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Bispos argentinos negam convivência com tortura na ditadura
Da AFP
02/09/2003 | 00:15
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O Episcopado argentino negou nesta segunda-feira as acusações do ex-ditador Reinaldo Bignone de que alguns de seus membros teriam aprovado a tortura de presos políticos durante a ditadura militar na Argentina (1976-83).

A denúncia foi feita no documentário "Esquadrões da Morte. A Escola Francesa", produzido pela jornalista Marie-Monique Robin, do Canal Plus francês, e transcrito pelo jornal argentino Página 12.

Na entrevista, Birgone diz que oito mil pessoas desapareceram durante a ditadura, em vez dos 30 mil anunciados pelos organismos humanitários, e garante que a tortura de presos políticos foi aprovada pela Igreja Católica.

"É absolutamente falso e inaceitável relacionar a Igreja a este tipo de crime que a instituição sempre condenou com toda clareza e energia", declarou o Episcopado em um comunicado à imprensa, assinado por seu secretário-geral, monsenhor Sergio Fenoy.

Como prova, a Conferência Epicopal Argentina (CEA) lembrou a carta enviada à junta militar então liderada pelo general Jorge Videla, sete dias ante do primeiro aniversário do golpe de Estado de 24 de março de 1976.

Na ocasião, o Episcopado "pediu pelos muitos presos nas mãos do Poder Executivo" que sofreram repressões (...) o que sempre julgamos inconcebíveis no modo de ser argentino e que certamente são inaceitáveis para os cristãos".

Além disso, o Episcopado citou a declaração da CEA sobre a Tortura e a Violência de 1972, através da qual os bispos reiteraram que "torturar uma pessoa para conseguir informações ou confissões, seja ela inocente, suspeita ou reconhecidamente culpada de crimes políticos, sempre será crime".

Enfim, os bispos destacaram o documento divulgado em março de 1995 que diz: "Se algum membro da Igreja, qualquer que seja sua condição, garantiu com sua recomendação ou cumplicidade alguns desses fatos, atuou com sua responsabilidade pessoal, errando e pecando gravemente contra Deus, a humanidade e a consciência".




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