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BIS revela que inflaçao brasileira está sob controle
Do Diário do Grande ABC
05/06/2000 | 14:04
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A recente contençao da inflaçao na América Latina pode, mais do que ser transitória, se tornar permanente. No Brasil, as mudanças de política na hora certa ajudaram a manter a inflaçao sob controle após a desvalorizaçao do real no início do ano passado, o que permitiu que o país apresentasse uma recuperaçao surpreendentemente rápida. As conclusoes constam do 70º Relatório Anual 1999/2000 do BIS (Banco para Compensaçoes Internacionais), espécie de banco central dos bancos centrais, que cobre o ano fiscal de 1º de abril de 1999 a 31 de março passado.

O documento, divulgado na Internet, foi apresentado à Assembléia Geral Anual do BIS, que se realiza nesta segunda na sede na instituiçao, na Basiléia (Suíça). O desenvolvimento macroeconômico na América Latina no período apresentou características incomuns no ano passado, nao só em relaçao a outros mercados emergentes, mas também comparados com as tendências históricas da regiao, segundo o relatório. Contrariando o padrao, a depreciaçao do câmbio ou o abandono do câmbio atrelado nao levou ao aumento da inflaçao, afirma.

Segundo o BIS, no Brasil, como na Rússia, a recuperaçao se deveu em parte às políticas que evitaram o repasse da desvalorizaçao à inflaçao interna. A desvalorizaçao do real no início de 1999 foi um evento-chave para os países da América Latina, que, no período coberto pelo estudo, apresentaram desempenho econômico divergentes. Com exceçao do México, boa parte da América Latina sofreu recessao ao longo do ano passado. A inflaçao no período na regiao é estimada em 9,1%, abaixo portando do 10,5% do ano anterior. O desempenho do PIB é estimado em 0,1%, de 1,9% em 1998.

No Brasil, acrescenta o BIS, o abandono do regime de câmbio quase fixo nao desencadeou uma crise, primeiro porque a demanda já estava deprimida e, segundo, porque a adoçao de uma política monetária apertada e de novas medidas de contençao fiscal levaram confiança aos investidores e limitaram a resposta inflacionária. Além disso, segundo o BIS, a desvalorizaçao nao causou um problema agudo para o sistema bancário porque a maioria dos bancos tinha um equilíbrio favorável de ativos e passivos denominados em dólares e bem administradas operaçoes de derivativos.

Em particular, as instituiçoes financeiras detinham títulos do governo indexados ao dólar e com juro flutuante, de boa liquidez. Com isso, afirma o relatório, os bancos puderam enfrentar os saques e o corte nas linhas de créditos de bancos estrangeiros sem sofrerem problemas severos de liquidez. O documento lembra que o anúncio da segunda tranche de apoio financeiro do FMI em março de 1999 e um acordo informal para a rolagem da dívida com bancos internacionais permitiram que o governo reduziu as taxas de juro do pico de 45% no fim de março.




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