Partido acusa político de descumprir obrigações partidárias, confirmando desgaste que surgiu após caso de candidatura laranja
O PDT de Diadema expulsou o secretário de Habitação e ex-vereador, Ronaldo Lacerda, sob argumento de descumprimento de obrigações estatutárias. Lacerda foi candidato à Prefeitura pela legenda, recebeu 10.684 votos (5,26% do total) e, no segundo turno, apoiou José de Filippi Júnior (PT), que se elegeu ao quarto mandato no município.
Parecer da comissão de ética que acompanhou o caso foi emitido nesta semana, com recomendação pela saída de Lacerda dos quadros de filiados. O presidente do partido na cidade, Marcos Fidelis, deu encaminhamento à decisão do coletivo interno. O bloco foi formado por Reginaldo Sebastião da Silva (presidente da comissão de ética), Henrique Martins Ramos e Luciano da Silva Justi.
Segundo o documento, ao qual o Diário teve acesso, Lacerda não respondeu os pedidos oficiados “em relação à prestação de contas de sua campanha à Prefeitura no ano passado, não apresentou o balanço de bens adquiridos com os recursos oriundos de sua conta de campanha e não manifestou qualquer apreço, demonstrando profundo desrespeito aos seus companheiros de sigla, quando, de maneira obscura, negou-se em apresentar as informações”.
O político, inclusive, foi cobrado pela executiva por não efetuar contribuição financeira ao partido pelo fato de ser secretário de uma prefeitura, em confronto com o estatuto do PDT. “Tendo sido notificado em 5 de julho, passado o prazo regimental para defesa, essa comissão de ética decide pelo parecer favorável pela expulsão, baseado na justificativa coletiva e amparado pelo estatuto do Partido Democrático Trabalhista.”
Lacerda se filiou ao PDT em 2020, depois de anos de militância no PT, ao perceber que não teria espaço para se lançar à Prefeitura, como era seu desejo.
O relacionamento com a legenda se desgastou ao longo da campanha. Logo depois da eleição do dia 15 de novembro, cabos eleitorais contratados para o projeto político começaram a cobrar dinheiro prometido e não pago. Mas o ápice da crise aconteceu no episódio das candidaturas laranjas.
O Diário mostrou que Thaina Alves (PDT), que se candidatou a vereadora em Diadema e não recebeu votos, fez campanha para Jeferson Leite, único vereador eleito pelo PDT. A situação é investigada pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) e, se ficar configurada manobra, a chapa toda é cassada – inclusive Jeferson. A utilização de candidaturas de mulheres atende a um dispositivo da Lei Eleitoral, que exige paridade de gênero entre os projetos eleitorais, porém, diante da dificuldade de se encontrar mulheres dispostas a participarem do pleito, dirigentes costumam incluir parentes apenas para preencher a cota.
Durante a investigação, Roberto Holanda, que foi presidente do PDT, denunciou que Lacerda e Giusti trocaram conversas no WhastApp nas quais admitem que Thaina foi candidata laranja e que permaneceu na chapa porque, se ela saísse, seria necessário cortar dois homens candidatos.
Diante de toda a celeuma, Lacerda se afastou do partido na cidade. Tanto que começou a aumentar o boato de que o secretário poderia voltar ao PT – partido pelo qual foi vereador e candidato a deputado federal em 2018.
O Diário entrou em contato com Lacerda, mas o político não retornou aos questionamentos.
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