A prisão do homem apontado como número dois do tráfico de drogas no Jardim Elba, na zona Leste da capital, e a apreensão de 10,8 Kg de maconha em um barraco na Tamarutaca, em Santo André, foram os principais êxitos da ocupação da Tropa de Choque nas duas favelas até agora. Os dois episódios ocorreram na terça-feira, o melhor dia para a polícia na primeira semana da operação de inibição ao tráfico.

O saldo parcial da operação da Tropa de Choque nas favelas foi de 1.920 pessoas revistadas; quatro pessoas presas em flagrante; dois procurados pela Justiça detidos; dois menores presos; 19 veículos apreendidos; 12Kg de maconha; 800g de cocaína; três armas apreendidas; 18 autuações de trânsito e 15 cartuchos encontrados. Esse é o balanço de domingo passado, quando teve início a operação, até as 18h de sexta-feira.

O Choque exibe a prisão de Rogério Balduíno, no Jardim Elba, como a principal façanha do cerco das favelas. Ele é tido como o sub-líder do tráfico no núcleo. Balduíno foi preso em flagrante com 296 frascos de cocaína, 78 trouxinhas de maconha, dez munições para fuzil 556, uma espada samurai, um colete à prova de balas e um punhal. Com ele, foi detida uma adolescente de 16 anos. A favela do Jardim Elba, que faz divisa com o bairro andreense do Camilópolis, é um dos principais pontos de venda de entorpecentes a consumidores do Grande ABC.

Na Tamarutaca, os soldados do Choque encontraram os 10,8 Kg de maconha em pacotes em um barraco abandonado, na esquina da rua 8 com a viela 13. A casa provavelmente era utilizada para embalar a droga a ser vendida, já que também foram apreendidos no local duas balanças, sacos plásticos e outros utensílios. Essa apreensão partiu de uma denúncia anônima.

Para a ação, os policiais do Choque utilizam armamento pesado. As principais são fuzis Colt e AR-15, submetralhadora Famai e pistola ponto 40. O comandante do Policiamento de Choque, coronel Joviano Conceição Lima, acredita que ainda há muita gente e muita droga escondidas nos barracos da favela. Ele garante que serão instalados computadores com fotos de 300 mil procurados pela Justiça e polícia na tenda que serve de base na ação.

"Também contamos com a colaboração dos moradores para nos trazer informações. Com o passar dos dias, eles devem se sentir mais seguros para fazer denúncias", diz o comandante.

Migração – A Polícia Civil, que atua de forma investigativa, diz que está em alerta com relação à migração de criminosos e usuários de drogas da favela Tamarutaca para áreas do entorno. Essa é uma tendência muito comum em operações policiais ostensivas, como a que ocorre hoje na Tamarutaca e no Jardim Elba, na capital.

"Temos a determinação de orientar nossos investigadores a intensificar as diligências no entorno da favela ocupada pela Polícia Militar", disse o delegado seccional de Santo André, Luiz Alberto Ferreira de Souza. Ele acrescentou, no entanto, que não tem informação de que a movimentação de usuários na favela Sacadura Cabral aumentou depois da ocupação da Tamarutaca. Um morador da Vila Guiomar, nas proximidades da favela tomada, afirmou à reportagem que "a presença de consumidores de drogas dobrou na Sacadura Cabral após o início da operação na Tamarutaca".

O delegado cita como fruto dessa mobilização da Polícia Civil a apreensão de 44 Kg de maconha na última quinta-feira. A droga estava em uma casa na rua Catequese, perto da favela Tamarutaca. Os policias também encontraram dez telefones celulares e uma pequena porção de cocaína. Três pessoas foram presas. A ação foi feita por policiais da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Santo André e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos).