Desvendando a economia Titulo
O desemprego e os impactos no consumo
Por Silvia Cristina da Silva Okabayashi
Coordenadora de Ciências Econômicas da Metodista
29/08/2015 | 07:26
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Nos últimos meses, temos recebido frequentes notícias de que as taxas de desemprego estão aumentando no Brasil. No nosso Estado e região a situação não é diferente. Dados da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), do Seade/Dieese, indicam que, embora a taxa de desemprego no Grande ABC em julho, comparativamente a junho, tenha apresentado queda de 0,3 p.p. (pontos percentuais), quando comparamos com julho do ano passado o aumento é de 2,1 p.p, fechando em 12,7% em julho.

O número de desempregados no Grande ABC em julho atingiu 177 mil pessoas, 31 mil a mais quando comparamos com o mesmo mês de 2014. Notamos queda substancial entre os ocupados nas indústrias de transformação na região, quando comparamos julho com o mesmo mês no ano passado, de cerca de 12%. Isso em número absoluto representa 36 mil pessoas desocupadas. Somente em julho comparado a junho deste ano, foram 7.000 pessoas. O setor de serviços apresentou crescimento de 28 mil pessoas ocupadas, ou variação de 4,4%, na comparação de um ano contra outro ano.

Outro dado importante é que a perda dos empregos está concentrada naqueles que tinham carteira assinada. Tal tendência de queda tem sido observada desde março. O rendimento médio também apresenta queda. Tanto na comparação de um mês contra o mês anterior quanto de um mês contra o mesmo período no ano anterior a baixa é de cerca de 3%.

O que tudo isso significa?

Significa que no atual cenário econômico há tendência de retração da economia, de queda no consumo. Na nossa região, a grande massa de salários é oriunda das indústrias, responsáveis por cerca de 40% da renda paga sob a forma de salário. Assim, na medida em que a indústria reduz o número de postos de trabalho, a massa de renda na região é diretamente afetada.

Associados à redução nos níveis de produção e renda estão o aumento da taxa de juros e o elevado grau de endividamento das famílias. A inadimplência também cresceu 16,4%, em São Paulo, especialmente junto às financeiras e empresas de cartões de crédito. Nesse cenário, as instituições financeiras têm se mostrado mais criteriosas na concessão de crédito.

Também não podemos nos esquecer de que a taxa de inflação oficial – IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – no acumulado do ano está quase em 7%, em grande parte por conta do nivelamento/elevação dos preços administrados (tarifas de energia elétrica, preços dos combustíveis etc.).

Nesse contexto, não é possível esperar que a economia regional tenha rápida reversão desse processo de retração, pois espera-se que a política econômica do governo ainda se mostre contracionista por mais algum tempo. Assim, o consumo das famílias tende a sofrer retração, impactando diretamente e negativamente no volume de produção de bens e serviços da região.




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