Economia Titulo Fim do imbróglio
Ford conclui venda da fábrica localizada em
São Bernardo para a Construtora São José

Espaço do bairro Taboão que abrigou montadora por 52 anos dará espaço a complexo logístico

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
31/10/2020 | 18:23
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Denis Maciel


Ford anunciou hoje que concluiu a venda da fábrica de São Bernardo para a Construtora São José, especializada em empreendimentos logísticos, e para a Fram Capital, empresa da área de gestão de recursos. A planta do bairro Taboão, em São Bernardo, que fabricava caminhões e o New Fiesta e empregava 2.800 trabalhadores, foi desativada há exatamente um ano, após 52 anos de atividades no mesmo endereço. No local, serão construídos galpões industriais e armazéns para locação.

“Desde o início deste processo, demos prioridade para projetos que melhor atendessem as necessidades da região”, disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul e Grupo de Mercados Internacionais. “Estamos muito felizes em concluir essa transação com a Construtora São José e com a Fram Capital, empresas conceituadas e com ampla experiência em seus segmentos de atuação, que contribuirão com a geração de empregos e o desenvolvimento de São Bernardo.”

Segundo Mauro Silvestri, sócio-fundador da Construtora São José, “grandes realizações se concretizam com trabalho e dedicação, fruto de muito esforço e compromisso de todos, com propósitos firmes”.

Segundo a Prefeitura de São Bernardo, a Construtora São José, com sede na Capital, comprou a área da Ford por R$ 550 milhões. O volume de empregos que devem ser gerados no local ainda não é sabido.

Apesar da negociação, a troca de uma montadora por um complexo logístico não deve compensar as perdas provocadas na economia da região com a saída da Ford. Estimativa do coordenador do Conjuscs (Observatório de Empreendedorismo, Políticas Públicas e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, aponta que é estimada movimentação de cerca de R$ 250 milhões ao ano com o novo empreendimento, enquanto que, apenas salários e benefícios de 4.500 empregados diretos e indiretos da Ford – quadro de 2018, antes de o New Fiesta parar de ser produzido e da fábrica reduzir a produção de caminhões - eram responsáveis por R$ 600 milhões por ano, em média. A quantia representa aproximadamente 42% do montante que circulava entre colaboradores da automobilística.

HISTÓRICO

Em julho, a aquisição foi submetida ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que aprovou a transação. O negócio havia sido anunciado em junho. A conclusão da venda põe fim a imbróglio que se arrastou desde fevereiro do ano passado, quando a Ford avisou que não iria mais produzir caminhões no País, e em julho daquele ano o New Fiesta já parou de ser produzido.

A Caoa negociou por um bom tempo a compra da fábrica com o maquinário para produzir no local automóveis e caminhões, mas as conversas não evoluíram. A BYD, montadora chinesa especializada em veículos elétricos e com fábrica em Campinas, no Interior de São Paulo, também foi uma das interessadas, mas as conversas igualmente não evoluíram. O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), tentou negociar a venda da fábrica para empresa do mesmo setor, ao se mobilizar junto ao governo do Estado, a fim de manter os empregos na cidade, o que também não se concretizou. No início do ano, a sede da Ford, que ainda permanecia na região, foi transferida da região para a Capital. 




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