Política Titulo Comissão de ética
PDT expulsa Ronaldo Lacerda, secretário de Habitação de Diadema

Partido acusa político de descumprir obrigações partidárias, confirmando desgaste que surgiu após caso de candidatura laranja

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
23/07/2021 | 17:40
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Celso Luiz/DGABC


O PDT de Diadema expulsou o secretário de Habitação e ex-vereador, Ronaldo Lacerda, sob argumento de descumprimento de obrigações estatutárias. Lacerda foi candidato à Prefeitura pela legenda, recebeu 10.684 votos (5,26% do total) e, no segundo turno, apoiou José de Filippi Júnior (PT), que se elegeu ao quarto mandato no município.

Parecer da comissão de ética que acompanhou o caso foi emitido nesta semana, com recomendação pela saída de Lacerda dos quadros de filiados. O presidente do partido na cidade, Marcos Fidelis, deu encaminhamento à decisão do coletivo interno. O bloco foi formado por Reginaldo Sebastião da Silva (presidente da comissão de ética), Henrique Martins Ramos e Luciano da Silva Justi.

Segundo o documento, ao qual o Diário teve acesso, Lacerda não respondeu os pedidos oficiados “em relação à prestação de contas de sua campanha à Prefeitura no ano passado, não apresentou o balanço de bens adquiridos com os recursos oriundos de sua conta de campanha e não manifestou qualquer apreço, demonstrando profundo desrespeito aos seus companheiros de sigla, quando, de maneira obscura, negou-se em apresentar as informações”.

O político, inclusive, foi cobrado pela executiva por não efetuar contribuição financeira ao partido pelo fato de ser secretário de uma prefeitura, em confronto com o estatuto do PDT. “Tendo sido notificado em 5 de julho, passado o prazo regimental para defesa, essa comissão de ética decide pelo parecer favorável pela expulsão, baseado na justificativa coletiva e amparado pelo estatuto do Partido Democrático Trabalhista.”

Lacerda se filiou ao PDT em 2020, depois de anos de militância no PT, ao perceber que não teria espaço para se lançar à Prefeitura, como era seu desejo.

O relacionamento com a legenda se desgastou ao longo da campanha. Logo depois da eleição do dia 15 de novembro, cabos eleitorais contratados para o projeto político começaram a cobrar dinheiro prometido e não pago. Mas o ápice da crise aconteceu no episódio das candidaturas laranjas.

O Diário mostrou que Thaina Alves (PDT), que se candidatou a vereadora em Diadema e não recebeu votos, fez campanha para Jeferson Leite, único vereador eleito pelo PDT. A situação é investigada pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) e, se ficar configurada manobra, a chapa toda é cassada – inclusive Jeferson. A utilização de candidaturas de mulheres atende a um dispositivo da Lei Eleitoral, que exige paridade de gênero entre os projetos eleitorais, porém, diante da dificuldade de se encontrar mulheres dispostas a participarem do pleito, dirigentes costumam incluir parentes apenas para preencher a cota.

Durante a investigação, Roberto Holanda, que foi presidente do PDT, denunciou que Lacerda e Giusti trocaram conversas no WhastApp nas quais admitem que Thaina foi candidata laranja e que permaneceu na chapa porque, se ela saísse, seria necessário cortar dois homens candidatos.

Diante de toda a celeuma, Lacerda se afastou do partido na cidade. Tanto que começou a aumentar o boato de que o secretário poderia voltar ao PT – partido pelo qual foi vereador e candidato a deputado federal em 2018.

O Diário entrou em contato com Lacerda, mas o político não retornou aos questionamentos.
 




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