Direto, uma boa opção, entre os diversos títulos disponíveis na modalidade, é o Tesouro Selic, que tem rentabilidade atrelada à taxa básica de juros, atualmente em 14,5% ao ano. “Tem liquidez diária, pode ser vendido todo dia, com oscilações pequenas, a pessoa vai ganhar a Selic”, diz o professor da FGV Samy Danna.

A orientação é importante, pois, dependendo do tipo de papel adquirido, se a pessoa retirar antes da data em que vence o título, o investidor poderá perder dinheiro (ou ganhar mais, dependendo do cenário). No entanto, é sempre bom lembrar que se a pessoa vender antes de 30 dias incidirá, além do IR, também IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Se aconselha sempre que seja feito o resgate na data do vencimento, mas se, por acaso, aparecer um problema de doença ou desemprego e for necessário resgatar, o rendimento pode não ser proporcional”, assinala o professor da FIA Keyler Carvalho Rocha, que cita que a atrelada à taxa básica é mais neutra. Porém, ele sugere que se a pessoa tem condições, o ideal seria diversificar, para aproveitar o melhor retorno de cada título.

Porém, o tipo de compra no Tesouro Direto, incluindo o prazo de vencimento do título público, vai depender do objetivo financeiro da pessoa, assinala o consultor Rafael Seabra. “Para alguém que quer investir para resgatar daqui a cinco anos, o ideal seria o Tesouro IPCA+2019 (que paga a inflação do período mais juros definidos no momento do investimento) ou o Prefixado 2021 (com juros definidos no ato da compra e a serem pagos daqui sete anos). Se não tiver certeza que poderá manter o dinheiro até o vencimento, vá de Tesouro Selic”, afirma.

Os especialistas também avaliam que vale a pena fazer aportes mensais, mesmo que pequenos. “Se seu filho acabou de nascer, e você colocar R$ 50 todo mês, quando ele tiver 18 anos, dará para pagar a faculdade”, calcula Caroline Guedes, da Rico Corretora.  




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