Cultura & Lazer Titulo Costa e Vasconcelos
Encontro histórico

O violonista gaúcho Yamandu Costa e o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos tocam juntos

Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
12/06/2008 | 07:00
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O violonista gaúcho Yamandu Costa e o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos iniciam nesta quinta-feira, às 21h, uma série de quatro apresentações no Teatro Fecap, em São Paulo. Durante a curta temporada, que termina no próximo domingo (dia 15), os dois medalhões da música instrumental brasileira gravam um CD, ainda sem previsão de lançamento. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

O repertório dos shows não está fechado, mas deve contar com clássicos como Brejeiro, do pianista e ícone do choro Ernesto Nazareth (1863-1934). Também pode incluir canções como Missionerita e Carnavalito, que marcaram a trajetória profissional do jovem e exímio instrumentista do Rio Grande do Sul. Quem for assistir ao encontro, que tem tudo para ser histórico, pode esperar por uma nova safra de composições da dupla, produzida especialmente para a ocasião.

Apesar do profissionalismo e do compromisso de gravar um disco - que pode ganhar registro em DVD -, a parceria ocorre em clima de total informalidade. Até anteontem, quando concederam entrevistas ao Diário por telefone, Yamandu e Naná não tinham se reunido para compor.

Entretanto, quem conhece a competência, a sensibilidade e a capacidade de improvisação dos dois sabe que eles não precisam de ensaios para brilhar. "Com a nossa vontade de fazer as coisas, vai ser muito fácil. A gente tem muita afinidade e se gosta muito", comenta Yamandu.

PARCERIA
O músico não esconde o respeito pelo parceiro e destaca que ambos planejam o encontro há cerca de quatro anos. "Fui tocar com ele no festival Rio das Ostras Jazz & Blues (realizado no município fluminense de Rio das Ostras). Depois, fizemos dois ou três shows esporádicos e pintou essa amizade", relembra Yamandu.

Segundo o violonista, a fusão entre suas influências sulistas e a sonoridade dos ritmos nordestinos, uma das especialidades de Naná, deve gerar resultados instigantes. "Ele traz essa coisa da música do Nordeste. É muito interessante a maneira como a gente trabalha os temas."
As dobradinhas musicais não são uma novidade para Yamandu. Em sua discografia, constam o álbum El Negro del Blanco (2004), gravado com o clarinetista Paulo Moura, e o recomendável disco Yamandu + Dominguinhos (2007). Além disso, ele dividiu os holofotes em espetáculos memoráveis com o mestre da guitarra baiana Armandinho.

Admirador da técnica refinada do virtuose gaúcho, o percussionista não economiza elogios ao amigo. "É um jovem extraordinário, que já gravou com muita gente e tem espírito de líder. Vai ser fácil, porque ele é muito habilidoso e gosta de improvisar. Por mais difícil que as coisas sejam, ele faz com que tudo pareça simples."

Extrovertido, Naná fala de uma maneira suave e esbanja simpatia. Pontua o final de cada frase com uma gostosa gargalhada.

BERIMBAU E VIOLÃO
Transitar por múltiplos campos musicais é uma característica marcante de Naná, que nunca teve medo de experimentações. Desde os anos 1960, demonstra intimidade com todos os instrumentos de percussão, especialmente o berimbau. Em seu currículo, traz diversas colaborações em trabalhos de violonistas.

Na década de 1970, gravou com Egberto Gismonti o antológico álbum Dança das Cabeças, composto por temas como Quarto Mundo # 1, Celebração de Núpcias, Porta Encantada e Águas Luminosas. O veterano se aventurou nas searas do rock e do jazz, e se apresentou ao lado de estrelas internacionais como o cantor Paul Simon e os lendários guitarristas Pat Metheny e B.B. King. "Fiz vários discos com guitarristas e sei que a guitarra se dá muito bem com percussão."

Yamandu Costa e Naná Vasconcelos - Show. Hoje, amanhã e sábado, às 21h. Domingo, às 19h. No Teatro Fecap - av. Liberdade, 532. Tel.: 3188-4149. Ingr.: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Bilheteria: de terça a sábado, das 14h às 21h; domingo, das 14h às 19h.




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