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Grande ABC tem cada vez mais carros
Por William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
30/08/2009 | 07:00
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O Grande ABC está mais motorizado do que há dois anos, e a tendência é de aumento no número de carros em circulação. Entre 2007 e 2009, 140 mil veículos de passeio (automóveis e motos) entraram em circulação na região, um crescimento de 15,86%. Até maio, eram exatas 1.025.360 unidades.

O mesmo setor automobilístico que impulsionou a industrialização nesta parte do Estado de São Paulo apresenta agora um desafio a ser resolvido. A relação de veículo por habitantes aumentou 11,12% nos últimos dois anos, impulsionada pelo ganho de renda e acesso facilitado à compra de automóveis e, principalmente, motos.

Atualmente, São Caetano tem 1,64 habitante por veículo. Em uma comparação simples de uso de veículo, seria um jovem que, eventualmente, leva a namorada para jantar com um dos três carros da família. Na outra ponta está Rio Grande da Serra, a menos motorizada, com relação de um automóvel ou moto para cada 5,2 moradores - seria o pai de família que sai no domingo para almoçar com a mulher e três filhos.

Mas há uma tendência ao equilíbrio numérico. A menor entre as cidades do Grande ABC foi também aquela que viu entrar em circulação, proporcionalmente, o maior número de autos entre 2007 e 2009. Rio Grande da Serra ficou 17,39% mais motorizada nos últimos dois anos, um contraponto à rica São Caetano, com o menor incremento da região, de 9,97%.

MOTOS - O aumento no número de motocicletas é pouco mais de duas vezes maior que o da frota de veículos de passeio em geral. Em 2007, a região contava com 122.104. Dois anos depois, eram 164.336, um crescimento de 34,59% Mais poluidoras, elas têm também custos de recuperação de acidentados maior do que a de automóveis. Em suma, representam gasto excessivo para o poder público.

Motoristas não trocam transporte individual por coletivo

Evandro Enoshita

Motoristas do Grande ABC relutam em abandonar o meio de transporte particular em detrimento do transporte coletivo. Para eles, a comodidade e a privacidade do veículo particular não podem ser equiparadas pelo ônibus ou pelo metrô.

"Hoje, eu não trocaria o meu carro pelo transporte público, porque demoraria o dobro do tempo para fazer o trajeto entre a minha casa e o trabalho", destacou o aeroviário Paulo Rogério, 36 anos.

O estudante José Tarcisio prefere perder 40 minutos do seu dia parado no trânsito, a ter que enfrentar o transporte público. "Não troco o meu carro por um ônibus, por exemplo, porque o conforto do carro é inigualável."

Morador de São Caetano, o estudante de engenharia Rogério Fonseca ressalta que no transporte coletivo não conseguiria exercitar um de seus hobbies. "Passo mais ou menos uma hora por dia no trânsito, e nesse meio tempo fico escutando música e cantando dentro do carro."

No Corredor ABD, tráfego piora minuto a minuto

Sexta-feira, 17h02. Corredor ABD, em frente à Favela Naval. A motorista passa devagar, fala o nome, diz que andar por ali é sempre complicado e arranca em velocidade, aquela ainda possível naquele horário. É a psicóloga Lílian Miguel, 28 anos, trafegando sem muitos traumas, apesar da preocupação com o trânsito.

Nove minutos depois, a via começa a ficar mais congestionada e o motorista José Carlos Moura, 39, já consegue tempo para contar um pouquinho sobre a sua relação com o Corredor ABD. Diz que roda por ali desde 1992. "É sempre ruim e às vezes piora."

Às 17h28, carros passam devagar. Não andam mais na mesma velocidade de 15, 20 minutos atrás. Param, e o Diário tem tempo de sobra para conversar com a auxiliar de escritório Andréia Ribeiro, 36. Se não fosse pelo trânsito carregado, levaria 10 minutos do trabalho, em Diadema, à casa onde mora, na Vila Floresta, em Santo André. "Mas levo 45 minutos." Para ela, rotas alternativas são ineficazes e é por ali que tem que passar todos os dias.

Mais à frente, tem alguém que raramente pára. É o ambulante Severino Sales, o Grilo, 35 anos, há 13 no farol. Ele é o único que não reclama do trânsito infernal, sua fonte de sobrevivência.




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