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Prostitutas de Madri se negam a ser isoladas em gueto
Do Diário do Grande ABC
30/04/1999 | 10:10
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As prostitutas de Madri exigem que as deixem ``trabalhar em paz' e se recusam a ser transferidas para outro local, como planejam as autoridades locais, agora que só falta um mês para as eleiçoes municipais.

Instaladas há mais de dez anos na Casa de Campo, grande parque de mil hectares perto do centro de Madri, as prostitutas se recusam a ser expulsas, como propoe, alegando razoes de moralidade, o prefeito conservador da capital espanhola, José María Alvarez de Manzano.

O conselheiro municipal de segurança, José Ignacio Echevarria, propôs reinstalar as prostitutas, que 'trabalham' perto do zoo e do Parque de Atraçoes, no outro extremo do parque, em uma zona isolada e sem iluminaçao.

Com esta finalidade, a prefeitura iniciou negociaçoes com uma associaçao de apoio às prostitutas, Hetaire, que rejeita a transferência para um gueto.

``Já têm seus pontos fixos e os clientes as conhecem. Mudar implica perdê-los', afirma Purificación Gutiérrez, da associaçao Hetaire. ``Se nos colocam no mesmo lugar, será criada uma zona marginal e perigosa'.

As prostitutas aproveitam para denúnciar o assédio policial que sofrem há alguns meses. ``Isso de perseguir o sexo diurno é impossível. A multa é um absurdo, porque temos de pagá-la com nosso trabalho, que é justamente o que estao perseguindo', afirmou uma delas.

A Casa do Campo está bem situada, pois dispoe de duas estaçoes de metrô, onde elas podem trocar de roupa, e fica próxima da Avenida Andaluzia, ponde onde passam numerosos ônibus e automóveis.

Já desalojadas do centro da cidade, as prostitutas da Casa de Campo, entre as quais numerosas africanas, latino-americanas e procedentes do Leste europeu, sao as últimas que exercem sua profissao em plena rua, já que a maior parte da prostituiçao na Espanha é feita através de pequenos anúncios na imprensa ou em clubes discrtos e tolerados.

Segundo Hetaire, entre 300 e 400 mulheres seriam afetadas por esta medida da prefeitura. ``Nem sequer sabemos quantas existem, porque tem muita mobilidade, há mais no verao do que no inverno', afirmou Concha García.

E resume bem claro suas pretensoes: ``um lugar que garanta a segurança, a tranquilidade e onde nao haja repressao', diz sem descartar a possibilidade de açoes judiciais se a polêmica continuar.

Mas a prefeitura continua insistindo em sua proposta e, ante a resistência das mulheres implicadas, prometeu inclusive instalar iluminaçao e estudar uma linha de transporte para o novo setor.

E faltando poucas semanas para as eleiçoes municipais, o caso passou para o âmbito político: o governo da Comunidade de Madri, do também conservador Alberto Ruiz Gallardón, reclama sua autoridade sobre o parque, enquanto os socialistas acusam o prefeito de ``proxenetismo' e de ``favorecer o comércio sexual', ignorando que se trata de um ``problema social'.




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