Como seria acordar e ver uma pessoa exatamente igual a você a todo momento? É assim que os gêmeos idênticos (ou univitelinos) se sentem. Mas nem todos amam dar de cara com seu reflexo o tempo todo. “Quando nos confundem é chato, principalmente quando quem troca as identidades são nossos pais”, admite Laiane Torres Vasconcelos, 16 anos, gêmea da Larisse.

Para as irmãs, até a 5º série, (atual 6º ano), ser gêmeas era megadivertido. “Nos vestíamos iguais e brincávamos muito juntas”, contam. Mas, com o passar do tempo, elas – que hoje cursam o Ensino Médio em Santo André – revelam que algumas vezes as piadinhas as incomodam e o fato de serem bem parecidas as irritam, apesar de ainda serem muito unidas. “Somos pessoas diferentes, mesmo não parecendo”, conta Laiane.

Como não há saída, o jeito é aproveitar o fato de serem gêmeas. “Quando preciso de uma foto 3x4 e não tenho, pego da minha irmã, e quando não quero experimentar roupa peço para ela vestir e vejo como fica. A mesma coisa vale para um novo corte de cabelo”, enumeram as garotas.

A personalidade é algo que também diferencia bem os irmãos do 9º ano Eduardo e Leonardo Assis Silva, 14, de São Bernardo. “Sou mais nervoso, agitado. Já o Leonardo é mais ‘na dele’. Sou palmeirense, ele é são-paulino.” Estudar em salas diferentes e terem grupos de amigos distintos ajudam a manter a individualidade de cada um. “A voz dele está mudando, está mais grossa, e nossos pais nos identificam por isso”, revela Leonardo.

Ao mesmo tempo em que Leonardo e Eduardo e Laiane e Larisse demonstram ser totalmente diferentes, os quatro nutrem o desejo de estar sempre juntos. “Queremos casar no mesmo dia, engravidar no mesmo período e morar muito perto”, admitem as meninas. No caso dos garotos de São Bernardo, não é diferente. “Mesmo querendo fazer Design e ele Construção Civil, nosso desejo é ficarmos sempre perto. Queremos construir uma casa onde toda nossa família viva junta”, diz Eduardo.

A vontade de ficarem unidos é reflexo da experiência compartilhada desde o útero. “Isso traz ligação profunda, o que não tira do indivíduo a vontade de traçar suas próprias características e firmar sua identidade. Isso independe dos irmãos serem gêmeos ou não”, explica Hélio Deliberador, professor do Departamento de Psicologia Social da PUC-SP.

Casal de gêmeos mantém individualidade com mais naturalidade

A convivência de casal de irmãos gêmeos é diferente. “Não somos tão ‘ligados’ assim, além disso, temos temperamentos opostos. Só dou risada e meu irmão é sério”, conta Alicia Mariana Kelen, 15 anos, gêmea de Matheus Augusto, ambos alunos do Colégio Ábaco, em São Bernardo. Ele admite, inclusive, que se dá melhor com o irmão mais velho, de 20 anos. “Acho que éramos mais ligados quando mais novos. Quando um ficava doente, o outro acabava tendo os mesmos sintomas”, conta Alicia.

Outro casal de irmãos, Marcelo Augusto Favero Pavan, 14, e Deborah Cristina, contam que apesar de terem personalidades distintas, eles se conhecem muito bem. “Conheço ele pelo olhar. Só de vê-lo já sei o que está pensando”, afirma Deborah.Para Marcelo, manter certa ‘distância’ é saudável. “Apesar de sermos gêmeos, somos menino e menina, por isso, cada um gosta de coisas diferentes, tanto que estudamos em salas separadas e, consequentemente, temos grupos de amigos diferentes”, explica Marcelo. Quando mais novos, os dois separavam os bichinhos de estimação. “Tínhamos dois gatos, dois cachorros e dois passarinhos para não ter briga”, enumera Deborah, que pretende se formar em Biomedicina e ele, em Administração.