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Até Hannah Montana pode fazer pensar
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11/06/2009 | 07:00
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Divulgação


Acaba de ser anunciada, em 2 de junho, a renovação de contrato do Disney Channel para a quarta e última temporada da série Hannah Montana, que deverá ser gravada ainda este ano e exibida no inicio de 2010. A primeira vez que esse misto de pré-adolescente anônima e estrela famosa do show biz irrompeu na TV foi há três anos, quando a série estreou nos EUA (em 24 de março de 2006). Desde então, Hannah Montana virou fenômeno internacional. As meninas, principalmente, a adoram. E, para a Disney, ela é um excelente negócio - Hannah Montana, a personagem, movimenta uma indústria estimada em US$ 1 bilhão.

A série conta a história de Miley Stewart, interpretada por Miley Cyrus, uma adolescente de 14 anos que vai morar em Malibu com o irmão mais velho e o pai, que é compositor.

Miley parece uma garota como as outras de sua idade, mas na verdade ela esconde um segredo - possui uma identidade secreta e é ninguém menos do que a estrela teen favorita do público norte-americano, Hannah Montana. O disfarce é para que Miley possa viver, com lhe diz o pai, "o melhor de dois mundos". A fantástica experiência de ser um mito e, ao mesmo tempo, anônima.

NA TELONA - Ocorre uma mudança na passagem de Miley/Hannah para a tela grande. Seu segredo está prestes a ser revelado e a dupla identidades desmascarada em Hannah Montana - O Filme. Será que isso vai ocorrer? Você acredita, realmente? Afinal, seria uma mudança e tanto na série de TV, agora programada para terminar no ano que vem. Vai terminar mesmo? Parece que sim, afinal toda a trama gira em torno dos verdes anos da garota. Uma Miley, ou Hannah, mais madura não seria a mesma coisa. Por outro lado, é dinheiro demais em jogo - em publicidade e merchandising. Não seria nada surpreendente se Hannah vivesse mais uma(s) temporada(s).

O público (bem) jovem que se liga na trajetória dessa heroína talvez se interesse em saber que, no filme, Hannah, deslumbrada com a fama, está interessada em participar do tapete vermelho de um grande evento da música em Nova York.

O pai tem outros planos para ela e Miley é desviada de sua rota para visitar a avó, que tem uma fazenda no interior dos EUA. É lá que ela reencontra um certo menino, um caipira que nunca deixou de amá-la e por quem seu coração também vai acelerar.

Uma rápida pesquisa realizada com as garotinhas que assistiram a Hannah Montana na cabine da Disney, nesta semana, deu aprovação integral ao loirinho Lucas Till, que faz Travis. As meninas estão ficando cada vez mais precoces. "Gostosinho", foi o adjetivo mais empregado para definir o garoto.

Talvez seja possível ver em Miley Cyrus e sua dupla personalidade uma atualização do fenômeno Hayley Mills, que era a top star juvenil da Disney nos anos 1960. Hayley também interpretou várias vezes os papéis de gêmeas, o que indica que essa duplicidade já vem de longa data como política praticada pelo estúdio.

A Disney acredita na família e seus valores, e é importante que Miley, agora, descubra o que é realmente importante para ela - a avó, o pai, o namoradinho -, mas num mundo globalizado, que vive da imagem (e do consumo), o glamour de Hannah Montana é a projeção de tudo aquilo que as Mileys do mundo gostariam de ser. Por que não concretizar, na fantasia que a ficção permite, o melhor desses dois mundos?

Neste sentido, por mais calculada - ou comercial - que seja a operação de dar vida na telona a Miley/Hannah, a escolha do diretor não poderia ter sido mais adequada. Um certo Peter Chelsom dirige Hannah Montana e se é verdade que a garotada muito provavelmente não faz a menor idéia de quem é ele, seus pais, se forem cinéfilos, terão algumas referências.

O DIRETOR - O inglês Chelsom fez filmes como "Escute Minha Canção", "Rir É Viver" e "Sempre Amigos", e os três títulos combinados oferecem uma espécie de roteiro para o que ele celebra no novo longa. Houve um acidente de percurso nessa trajetória "politicamente correta", quando fez Ricos, Bonitos e Infieis, mas o próprio Chelsom pode se defender dizendo que o astro-produtor Warren Beatty não ficou satisfeito com o resultado e incrementou o cinismo remontando e até refilmando cenas adicionais.

Escute a "Minha Canção". O dono de um clube noturno precisa se redimir com a namorada - e a comunidade - localizando um tenor irlandês que desistiu da carreira. Coincidência ou não, Miley/Hannah também está desistindo da carreira dela durante show beneficente para ajudar a comunidade da cidadezinha em que nasceu e viveu até ser cooptada por Malibu.

Todos os filmes de Peter Chelsom falam da mesma coisa - a comunidade, as raízes, a amizade. Hannah Montana não foge a esse roteiro básico. Tudo é mais ou menos previsível para o público adulto, mas isso não inibe o frescor da participação de Miley Cyrus e Lucas Till, uma novidade em relação ao elenco da TV, como o namoradinho da fazenda.

A questão é - trata-se de um escapismo? O objetivo é genuíno ou tudo faz parte de um projeto consumista. Vejam que até a fantasia de "Hannah Montana - O Filme" não desobriga ninguém de pensar.




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