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Deficientes lutam por mudança social

Moradoras da região destacam dificuldades de inclusão ocasionadas por quem só enxerga a limitação

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
03/12/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, hoje, os deficientes pedem pela mudança do pensamento da sociedade. Isso porque enfretam dificuldades de inclusão ocasionadas por pessoas que enxergam apenas as limitações ao invés das competências dos indivíduos.

A psicóloga Sheila Cassin, 42 anos, moradora de São Bernardo, tem paralisia cerebral desde o nascimento. Ainda que tenha graduação, duas especializações e intercâmbio no Exterior no currículo, ela enfrenta dificuldades para se colocar no mercado de trabalho. “Os empresários precisam começar a focar mais nas atitudes do que nas limitações físicas. Este é um dos principais desafios que enfrentamos”, assinala.

Com o objetivo de mudar a vida de pessoas com e sem deficiência, ela publicou livro no ano passado, o Desistir Por Quê? Se Eu Posso Continuar!, e ministra palestras há quase dois meses. “Falo sobre incluir pessoas com deficiência, por meio da Lei de Cotas (8.213/1991, que determina que empresas com 100 ou mais funcionários possuam entre 3% e 5% das vagas reservadas para deficientes), e como encontrar pontos positivos em cada um porque, quando enxergamos o potencial de cada, é mais fácil incluir”, explica. “Os empregadores precisam, em primeiro lugar, se questionar: como posso melhorar a vida das pessoas?”

A jornalista de São Bernardo Samara Andresa Del Monte, 30, relata experiência similar. Também acometida pela paralisia cerebral desde o nascimento, ela aponta a falta de pessoas que vejam além da deficiência. “Já tive professores que me incentivaram e outros que só enxergavam a cadeira de rodas”, esclarece. Mesmo com a parte motora comprometida, ela se comunica por meio de símbolos Bliss. Trabalha como repórter e edita revista anual, a Mais Deficiente.

Em parceria com a mãe, a psicóloga Claudia Aparecida Theophilo Del Monte, 55, ela lança a autobiografia Samara, Apaixonada Pela Vida hoje. E, desde 2007, ministra palestras em escolas, universidades e congressos, onde fala sobre a própria experiência.

Na avaliação de Claudia, um dos principais aspectos que precisam avançar é a educação para pessoas com deficiência, sobretudo na rede pública. “É fundamental que as escolas consigam alfabetizar e educar tendo equipe clínica (composta por fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais) como parceira.”

Mãe e filha defendem a disseminação da informação sobre curatela – quando uma pessoa fica responsável pela defesa e administração de bens de maiores de idade em razão de enfermidade ou deficiencia – e decisão apoiada (processo pelo qual a pessoa com deficiência elege duas pessoas para apoiá-la na tomada de decisão sobre atos da vida civil).




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