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Entidade faz trabalho duplo em hospitais
Por Vivian Costa
Do Diário do Grande ABC
20/07/2009 | 07:00
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A AVCC (Associação Voluntária para Combate ao Câncer do ABC) faz trabalho duplo em hospitais da região. Os 300 voluntários, além de acompanhar pacientes em situação grave nas instituições, fornece todo tipo de insumo - medicamentos, próteses após a alta e até cesta básica - a quem não tem condições de pagar. Segundo a presidente da entidade, Clotilde Dib Martins, há cerca de 700 pacientes cadastrados, e são gastos cerca de R$ 7.000 em medicamentos por mês.

Entre os beneficiados está Raimunda Helena Pascoal, 37 anos, que vai a cada 21 dias buscar o remédio Vepesid para o filho de 15 anos que está com câncer no fêmur. "O remédio custa R$ 520 e com o salário mínimo do meu marido não dá para comprar. E nem posso trabalhar porque preciso ficar levando ele ao médico."

Neide Lopes dos Santos, 46, afirma que além da ajuda psicológica, a entidade fornece mantimentos. "Antes eu trabalhava como doméstica, mas tive de parar depois do câncer de mama. Meu marido ficou desempregado recentemente, e a cesta básica que recebo da AVCC ajuda a complementar nossa alimentação."

"Muitas vezes o paciente é o arrimo da família, e se ele não estiver bem, nada vai bem", explica Clotilde, que é voluntária há 15 anos. Para custear as doações, a AVCC promove eventos para arrecadar verba. "Também pedimos ajuda da comunidade, de amigos e conseguimos doações."

Estado não consegue suprir demanda

Por mais que o Estado distribuia medicamentos até de alto custo, isso ainda não é suficiente para atender a todos que precisam. E como a doença não entende a burocracia, a AVCC tenta atender os casos mais urgentes.

Segundo a presidente da entidade, Clotilde Dib Martins, muitas vezes o médico prescreve um remédio que não é distribuído pela rede pública e que o paciente não tem condições de comprar.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, se um paciente precisa de um remédio que não está na lista dos 428 distribuídos pela rede pública, ele pode solicitar a distribuição extraordinária.

Hélio Pinazowski, diretor executivo do Centro de Oncologia e Hematologia, reconhece que o Poder Público não tem condições de distribuir remédios para todos os pacientes. Por isso, ele acha muito importante o trabalho realizado pela AVCC. "Não podemos esquecer que há uma redução orçamentária que prejudica o sistema."

Programas - A rede pública gasta cerca de R$ 2 bilhões por ano em distribuição de medicamentos. Segundo secretaria de Saúde, todos os medicamentos são padronizados pelo Ministério da Saúde, com registros na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Um dos programas públicos é o de medicamentos de alto custo, que conta com 241 tipos de medicamentos. O gasto com esse serviço custa por ano cerca de R$ 1 bilhão. O Dose Certa, que distribui 67 medicamentos básicos, atende 250 mil pessoas no Estado de São Paulo.

Além disso, cerca de 400 mil pessoas, sendo 13 mil no Grande ABC, recebem medicamentos estratégicos, para combater doenças como hanseníase, turbeculose, Aids, diabetes entre outras.

Para voluntárias, trabalho é gratificante

Com o intuito de levar um pouco de esperança para as pacientes internados, cada voluntária da AVCC trabalha uma vez por semana. Mas, antes de exercer tal função, todos têm de passar por treinamento.

"Os voluntários têm de aprender a ouvir. Quem não tem o perfil consegue ficar no máximo dois, três meses", afirma a presidente da entidade, Clotilde Dib Martins.

Segundo Clotilde, muitos começam a trabalhar depois de terem casos de câncer na família e veem de perto as dificuldades. É o caso de Maria Candida Capato, 63 anos. "Resolvi virar voluntária depois que meu neto ficou internado", conta. "Quando a gente está trabalhando, a gente se doa por completo e esquece o mundo lá fora."

Maria Caldeira Brazão Loschiavo, 69, já é voluntária há oito anos. "É muito bom fazer o bem para os outros. A gente se revigora." Ela lembra que teve uma época de muitas baixas. "Confesso que balancei, mas com o tempo criamos uma casca e seguimos em frente."

Para a paciente Luzia Conceição Gonçalves, 56, o trabalho dos voluntários faz muito bem para todos. "Eles fazem com que nosso martírio seja menor, porque esquecemos da doença quando estão presentes."

Catarina Gagance, 77, afirma os pacientes sentem falta quando não há nenhuma atividade da AVCC no dia.




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