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Guia sexy: dos monges ao Ramalhão
Por Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
24/10/2004 | 16:23
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Onde ficam os melhores bares e pontos de paquera? Onde encontrar uma butique erótica? Existem clubes de fetiche e pontos de encontro para sadomasoquistas? É possível achar um lugar que tenha strip-tease de mulheres só para mulheres? Onde estão as melhores locadoras de filmes pornôs? Quais são as casas de swing mais concorridas?

Pode ser, caro leitor, que você nunca tenha tido interesse em responder às perguntas feitas no parágrafo anterior, mas saiba que muita gente não só está louquinho de curiosidade, como gostaria de saber muito mais a respeito. Tem gente, se você quiser saber, babando de vontade.

Para essa pessoa insaciável, sempre pronta a buscar prazer, onde ninguém imaginaria existir, foi lançado na semana passada o Guia Sexy, escrito pelo jornalista Walter Falceta. São 419 endereços, 152 páginas (R$ 24,90) e muita informação sobre a indústria sexual.

O guia traz um pouco de tudo. Conta histórias, traz confissões, relembra personagens populares, como a célebre Madame Pommery, que dizia que as moças sérias iriam para o céu e as liberadas “para qualquer lugar”. Relembra uma passagem histórica (não se sabe aqui, se verdadeira) de que a Fazenda São Caetano da Borda do Campo seria local de “festanças sexuais”, promovidas por um certo Antonio Lobo Saldanha, supostamente sob as bênçãos de libidinosos “monges beneditinos”.

Sem falar na carta de João Ramalho, contando todos os seus pecados: “Sim, padre, confesso que mulheres tive e tenho muitas. Mas a principal é Bartira, que põe sua rede sempre armada junto à minha”. Ramalho, que séculos depois viraria símbolo de time de futebol e ganharia um superlativo (Ramalhão), explica que se tornou índio e que andou pelado pelo Grande ABC. “Em Roma, vista-se como os romanos”, ele justifica.

Mas o mais importante do guia recém-lançado são os endereços. Quatro centenas deles. A maioria, infelizmente para quem sai pouco da região, situada em São Paulo. Há referência, no entanto, a alguns points do Grande ABC.

Caso você seja uma pessoa sofisticada, que preferiria ler esta reportagem em outra língua, o livro Sexy é bilíngue (no sentido explícito do termo) e traz também informações em inglês, esse esperanto que deu certo.

Tem ali um pouco de tudo: onde os garotos procuram as garotas; onde garotos e garotas procuram outros parceiros; beleza e cosmética; roupas e acessórios do tipo “vestida para matar”; prazeres da massagem; os pontos para gays, lésbicas e o restante da turma transgênera, além de muito mais.

Chuveiro erótico – O Diário percorreu alguns desses endereços na região e foi também em outros, que não estão no guia, mas deveriam estar, como sex shops iluminadas, coloridas e com sua clientela formada principalmente por mulheres. Tudo isso bem aqui na região.

Outras casas, como a tradicionalíssima Dreams, fincada há 12 anos em Santo André, destacam-se no guia. Não poderia ser diferente. A Dreams foi a primeira casa noturna da região a contar com chuveiro erótico. A modelo tomava banho em meio ao público, protegida por um boxe de acrílico. Nas despedidas de solteiro, o noivo – pobre coitado – acabava quase sempre empurrado, lançado pelos amigos para dentro do boxe. Era obrigado a tomar banho com a modelo. Até hoje, parece, nenhum noivo foi se queixar às autoridades. Só para registro, o chuveiro erótico ainda está lá e continua fazendo sucesso.

A Massagem Jardim, em Santo André, também consta no guia e é mais recente. Vai fazer dois anos de existência. São dez massagistas, em meio a um cenário invejável com direito a piscina, diversos ambientes, american bar. Tem cliente que pede apenas a massagem, outros ainda solicitam o relaxamento.

Entre as preferências de massagem, a tailandesa aparece como a preferida. Essa forma de contato é feita sem roupas. A massagista unta o cliente com óleo e passa seus seios sobre o corpo oleoso. Quem já experimentou garante que é como ser um convidado de honra no templo dos deuses.

Na Clínica Ali-Babá, em São Bernardo, uma tenda árabe domina o que seria a sala de visitas. A recepcionista Bia, uma morena alta, usando uma saia com uma fenda estratégica até o alto da coxa, assinala outra especialidade de massagem muito solicitada pela clientela: a four hands (quatro mãos), feita por duas massagistas contra um só cliente indefeso. Uma covardia.

Fama e fortuna – O que pensam essas massagistas da vida? Quem elas são e de onde vieram?

A massagista Paloma, 23 anos, veio de Natal (Rio Grande do Norte). Além de sustentar o filho de 5 anos e pagar as dívidas, Paloma vê em seu trabalho uma chance de se tornar uma celebridade. Ela quer ficar famosa. Custe o que custar, como aquela personagem da novela. “Nem que eu tenha de fazer filme pornô ou posar nua, eu quero é ser famosa.”

O sonho secreto de Paloma, para chegar lá, é ser uma das escolhidas para participar do programa Big Brother. Se um dia for parar na TV, Paloma sabe como atrair audiência e conquistar fama instantânea: “Eu ia ser a maior safada. Ia ficar com todos os caras.” Paloma garante que tem atributos para tanto: “Eu tenho a cara da Camila Pitanga. Sou morena, bonita e meu cabelo é cor de cereja”. Como diria o monge beneditino lá da Fazenda São Caetano: “Uau!”




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