O jurista e ex-prefeito de São Bernardo Tito Costa e o jornalista Édison Motta (ex-Diário) foram entrevistados no começo do mês pelo cineasta Fábio Barreto que dirige a produção do filme Lula, um Brasileiro a ser lançado nos cinemas no próximo ano. Outros nomes do Grande ABC que vivenciaram a trajetória de vida de Lula também estão sendo entrevistados.

Em janeiro começam as filmagens em Caetés e Garanhus, no Estado de Pernambuco, para contar a infância de Lula e a vinda para São Paulo num pau-de-arara, como eram chamados os caminhões que traziam migrantes nordestinos na primeira metade do século passado. Depois, o filme vai mostrar a vida do operário que se transformou em dirigente sindical, líder dos metalúrgicos e das greves de 1978, 1979 e 1980 que abalaram o regime militar e foram importante marco para a redemocratização do País.

Acreditamos que o filme em idealização será importante para o projeto que se ensaia de tombamento, e não congelamento, do Estádio 1º de Maio, talvez o espaço mais importante a projetar a figura de Lula para fora do Grande ABC.

De volta aos anos 1970...
Texto: Édison Motta

Tito Costa recebeu o apoio de Lula e demais dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema em sua campanha eleitoral de 1976 à Prefeitura de São Bernardo. Tanto que o candidato à vice de Tito saiu do Sindicato dos Metalúrgicos: Mario Ladeia da Rocha, depois eleito deputado estadual.

Quando a simples menção a atividades dos sindicalistas era encarada como ameaça aos militares detentores do poder, sob a Lei de Segurança Nacional e um regime de censura à imprensa, o Diário publicava a coluna Movimento Sindical por nós criada e mantida, naquele período, pelo jornalista Antonio Carlos Soares.

A matéria que nos rendeu o Prêmio Esso Regional de Jornalismo de 1976 também trazia uma entrevista com Lula e outros dirigentes sindicais. Depois, como assessor de Tito na Prefeitura e correspondente no Grande ABC do Jornal do Brasil, fizemos a ponte entre os dirigentes sindicais e a Prefeitura que garantiu a utilização do estádio da Vila Euclides para as assembléias dos metalúrgicos.

Da imprensa nacional, o JB fez a melhor cobertura das greves e chegou a instalar sua sucursal paulista num hotel de São Bernardo para acompanhar de perto os passos de Lula e seus liderados.

O momento mais dramático do movimento sindical aconteceu no dia 23 de março de 1979: o sindicato amanheceu sob intervenção militar; o mesmo aconteceu com o estádio da Vila Euclides. Os trabalhadores, sem opção, dirigiram-se ao Paço Municipal onde o prefeito Tito Costa, corajosamente, evitou o confronto com as forças policiais.

Subiu na viatura do comandante da Policia Militar, fez um pronunciamento e conseguiu dispersar a multidão, que voltaria a se reunir em assembléia, no mesmo local, no dia seguinte.

Naqueles anos de chumbo, o gabinete do prefeito transformou-se numa trincheira diante do regime militar. Por ele passaram muitos integrantes da República como Franco Montoro, Orestes Quércia, Fernando Henrique Cardoso, Ulysses Guimarães, Mário Covas, entre outros. Destacou-se o senador Teotônio Vilela, que praticamente passou a morar no gabinete enquanto duraram os conflitos.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Sábado, 23 de dezembro de 1978

Manchete - Novos aumentos vigoram dia 1º: táxis e energia elétrica

Nacional - Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, pede anistia e democracia absoluta.

Editorial - Geisel, um fator de unidade militar

Especial - Jornalista Paulo Augusto mostra a ameaça dos acidentes de trânsito.

EM 23 DE DEZEMBRO DE...

1923 - Padre Giovanni Battista Pelanda toma posse em São Caetano, pouco mais de três meses antes da criação da primeira paróquia local.

1968 - Às 6h49 de Brasília, a Apolo-8, levando três tripulantes - os astronautas norte-americanos Frank Borman, James Lovell e William Anders - torna-se a primeira a ingressar na órbita lunar.

HOJE
Dia Nacional do Vizinho.

SANTOS DO DIA
Euniciano, João Câncio, Mardônio e Vitória.
João Câncio: (Polônia, Kety 1390 - Cracóvia 1473). Sacerdote. Professor da Universidade de Cracóvia. Preceptor dos princípios da Casa Real polonesa.