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Químicos empregam mais na região
Por Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
11/09/2005 | 07:51
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Na contramão das diversas categorias profissionais, o número de trabalhadores químicos está crescendo no Grande ABC desde 2000, resultado do reaquecimento da atividade industrial brasileira nos últimos dois anos e da estrutura própria da economia da região, que está cada vez mais estimulando o crescimento do setor. Com isso, a categoria ganhou mais poder de organização e maiores aumentos de seus rendimentos.

A conclusão é de uma pesquisa inédita do Sindicato dos Químicos do ABC (filiado à CUT), realizada para elaborar um perfil atualizado dos trabalhadores da área. O número de trabalhadores na região cresceu 15,9% entre 2003 e 2005, alcançando hoje 38 mil. Como comparação, os metalúrgicos já tiveram um contingente de mais de 320 mil no Grande ABC no final dos anos 80 e começo da década passada. Hoje, nas sete cidades, o total da categoria mal chega a 140 mil trabalhadores, em processo de queda contínua.

O nível de sindicalização e a organização no local de trabalho entre os químicos também aumentou no mesmo período. O número de sindicalizados saltou 25% em dois anos, passando de 15,3 mil em 2003 (aproximadamente 42% da base) para 20,4 mil em 2005 (53,84% da base, um dos mais altos do país).

O crescimento do número de trabalhadores da indústria química foi impulsionado pela cadeia produtiva do plástico e de cosméticos, em Diadema, cidade que concentra 658 empresas de um total de 875 em toda a região e 52% dos químicos do Grande ABC. Também contribuíram para o crescimento, segundo o levantamento do sindicato, os setores de tintas, em São Bernardo, e o petroquímico, em Santo André e Mauá.

O presidente do sindicato, Paulo Lage, afirmou que já havia indicativos de que a categoria estava crescendo na região há anos. "Além dos anúncios de investimentos das grandes empresas instaladas no Grande ABC, o volume mensal de filiação ao sindicato aumentou muito, assim como nossa arrecadação. Só não tínhamos a dimensão desse processo." A expectativa é de que a receita da entidade seja neste ano 10% maior do que ano passado e atinja os R$ 6 milhões.

O número de trabalhadores na indústria química no Grande ABC oscilou consideravelmente nos últimos 15 anos. De aproximadamente 45 mil químicos no início dos anos 90, a categoria chegou a 27 mil em 2000. Desde então, só aumentou.

"Durante os anos 90 perdemos muitos postos de trabalho. O antigo argumento de que as empresas estavam saindo do Grande ABC por causa dos salários mais altos e do sindicalismo selvagem foi utilizado largamente. Hoje vemos que não há relação entre a atividade sindical e o investimento das empresas", afirma Lage.

Diadema - Na avaliação do diretor do sindicato Manoel Souza de Abreu, coordenador da subsede de Diadema, a melhora da estrutura econômica da cidade foi um dos principais fatores que possibilitaram o aumento do número de trabalhadores da categoria.

"Em Diadema, temos uma cadeia produtiva formada por pequenas empresas, que tradicionalmente empregam mais. Quando aumentam sua produção, contratam em maior volume do que empresas de grande porte, que têm uma base tecnológica muito mais forte e acabam contratando menos", afirmou.

As maiores empresas do ramo químico na região não estão instaladas em Diadema, e sim em outros municípios. A Basf e a Colgate-Palmolive, em São Bernardo, possuem 2,5 mil e 2 mil funcionários, respectivamente. Já a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), em Ribeirão Pires, tem cerca de mil funcionários. A Solvay e PQU (Petroquímica União), ambas em Santo André, empregam 500 trabalhadores cada.

Representação - A representação no local de trabalho, uma das principais bandeiras da CUT e do sindicalismo brasileiro, cresceu 80% nas indústrias químicas da região nos últimos dois anos, alcançando hoje 247 empresas.

Os sindicalistas creditam isso ao aumento do número de trabalhadores no Grande ABC e a uma estratégia diferenciada na negociação para implantação da representação nas indústrias, que tem sido criadas no formato de SUR (Sistema Único de Representação).

"Quando negociamos com as empresas, optamos por implantar o SUR, em vez da comissão de fábrica nos moldes tradicionais, porque o número de trabalhadores que ganham estabilidade se mantém igual, o que facilita sua criação, e sua força de negociação aumenta", afirmou Paulo Lage, presidente do sindicato.




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